O Estado Novo caracterizou-se
pela grande centralização política e econômica nas mãos do governo federal. Com
a nomeação de novos interventores, aliados ao regime, a autonomia dos estados e
municípios ficou ainda mais restrita. O corpo burocrático formado para assessorar
o governo era constituído principalmente por militares, que se tornaram
interventores, ministros, secretários de segurança e chefes de polícia.
Na economia, o Estado
brasileiro assumiu o papel de principal investidor da industrialização do
Brasil, além de estabelecer ações para garantir a exploração das riquezas
minerais do país.
Em 1938, um decreto criou o
Conselho Nacional do Petróleo, que estabilizou as estruturas de exploração e
refino de petróleo que já existiam no país, além de assumir o controle sobre a
distribuição d produto. Em 1941, com a ajuda norte-americana, Vargas criou a
Companhia Siderúrgica Nacional (CSN), cujo objetivo era tornar o país
autossuficiente na produção de aço.
Em 1942, foi criada a
Companhia Vale do Rio Doce, responsável por explorar as riquezas minerais do
território brasileiro, principalmente o ferro. A mineradora passou a ser a
principal fornecedora de matérias-primas para a CSN.
Inauguração da CSN por Getúlio Vargas |
O governo Vargas passou a
controlar, também, a ´produção e o comércio de gêneros agrícolas, principalmente
o café, que ainda era um importante produto da balança comercial brasileira. A
finalidade era evitar a superprodução e, com isso a queda do preço do produto
no mercado internacional.
Para regulamentar e
controlar a produção e a comercialização de gêneros agrícolas e extrativos, o
governo criou vários órgãos governamentais, como o Instituto Nacional do Mate
(1938), o Instituto Nacional do Sal (1940) e o Instituto Nacional do Pinho
(1941).
Getúlio Vargas concedendo direitos aos trabalhadores |
Durante o Estado Novo, o
governo Vargas manteve sua política de controlar o movimento operário, esvaziar
o sindicalismo independente e colocar-se como o mediador nas relações entre
patrões e empregados. Em 1941 foi decretada a Consolidação das Leis do Trabalho
(CLT), que unificou a legislação trabalhista existente até então. A CLT
estabeleceu: férias remuneradas, fixação de um salário mínimo nacional; jornada
diária de trabalho de 8 horas; licença-maternidade 6 semanas antes e 6 semanas
depois do parto; proibição do trabalho para menores de 14 anos.
Com a CLT, Vargas ganhou
muita popularidade entre os trabalhadores. Nos discursos do presidente, a
classe trabalhadora era frequentemente citada como exemplo de dignidade e
esperança para o país.
Apesar de garantido aos
trabalhadores direitos importantes, Vargas anulou pouco a pouco os canais
tradicionais de expressão, organização e mobilização. Os sindicatos, que
conseguiram manter uma relativa independência até 1935, ficaram submetidos ao
Estado. Delegados indicados pelo Ministério do Trabalho interferiam diretamente
na elaboração dos estatutos e na organização dos sindicatos.
As greves, de acordo com a
Constituição de 1937, foram consideradas incompatíveis com os interesses da
produção nacional. A partir daí, os trabalhadores que paralisassem suas
atividades seriam punidos de acordo com as medidas previstas na lei.
A dualidade que observamos
na política do governo em relação às questões trabalhistas – decretando leis
que beneficiavam os trabalhadores ao mesmo tempo que silenciavam os sindicatos
– também foi aplicada no terreno das artes e das manifestações culturais
produzidas no período. Se por um lado o governo perseguiu diversos artistas e
intelectuais contrários ao regime varguista, como o escritor Graciliano Ramos e
o jornalista Aparício Torelly, mais conhecido como Barão e Itararé, por outro,
realizou investimentos para a valorização do rádio, do cinema e do patrimônio
histórico nacional.
No início da década de
1930, as emissoras de rádio no Brasil só transmitiam música clássica, ópera,
noticiários e leitura de textos instrutivos. A partir de 1932, a permissão para
veicular propagandas transformou a programação do rádio, que passou a
transmitir conteúdos apreciados pelo público: músicas, esportes, humor e
utilidade pública. A permissão para transmitir anúncios comerciais abriu o
mercado a investidores, e várias emissoras foram criadas no período.
Reconhecendo sua
importância como meio de comunicação com o público, Vargas utilizou o rádio
para introduzir propagandas do seu governo durante a programação das emissoras.
Também criou, em 1938, o programa radiofônico Hora do Brasil, hoje chamado A
voz do Brasil. Diariamente e no mesmo horário, todas as emissoras de rádio
deveriam transmitir o programa, que apresentava realizações do governo e
pronunciamentos do presidente.
O cinema também recebeu
incentivos. Em 1939, uma lei determinou a exibição de pelo menos um
longa-metragem brasileiro por ano em cada sala de cinema do país. Produções
realizadas pelo governo também eram exibidas, como a série de documentários de
curta-metragem Cinejornal Brasileiro e os filmes criados pelo Instituto
Nacional do Cinema Educativo.
Com base em um projeto do
escritor Mario de Andrade, foi criado, em novembro de 1937, o Serviço do
Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (SPHAN). Com o objetivo de preservar
bens móveis e imóveis que tivessem especial significado para a história e a
memória brasileiras, o SPHAN esteve à frente do tombamento de conjuntos
arquitetônicos das cidades históricas de Minas Gerais e das ruínas jesuíticas de
São Miguel das Missões, hoje consideradas Patrimônio da Humanidade.
A decisão do governo Vargas
de unir o Brasil aos Aliados para combater o nazifascismo na Segunda Guerra
Mundial tornou insustentável a manutenção do regime varguista. Em primeiro
lugar, era uma contradição defender a democracia em uma guerra e manter, em
casa, uma ditadura. Segundo a insatisfação com o governo começou a crescer,
pois a entrada no conflito trouxe uma série de dificuldades para a população,
como o aumento dos preços e problemas de abastecimento.
O crescente
descontentamento favoreceu a organização dos opositores do governo.
Manifestações contra o Eixo acabaram se transformando em atos contra o Estado
Novo. Em outubro de 1943, uma carta aberta chamada de “Manifesto dos Mineiros”,
foi redigida por intelectuais de Minas Gerais e passou a circular de maneira
clandestina, sendo posteriormente publicada na imprensa. No documento, membros
da elite liberal de Minas Gerais defendiam o fim da ditadura do Estado Novo e a
redemocratização do país.
Pressionado pelas campanhas
por democracia e pela legalização dos partidos políticos, Vargas anunciou, em
abril de 1945, a anistia aos presos políticos, como Luís Carlos Prestes. No mês
seguinte foi decretado o Código Eleitoral, que determinava a data para a
realização das próximas eleições: 2 de dezembro. Em seguida, Vargas extinguiu o
DIP.
Eurico Gaspar Dutra |
Com a legalidade dos
partidos, entraram na corrida presidencial a UDN (União Democrática Nacional),
partido oposicionista que lançou como candidato o brigadeiro Eduardo Gomes; o
PSD (Partido Social Democrático) e o PTB (Partido Trabalhista Brasileiro),
ambos ligados a Vargas, que compunham a chapa do general Eurico Gaspar Dutra; e
o PCB (Partido Comunista Brasileiro), que lançou o candidato Yedo Fiúza.
Antes da eleição, porém, um
movimento popular, conhecido como queremismo, tomou as ruas de várias cidades
do país, reivindicando a permanência de Getúlio no poder. O movimento
queremista, no entanto, acabou fortalecendo a oposição udenista, que tinha
relações mais estreitas com os militares. Em outubro, Getúlio Vargas foi
forçado pelos militares a renunciar, e o poder foi assumido provisoriamente
pelo presidente do Supremo Tribunal Federal, José Linhares, até as eleições.
Movimento popular exigindo a permanência de Getúlio Vargas na Presidência da República |
Apesar de tudo indicar que
o brigadeiro Eduardo Gomes fosse o vencedor, o ex-ministro da guerra de Vargas,
general Dutra, foi vitorioso a vitória nas eleições. Getúlio Vargas foi eleito
senador pelo Rio Grande do Sul, na legenda do PSD.
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