quinta-feira, 22 de fevereiro de 2018

A marcha da colonização na América Portuguesa


Em 1627, Frei Vicente do Salvador escreveu que os portugueses pareciam caranguejos, pois ficavam apenas “arranhando as costas brasileiras”. De fato, até o final do século XVI, a população luso-brasileira vivia no litoral. Na época, a locomoção pelo interior era difícil. Além disso, os indígenas ofereciam dura resistência à ocupação de suas terras.
A partir de então, essa situação começou a mudar: a colonização avançou tanto para o interior quanto para o litoral. Esse avanço se deveu à ação dos soldados, dos bandeirantes, dos jesuítas e dos criadores de gado.

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Frei Vicente Salvador.
Desde o início da colonização, piratas franceses, ingleses e holandeses atacavam o litoral brasileiro levando daqui o pau-brasil e outras riquezas da terra; muitas vezes esses piratas se aliavam a grupos indígenas. Na região onde hoje é a Paraíba, por exemplo, os franceses mantinham estreita ligação com os Potiguara.
Durante a União Ibérica a pirataria no litoral brasileiro se intensificou, pois os inimigos da Espanha também passaram a atacar o Brasil. Para combater a pirataria, foram enviados ao litoral do Brasil soldados portugueses e espanhóis. Esses soldados ergueram fortes e povoados que estão na origem de várias capitais brasileiras.
No início da colonização, o governo português preocupou-se em organizar ENTRADAS: expedições oficiais que, partindo do litoral brasileiro, entravam pelo sertão à procura de ouro e pedras preciosas. As entradas, porém, tiveram pouco sucesso.
Já as BANDEIRAS eram expedições particulares que saíam geralmente de São Paulo com o objetivo de capturar índios e achar ouro e pedras preciosas.

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Bandeirantes e o apresamento de indígenas. 

O povoamento que mais tarde veio a ser a vila e depois a cidade de São Paulo teve um crescimento lento. Em 1600, enquanto Olinda, em Pernambuco, progredia graças ao açúcar, a vila de São Paulo era um lugar pobre; tinha apenas 150 casas, habitadas por 1500 pessoas que plantavam milho, mandioca e trigo e criavam porcos e galinhas para sobreviver.
A solução para a pobreza estava no sertão, pensavam os paulistas daquela época. Por isso, decidiram organizar BANDEIRAS. Houve bandeiras com vinte ou trinta homens apenas, e outras com mais de dois mil. Uma grande bandeira era formada por um ou dois sertanistas experientes, alguns jovens de origem portuguesa, vários mamelucos e centenas de índios, usados como guias, cozinheiros, guerreiros e carregadores.
Considera-se que houve três tipos principais de bandeirismo: caça ao índio, busca de ouro e diamantes, e sertanismo de contrato.
Desde o início, os paulistas prenderam e escravizaram índios. A partir de 1620, porém, com o crescimento das plantações de trigo em São Paulo, aumentou muito a procura por trabalhadores na região. Então, os paulistas organizaram grandes bandeiras de caça ao índio. Para conseguir muitos índios de uma só vez, atacavam as MISSÕES provocando grande mortandade e destruição.

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Missão dos padres jesuítas.

As principais bandeiras de caça ao índio, chefiadas por Antônio Raposo Tavares, destruíram em apenas dez anos (1628-1638) as missões de Guairá (Paraná), Itatim (Mato Grosso do Sul) e Tape (Rio Grande do Sul).
Desde cedo, os bandeirantes encontraram pequenas quantidades de ouro no leito dos rios. No século XVII, uma crise econômica levou o rei de Portugal a escrever aos bandeirantes para que procurassem ouro e pedras preciosas no sertão. Em 1674, Fernão Dias Pais partiu de São Paulo em direção ao sertão mineiro, onde, alguns anos depois, pensou ter encontrado esmeraldas; mas se enganou; eram turmalinas, pedras verdes sem nenhum valor econômico.

O feudalismo


Após a desintegração do Império Carolíngio, reis e senhores continuaram a utilizar a vassalagem para obter ajuda administrativa e militar. A aliança firmada entre dois senhores se estabelecia em uma cerimônia conhecida como HOMENAGEM. Nessa cerimônia, ocorria um juramento de fidelidade entre o vassalo, que recebia o benefício, e o suserano, que fazia doação. O benefício poderia ser cavalos, armas, joias, o direito de cobrar taxas e, principalmente, terras. A partir do século XI, o benefício passou a se chamar FEUDO, que significa “bem doado em troca de algo”, daí a origem do termo FEUDALISMO.
O suserano tinha a obrigação de proteger o vassalo, que, em troca, o aconselhava sobre diversos assuntos e lhe prestava auxílio econômico e militar. Os vassalos que recebiam os feudos se tornavam SENHORES FEUDAIS. Com o tempo, os próprios vassalos passaram a doar benefícios a outros aristocratas e se tornaram senhores de seus vassalos.
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Imagem dos Senhores Feudais.
Os senhores dos feudos territoriais passaram a exercer funções que até aquele momento cabiam ao rei: em seus domínios, impunham taxas e obrigações aos camponeses, elaboravam leis, julgavam os crimes, cunhavam moedas e mobilizavam exércitos para defender seus territórios. Assim, o poder político, antes centralizado nas mãos do rei, ficou fragmentado em vários feudos.
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Cerimônia de juramento dos vassalos 
Em caso de falecimento do suserano ou do vassalo, o juramento de fidelidade era renovado entre os primogênitos do sexo masculino das famílias envolvidas. Caso não houvesse descendentes do sexo masculino, o benefício retornava ao suserano. Se a mulher de um vassalo ficasse viúva, o suserano escolhia um marido para ela e o tornava tutor dos bens da família.
A sociedade estava dividida em três ordens, ou seja, em três grupos sociais com diferentes funções, estabelecidas pela vontade de Deus. Os integrantes do CLERO, por meio de suas orações, seriam responsáveis pela salvação dos homens. Os ARISTOCRATAS ou senhores deveriam proteger a população com armas, e os TRABALHADORES eram encarregados de garantir o sustento de toda a sociedade.
O CLERO era formado por dois grupos: o clero secular e o clero regular. O primeiro vivia em contato com os fiéis, ensinava o Evangelho e cuidava dos bens da Igreja. Na base da hierarquia do clero secular estava o pároco; no topo, estava o papa. Os integrantes do clero regular viviam em mosteiros, isolados do mundo, e seguiam uma vida regrada pela oração e pela penitência. Eram os monges, que também, que também se dedicavam a copiar e estudar obras da Antiguidade pagã e cristã.
Os ARISTOCRATAS eram os senhores feudais. Entre eles também havia uma hierarquia: no topo estava o rei; abaixo, vinham os duques, os condes e os marqueses. Eles formavam a verdadeira nobreza feudal, que em geral descendia dos antigos servidores de Carlos Magno. Abaixo deles estavam os viscondes e os barões. Os aristocratas se mantinham com as taxas cobradas dos camponeses pelo uso das terras. Viviam em castelos fortificados, protegidos por cavaleiros. Em seus domínios, os senhores tinham poder para criar leis e garantir sua aplicação.

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Pirâmide social do período do Feudalismo.

      No campo, onde residia a maior parte da população, havia três tipos de trabalhadores: os servos, os vilões e os escravos.
Os SERVOS eram camponeses ligados à terra, o que significa que eles não podiam abandonar a propriedade em que viviam nem podiam ser expulsos dela. Os servos deviam pagar taxas ao senhor pelo uso da terra e pela proteção recebida. As taxas eram pagas em trabalho ou em produtos.
Uma dessas taxas era a CORVEIA, paga em forma de trabalho não remunerado no terreno exclusivo do senhor. Outra era a TALHA, pela qual o servo era obrigado a entregar ao senhor parte do que era produzido nas terras servis. Além disso, para usar os moinhos, fornos e celeiros, os servos tinham que pagar as BANALIDADES, entregando parte do que produziam ao senhor.

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Os VILÕES eram camponeses livres, às vezes proprietários de pequenos lotes de terra, de onde tiravam seu sustento. Com o tempo, as pressões dos grandes senhores e a insegurança causada pelas invasões externas levaram os vilões a se colocarem sob a proteção dos senhores.
Os ESCRAVOS pertenciam ao senhor, ao contrário dos servos. A escravidão era uma herança romana que aos poucos perdeu espaço para a servidão. Os escravos que permaneceram trabalhavam nos domínios do senhor, executando tarefas domésticas.
Para garantir o domínio sobre suas terras e sobre os camponeses, os senhores utilizavam a força militar. Os camponeses, porém, resistiam fugindo para as cidades, promovendo revoltas ou apelando à justiça contra medidas senhoriais abusivas e serviços exigidos pelo senhor.

Estudar história


         Você gosta de estudar história? Tem interesse em conhecer o passado da sua família? Acha importante conhecer a história da sua cidade? Já parou para pensar sobre a origem do nome da sua escola?
         Na Grécia Antiga, a palavra HISTÓRIA foi utilizada inicialmente com o sentido de uma investigação sobre os acontecimentos. Naquela época, o historiador era um indivíduo que registrava os acontecimentos do presente. Mais tarde, as pessoas começaram a utilizar esses registros como meio de conhecer a vida dos seus antepassados.
         A história estuda os acontecimentos que marcaram a trajetória da espécie humana desde os tempos primitivos. PINTURAS RUPESTRES, objetos de cerâmica, ferramentas, utensílios domésticos e outros ARTEFATOS são registros que testemunham o que nossos ancestrais pensavam, faziam e sentiam.
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Pinturas rupestres
Por meio desses artefatos, o historiador identifica as mudanças e permanências que marcam a vida das sociedades. Por exemplo, a chegada do trem e do automóvel tornou as viagens mais rápidas; a televisão, mais tarde, agilizou as comunicações e ofereceu ao público um veículo de informação e de entretenimento fascinante. O computador e a internet, mais recentemente, permitiram reunir todo tipo de informação numa rede mundial de comunicação. O novo, porém, não eliminou o antigo. O rádio convive com a televisão e o computador, assim como os trens convivem com os automóveis.
Como um detetive, o historiador procura pistas sobre determinado assunto nos registros escritos, nas pinturas de época, nos objetos, nas cartas, nos monumentos; faz entrevistas, visita museus, bibliotecas, etc. Enfim, realiza um cuidadoso trabalho de pesquisa. Ele reúne esses materiais, interpreta-os e produz um texto com as conclusões a que chegou.

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Equipe de historiadores
Os documentos escritos são, talvez, os mais estudados pelos historiadores. Podem ser manuscritos, cartas, diários, registros contábeis, obras literárias etc. Eles, porém, não são as únicas pistas utilizadas nos estudos de história. Muitos povos, como os grupos indígenas da Amazônia de 500 anos atrás ou os aborígenes da Austrália, não conheciam a escrita e, portanto, não deixaram documentos escritos. Mesmo assim essas sociedades “fizeram história”, deixando outros vestígios que podem ser valiosos para os estudos da história.
O historiador, então, deve contar com outras fontes para realizar seu estudo, principalmente as que fazem parte da CULTURA MATERIAL. São elas: móveis, estátuas, restos de moradia, objetos de uso doméstico, roupas, ornamentos, entre muitas outras. O historiador também pode estudar os REGISTROS ICONOGRÁFICOS, que são vestígios em forma de imagens, como fotografias, desenhos e pinturas. Além deles, há REGISTROS SONOROS, como músicas, discursos e depoimentos, gravações de programas radiofônicos etc. Filmes e peças de teatro, que reúnem textos, imagem e som, também são considerados importantes fontes históricas.

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Os relatos orais também são importantes fontes históricas. O historiador pode entrevistar pessoas que viveram no período que ele está pesquisando ou ouvir gravações desses testemunhos e, depois, confrontar as lembranças do entrevistado com outros documentos disponíveis para o estudo. Os testemunhos orais ligam o passado e o presente por meio de lembranças e, por isso, são bastante utilizados nos estudos de história.
Hoje em dia, existem vários acervos que recolhem e guardam centenas de horas de entrevistas de depoimentos, como o MUSEU DA IMAGEM E DO SOM do Rio de Janeiro e o CENTRO CULTURAL SÃO PAULO. O MUSEU DA PESSOA, instituição virtual, registra e preserva histórias pessoais, disponibilizando-as na internet.
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Na sua casa ou na casa de algum parente seu existe algum objeto tratado como relíquia de família? É muito comum as pessoas guardarem objetos que pertenceram aos seus antepassados. Na maioria das vezes, esses objetos são considerados patrimônio de família.
Além dos objetos relacionados à história de uma família, existe bens que são importantes para a cultura de um povo. Eles são chamados de PATRIMÔNIO HISTÓRICO. Esses bens podem ser materiais, imateriais e naturais.
No Brasil e em diversos outros países existem instituições públicas e particulares que foram criadas para preservar o patrimônio histórico. A UNESCO (Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura) é um organismo internacional que atua na defesa da herança natural, histórica e cultural dos povos. No Brasil, o IPHAN (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico e Nacional) trabalha permanentemente para proteger e recuperar os bens culturais de nosso país.
Para garantir a integridade de um bem cultural e impedir que ele seja destruído, descaracterizado ou danificado, esse bem pode ser TOMBADO. O tombamento é uma medida de proteção que garante o valor artístico, histórico, cultural, científico ou afetivo de um patrimônio.

O governo democrático de Getúlio Vargas

Eleição de Getúlio Vargas - 1950               "Bota o retrato do velho outra vez... bota no mesmo lugar". Assim começava a marchi...