sexta-feira, 2 de dezembro de 2016

Prova com gabarito 1º Ano - Escola Estadual Monsenhor Rocha

           ESCOLA ESTADUAL “MONSENHOR ROCHA”

        Santa Bárbara do Leste – Minas Gerais
Verificação de aprendizagem
                   Disciplina: História-Valor: 08 pts. Data: __/__/ 2016
Aluno(a):___________________________ Nº ____ Turma: 1º ano: __  Turno: Matutino

As civilizações pré-colombianas que se desenvolveram na região da Mesoamérica (onde hoje está parte do México, Guatemala, El Salvador, Honduras, Nicarágua) – civilização asteca e civilização maia – foram consideradas bastante avançadas para os europeus que com elas travaram o primeiro contato.

1. Aponte a alternativa abaixo que contenha alguns dos aspectos definidores desta característica de “civilização avançada”:
A. (   ) Astecas e maias possuíam uma sofisticada tecnologia de navegação ultramarina que possibilitou a exploração das regiões litorâneas da América do Sul.
B. (X) As grandes cidades destas civilizações, como Teotihuacán, possuíam um grande sistema de infraestrutura, tendo desenvolvido grandes templos, grandes vias e praças para comércio e comportavam até mais de 100.000 habitantes dentro de seus domínios.
C. (    ) Astecas e maias não faziam sacrifícios cruentos (morte de pessoas ou animais), pois já havia entre essas civilizações um avançado sistema religioso, como o Cristianismo e o Budismo.
D. (    ) Essas duas civilizações tinham em comum o fato de possuírem um sofisticado sistema astronômico e um exímio domínio da pólvora.
E. (    ) As cidades pré-colombianas da Mesoamérica não tinham templos grandiosos, pois haviam concebido um tipo de estado laico, com administração burocrática isenta de interferências religiosas.

"Os guerreiros constituíam um dos grupos mais importantes na civilização asteca. No início, eram escolhidos entre os indivíduos mais corajosos e valentes do povo. Com o tempo, entretanto, a função de guerreiro começou a ser passada de pai para filho, e apenas algumas famílias, privilegiadas, mantiveram o direito de ter guerreiros entre os seus membros."

2. O texto faz referência à sociedade asteca, no século XV, a qual era:
A. (X) Guerreira e sacerdotal, formada de uma elite política que governava com tirania a massa de trabalhadores escravos negros.
B. (    ) Igualitária e guerreira, não conhecendo outra autoridade senão a sacerdotal, que também era guerreira.
C. (    ) Comunal, com estruturas complexas, sendo dirigida por um Estado que contava com um aparelho administrativo, judiciário e militar.
D. (    ) Hierarquizada e guerreira, visto que o Imperador era, ao mesmo tempo, o general do exército asteca e o sumo pontífice sacerdotal.
E. (    ) Igualitária, guerreira e sacerdotal: todo guerreiro era um sacerdote e todo sacerdote era um guerreiro.

3. A civilização maia, floresceu na região que hoje corresponde ao(s):
A. (    ) Uruguai, Argentina e sul do Chile.
B. (    ) Paraguai e Bolívia.
C. (    ) Brasil e Venezuela.
D. (X) Norte de Guatemala, Honduras e sudeste do México.
E. (    ) Andes peruanos.

4. Os "índios" encontrados pelos espanhóis ao "descobrirem" a América formavam um contingente numeroso com características culturais variadas, tais como:
I - a maioria era constituída de grupos tribais em estágios diversos de desenvolvimento - nômades ou sedentários;
II - Astecas e Incas constituiam verdadeiras civilizações, com estruturas políticas e sociais complexas;
III - no caso dos Maias, a sedentarização possibilitou a constituição de uma sociedade agrícola e o surgimento de cidades;
IV - predominavam as comunidades de guerreiros, que dividiam com os sacerdotes a posse das melhores terras. Assinale se estão corretas apenas:
A. (    ) I e II
B. (    ) II e III
C. (    ) I e IV
D. (X) I, II e III
E. (     ) I, III e IV

5. Observe as imagens, que pertencem ao manuscrito de um cronista inca, "Guaman Poma de Ayala" (1526-1614).
Resultado de imagem para CHARGES DOS INCAS AGRICULTURA

Leia as afirmações seguintes, a respeito dos incas.
I. Praticavam a agricultura da batata.
II. Utilizavam arado de tração animal.
III. Homens e mulheres trabalhavam nas atividades agrícolas.
IV. Tinham calendário agrícola, respeitando épocas de plantar e colher.
V. Tinham uma escrita própria, desenvolvida desde o século XIV. Estão corretas as afirmações:

A. (    ) I, II e III, apenas.
B. (    ) I, III e IV, apenas.
C. (    ) II, IV e V, apenas.
D. (X) I, III, IV e V, apenas.
E.  (    ) I, II, III, IV e V.

6. Sobre os índios brasileiros marque a opção correta.
A. (    ) Falavam várias línguas, escreviam e liam corretamente.
B. (    ) Habitavam todo o território brasileiro.
C. (    ) Viviam somente no interior do Brasil.
D. (X) Viviam da caça, da pesca e da coleta.

Leia o trecho abaixo. Uma das civilizações mais brilhantes que se desenvolveu na América, anteriormente à conquista espanhola, foi a dos maias, que floresceu e encontrou seu declínio entre os séculos IV e XVI. À época da chegada dos espanhóis, esta civilização já apresentava evidentes sinais de decadência, tendo sido completamente arrasada no início do século XVI.

7. Sobre a civilização maia, é INCORRETO afirmar:
A. (    ) Os maias organizavam-se em cidades–Estado como Palenque e Tical.
B. (X) A chegada dos espanhóis levou a civilização maia à decadência.
C. (    ) A sociedade maia era estamental e rigidamente estratificada.
D. (    ) A civilização maia se desenvolveu na Península de Yucatán. 

Os astecas sacrificavam prisioneiros de guerra para alimentar seus deuses. O capturado tinha seu coração arrancado, era decapitado e tinha seu sangue bebido pelo captor que, depois, levava o corpo para casa, esfolava-o, comia-o com milho e vestia sua pele.

Resultado de imagem para sacrificio humano DOS ASTECAS

8. É correto afirmar que estes rituais no mundo dos astecas eram de ordem simbólica, uma vez que:
A. (    ) Os vencidos deveriam pagar um tributo de sangue aos astecas, que viam a si próprios como deuses.
B. (    ) Os sacerdotes astecas exigiam oferendas de sangue para que não faltasse alimento em seus templos.
C. (X) Um grande número de sacrifícios representava um reforço do abastecimento alimentar, evitando a carestia
D. (    ) O captor do prisioneiro se vingava do inimigo, comendo suas carnes e vestindo sua pele.
E. (    ) Os deuses exigiam oferendas do bem mais precioso que os homens possuíam, a vida, para que o mundo fosse preservado.

9. Associe a prática da guerra com o ritual antropofágico realizado pelos índios brasileiros.

R: As guerras entre as comunidades indígenas aconteciam com a finalidade de obter prisioneiros para a realização do ritual de antropofagia. 

10. Entre os indígenas era comum a prática da poligamia, isto quer dizer que eles:
A. (    ) Comiam carne humana em rituais antropofágicos.
B. (X) Casavam com mais de uma pessoa ao mesmo tempo.
C. (    ) Dançavam e cantavam nos rituais funerários.
D. (    ) Escolhiam o chefe da tribo pela coragem.

Os primitivos habitantes do Brasil foram vítimas do processo colonizador. O europeu, com visão de mundo calcada em preconceitos, menosprezou o indígena e sua cultura. A acreditar nos viajantes e missionários, a partir de meados do século XVI, há um decréscimo da população indígena, que se agrava nos séculos seguintes.

11. Os fatores que mais contribuíram para o citado decréscimo foram:
A. (    ) A captura e a venda do índio para o trabalho nas minas de prata do Potosí.
B. (    ) As guerras permanentes entre as tribos indígenas e entre índios e brancos.
C. (    ) O canibalismo, o sentido mítico das práticas rituais, o espírito sanguinário, cruel e vingativo dos naturais.
D. (    ) As missões jesuíticas do vale amazônico e a exploração do trabalho indígena na extração da borracha.
E. (X) As epidemias introduzidas pelo invasor europeu e a escravidão dos índios.

terça-feira, 29 de novembro de 2016

Consciência Negra - Escola Estadual Monsenhor Rocha












































Sociedades pré-colombianas

Ø Os Maias

Em 700 a.c., aproximadamente, uma importante sociedade surgiu na península de Yucatan, situada na América do Norte e a América Central: a dos Maias. Durante o período de sua formação, essa sociedade herdou vários elementos das culturas dos povos que habitavam a região, como os Olmecas. Por volta de 317 de nossa era, os maias já ocupavam extensas regiões do que conhecemos hoje como o México, Honduras e Guatemala.
Resultado de imagem para ruinas maias
Ruínas maias - Honduras
A sociedade maia destacou-se, entre outros aspectos, por uma forma de organização política original: ela se desenvolveu em torno de centros urbanos autônomos, ligados por uma relativa unidade cultural, sem no entanto constituir um império centralizado. O período áureo dessa sociedade ocorreu entre 1000 e 1400. Nessa fase, o centro da península de Yucatan foi ocupado por outro povo, os toltecas, que aí fundou a cidade de Chichén Itzá. Essa ocupação acabou resultando na fusão das culturas maia e tolteca.
Extremamente religiosos, os maias construíam suas cidades em volta de um núcleo formado por templos, pirâmides e palácios. Nas proximidades desse núcleo, ficavam as casas das pessoas mais ricas.
Temidos e respeitados, os sacerdotes, por sua vez, desempenhavam funções particularmente importantes: presidiam cultos e as cerimônias religiosas e dirigiam toda a vida intelectual da sociedade. Entre eles havia astrônomos, matemáticos, adivinhos e administradores. A estrutura social se caracterizava pela existência de camadas rigidamente separadas, entre as quais não havia mobilidade social.
            Sabe-se que os maias criaram uma espécie de escrita hieroglífica, mas seus manuscritos foram quase todos destruídos durante a conquista espanhola. Restaram apenas alguns tratados sobre a astronomia, astrologia e ritos religiosos. Sabe-se também que, após a conquista, os nativos redigiram algumas crônicas em língua espanhola, preservando parte da tradição maia.
            Indiscutivelmente, os maias foram notáveis em diversos campos do saber, mas dois aspectos chamam a atenção ao estudarmos essa sociedade. Eles não utilizavam nenhum animal de tração ou montaria – por isso os meios de transporte e os trabalhos pesados dependiam da força humana – e desconheciam a roda e o torno, o que restringia sua ação sobre a natureza. Essa limitação, contudo, não impediu que construíssem uma das mais avançadas sociedades da América pré-colombiana.

Ø  Os Astecas

Os astecas viviam originalmente no noroeste do México atual. No século XIV da nossa eram, provavelmente por terem sido expulsos de seu território por povos inimigos, eles foram obrigados a se deslocar para o planalto central do México. No novo espaço, tornaram-se agricultores, sem perder os hábitos guerreiros, pois se viam constantemente envolvidos em disputas com as populações vizinhas pelas reservas de água potável e pelas áreas de cultivo.
     As disputas com outros povos pela posse do território e a necessidade de realizar obras para a prática da agricultura, como a drenagem dos pântanos, conduziram, aos poucos, à concentração do poder em três das principais cidades da região: Texcoco, Tlacopán e Tenochitlán. Essas cidades controlavam diversos povos que habitavam as áreas situadas entre o golfo do México e o oceano pacífico e recebiam tributos das populações subjugadas. Por volta de 1440, quando teve início o governo de Montezuma em Tenochtitlán, estima-se que esse verdadeiro império somava-se cerca de 15 milhões de habitantes.

Resultado de imagem para tenochtitlán a capital asteca
Ilustração da cidade de Tenochtitlán,  capital do império Asteca. 

Entre os astecas, a autoridade máxima era exercida por um soberano. Também poderosos devido às guerras constantes, os militares ocupavam posição de destaque na hierarquia social.
No topo da organização social ficavam os sacerdotes e os dignitários civis e militares. Eles formavam a aristocracia. Os sacerdotes, por exemplo, presidiam os cultos religiosos e tinham sob sua responsabilidade a educação dos filhos dos dignitários nos calmecac, a direção dos hospitais, a guarda dos livros sagrados e dos manuscritos históricos. Graças às doações recebidas dos soberanos e de particulares, não raro eles acumulavam grandes riquezas. Além do prestigio social de que desfrutavam, não pagavam impostos e, às vezes, integravam voluntariamente o exército.
O soberano era eleito, sempre numa mesma família, por um conselho de cem membros controlados por militares e sacerdotes. Atribuía-se a ele origem divina e esperava-se que prestasse homenagem aos deuses e protegesse a população, orientando-a moralmente – por exemplo, contra a embriaguez e o roubo. O soberano era auxiliado por uma espécie de chefe de governo e por uma hierarquia de funcionários.
Além do milho, consumido em forma de massa sobre a qual se aplicava uma pasta de feijão e pimenta amassados, os astecas alimentavam-se de abóbora, batata e inhame. Faziam uso de tabaco sob a forma de charuto ou cachimbo e, em certas ocasiões, ingeriam o octli, um líquido fermentado à base de suco de agave. Também cultivavam o cacaueiro, de cujos frutos extraíam uma bebida chamada xocoatl, que daria origem ao chocolate como o conhecemos hoje.
Como os demais povos pré-colombianos, os astecas também eram politeístas. Seus deuses consistiam em forças da natureza, geralmente identificadas com os astros. Eles acreditavam no mito de que, sem o sangue humano (a “água preciosa”) oferecido ao sol, a engrenagem do mundo deixaria de funcionar. Por isso, procuravam manter um “estoque” de prisioneiros destinados aos sacrifícios. Essa era uma de suas justificativas para a guerra. Eles achavam que, depois de morto, o sacrificado ia morar no céu, nas vastas salas da Casa do Sol, para onde também eram conduzidos os guerreiros mortos em combate.
Também foi a crença na volta de certos deuses que fez com que os astecas vissem sem desconfiança a chegada dos espanhóis, um povo que, recebido com cordialidade, acabaria destruindo seu império.

Ø  Os Incas

Os incas apareceram tardiamente na história dos povos andinos. É possível que eles fossem um dos grupos que compunham o povo quíchua, cujo idioma era falado numa ampla região dos Andes. Mas sabe-se que, no século XII, eles viviam ao redor de Cuzco. A tradição inca atribuía a um de seus ancestrais, Manco Capac, o papel de fundador do Império. Ele e seus sucessores passaram a adotar o título de Inca, nome de uma antiga divindade andina.
Resultado de imagem para incas
Ruínas da Cuzco - capital do império Inca
Os incas tinham um governo forte e centralizado. A sucessão no poder se dava na família do governante, mas o herdeiro não era necessariamente filho do Inca, e sim o parente considerado mais capaz para assumir o cargo. Por isso, ao final de cada governo, havia grande disputa entre os herdeiros. Uma vez vitorioso, o novo Inca comparecia ao Templo do Sol, onde era entronizado. Investido de poderes exclusivos, ninguém podia encará-lo.
O Império contava com uma vasta rede de estradas e pontes, cuja extensão chegava a 16 mil quilômetros. Em determinados pontos dessa rede havia estabelecimentos, os tampu, que serviam simultaneamente de postos de correio, de centros de produtos artesanais e de armazéns. O Império também era dotado de um eficiente serviço de comunicações, que permitia não só receber ou enviar informações com rapidez, mas também deslocar tropas com relativa velocidade para qualquer parte do território.
A agricultura, principal atividade econômica, dependia em boa parte dos terraços construídos nas encostas da cordilheira e de um sistema de canais para transportar água de fontes localizadas, muitas vezes, a quilômetros de distância. Os Incas cultivavam mais de quarenta espécies vegetais, entre elas, abóbora, vagem, algodão, milho, batata, amendoim e abacate.
A escravidão não era praticada entre os incas, mas havia os chamados “dependentes perpétuos”, ligados aos curacas e ao Inca. Eles não podiam ser trocados ou vendidos, como os escravos, e tinham importância econômica secundária. Ao lado disso havia a mita, uma antiga obrigação de prestar trabalho ao curaca e aos deuses locais, revestida de caráter religioso. Depois da formação do império Inca, essa obrigação passou a ser prestada também ao Inca, o Filho do Sol.
A mita recaía sobre todas as pessoas casadas, que deveriam cuidar das terras e dos rebanhos do Inca e ainda desempenhar as funções que lhes fossem designadas: no exército, nas oficinas de trabalhos artesanais, na construção e manutenção de estradas, pontes e edifícios.

Ø  Os povos indígenas brasileiros

Os primeiros habitantes que os portugueses encontraram ao desembarcar em terras americanas adotaram, em geral, uma atitude amistosa em relação aos conquistadores. Estes, ao perceber que eles falavam entre si línguas parecidas e tinham certos hábitos semelhantes, chamaram os indígenas de tupis.
Os portugueses não sabiam, no entanto, que os tupis não eram um só grupo, mas englobavam numerosos povos, com grande diversidade cultural e religiosa. Foi exatamente com esses indígenas do litoral que os portugueses mantiveram maior contato e aprenderam as primeiras regras de sobrevivência no continente que então começavam a explorar.
Os tupis se organizavam em tribos compostas de unidades menores, as aldeias, que mantinha entre si interesses comuns. Além disso, a divisão do trabalho era feita de acordo com o sexo e a idade. As mulheres, além dos afazeres domésticos, ocupavam-se da agricultura e da coleta e colaboravam na pesca. Encarregavam-se de preparação do cauim – bebida fermentada à base de mandioca – e de muitas atividades artesanais, como tecer redes, trançar cestos, fazer tapetes etc.
Além da derrubada da mata e da preparação da terra para o plantio, os homens ocupavam-se da caça, da pesca e do fabrico de canoas, armas de guerra e instrumentos de trabalho. Deviam erguer as habitações, defender a aldeia, tomar parte na guerra e executar os prisioneiros, se sua tribo praticava a antropofagia. Também eram os homens que exerciam a função de curandeiros.
A finalidade da guerra, entre os indígenas, era manter o domínio tribal sobre os territórios ocupados, vingar a morte de parentes, ou ainda fazer prisioneiros para o ritual antropofágico. A antropofagia servia para expressar o ódio ao inimigo e a vontade de adquirir as qualidades de bravura do guerreiro morto.

Resultado de imagem para ilustração do ritual de antropofagia
Ilustração de um ritual de antropofagia 

Entre os antigos tupinambás, o prisioneiro de guerra era propriedade daquele que o tinha capturado. O proprietário podia mesmo dá-lo de presente a outros indivíduos, parentes seus. Mas o prisioneiro não se destinava a produzir bens para seu proprietário; este, depois de algum tempo, sacrificava-o no ritual antropofágico, ganhando assim mais um nome.

domingo, 27 de novembro de 2016

A formação geográfica e política dos EUA

            Dentre os aspectos mais significativos da história norte-americana ao longo do século XIX, destacaram-se o processo de industrialização concentrado na região leste e a expansão territorial para o Oeste. Esses processos históricos não se dissociaram, uma vez que a expansão industrial estimulou um expressivo movimento migratório. Calcula-se que, entre 1820/30 e 1920, aproximadamente 32 milhões de europeus entraram pela costa leste nos EUA. Como nesse país não havia um campesinato livre para ser expropriado e expulso das zonas rurais, dando origem, assim, a um “exército de reserva de mão-de-obra”, a solução imigrantista foi o caminho mais natural.
            Milhares desses imigrantes, atraídos pela possibilidade de empregos nas fábricas do Leste, num segundo momento acabaram se dirigindo para o Oeste, devido às facilidades de acesso à terra, contribuindo dessa maneira para a expansão territorial, o surgimento de milhares de pequenos e médios proprietários e a incorporação de novos estados à União.
Resultado de imagem para marcha para o oeste
Marcha para o Oeste
            Os EUA queriam se expandir para o norte e ocupar as terras de colonização inglesa no Canadá. A sede expansionista dos norte-americanos acirrou ainda mais as tensões com os ingleses – com quem já estavam envolvidos em disputas comerciais. De todo modo, o confronto acabou alimentando a tendência isolacionista das elites norte-americanas, ou seja, sua predisposição para não interferir nos problemas europeus e de não permitir ingerências europeias nos assuntos internos dos países do continente.
            Independentemente da atitude política adotada pelo governo em relação às nações europeias, a expansão territorial prosseguia a todo vapor. Continuava o fluxo migratório para o Oeste, um território hostil devido às condições naturais adversas e à maciça presença de índios, mas ao mesmo tempo atraente por possibilitar a formação de grandes fortunas a partir da exploração do ouro ou da criação de gado. A ocupação desse território se tornou lendária na história do país e foi chamada de Marca para o Oeste.
            Ao mesmo tempo que adotava uma política de aquisição de territórios de uma maneira pacífica, os EUA partiram para guerras de conquistas, nas quais as maiores vítimas foram os indígenas e os mexicanos. Em 1836, colonos norte-americanos fixados no território do Texas, então pertencente ao México, proclamaram a independência da região, depois de vencer as tropas do governo mexicano. Quase dez anos depois, em 1845, os Estados Unidos anexaram o Texas a seu território, o que foi o estopim da guerra contra o México no ano seguinte. Ao final do conflito, o governo mexicano reconheceu a perda de sua antiga província e cedeu ao poderoso vizinho do norte as regiões da Califórnia, Colorado, Novo México, Nevada e Arizônia, recebendo a título de recompensa cerca de 15 milhões de dólares.
Resultado de imagem para destino manifesto
O destino manifesto 
            Com a expansão, os EUA se tornaram um dos maiores países do mundo. Dotado de enormes reservas de recursos naturais, seu território se estendia agora do oceano atlântico ao oceano pacífico.
            A região do Norte dos EUA era industrializada, em contraste com os estados do Sul, predominantemente agrícola. A principal característica das zonas rurais sulistas consistia na plantation, grande propriedade monocultora, cuja produção, voltada para a exportação, dependia do trabalho escravo. O Sul produzia grande quantidade de algodão, exportado principalmente para a Inglaterra, onde era utilizado na indústria têxtil em franca expansão.
Resultado de imagem para guerra de secessão
Guerra de secessão - Norte x Sul
            A burguesia do Norte do país fazia sérias restrições aos senhores de terras do Sul. A maior crítica dizia respeito ao trabalho escravo, que, acreditavam, deveria ser extinto e gradativamente substituído pelo trabalho assalariado; dessa forma, os trabalhadores sulistas poderiam comprar os produtos fabricados no Norte. Além disso, a população do Norte apoiava o protecionismo alfandegário, isto é, o aumento das taxas de importação, para que os produtos nacionais concorressem no mercado interno em igualdade de condições com os produtos ingleses e de outras procedências.
            A aristocracia rural do Sul, interessada em continuar vendendo seus produtos à Inglaterra e importando os artigos manufaturados de que necessitava, batia de frente com o Norte ao defender o livre-cambismo, ou seja, uma política de liberdade comercial sem taxas protecionistas.
            A essas diferenças de origem econômica se somavam outras, de fundo cultural. No norte, havia um grupo empresarial dinâmico e empreendedor, interessado no desenvolvimento nacional. No Sul, porém, continuava a predominar uma mentalidade rural, aristocrática, voltada aos interesses regionais; por isso mesmo, dava-se mais importância à autonomia dos estados do que ao fortalecimento do país.
Resultado de imagem para abraham lincoln
Abraham Lincoln 
            Em meio a esses embates, em 1860 foi eleito presidente Abraham Lincoln, membro do Partido Republicano. Adepto de uma política protecionista, Lincoln opunha-se à escravidão e aos espírito autonomista dominante nos estados do Sul. A reação das elites na Carolina do Sul, um dos estados escravistas, foi proclamar sua separação do restante do país. Em seguida, dez outros estados sulistas fizeram o mesmo. Juntos, eles formaram uma nova estrutura política nacional, os Estados Confederados da América.
            Em 12 de abril de 1861, tropas confederadas tomaram de assalto o forte Sumter, na Carolina do Sul, defendido por forças do governo. Três dias depois, Lincoln declarou guerra à Confederação. O conflito que se seguiu seria mais tarde considerado a primeira das grandes guerras modernas, com um saldo de 620 mil mortos.
            As condições do Norte no confronto eram de indiscutível superioridade. Mais industrializado do que o Sul, contava também com uma malha ferroviária mais extensa e moderna. Além disso, as armas de que dispunha eram produzidas em suas próprias fábricas, enquanto a Confederação dependia da importação de material bélico. As duas populações também eram desiguais em número e na composição social e étnica. Enquanto o Norte somava 23 estados, com uma população de 28 milhões de pessoas – constituída em quase sua totalidade de pessoas livres, descendentes de europeus -, o Sul contabilizava onze estados com 9 milhões de habitantes, um terço dos quais escravos de origem africana. Para complicar ainda mais a situação do Sul, a Confederação também não conseguiu apoio à sua causa no exterior: a escravidão era, a essa altura, condenada pela opinião pública de todas as grandes nações.
            Não constituiu surpresa, portanto, que os sulistas tenham sido derrotados, apesar de sua forte resistência. Depois de quatro anos de sangrentos combates, os nortistas venceram em Appomattox, na Virgínia, a última batalha da guerra. Em 1863, ainda durante o conflito, Lincoln decretou o fim da escravidão nos estados rebeldes. No ano seguinte, conseguiu se reeleger presidente dos EUA, mas não chegaria a exercer o segundo mandato. Em 14 de abril de 1865, quatro dias depois do fim da guerra, Lincoln foi assassinado no interior de um teatro pelo ator sulista John Booth.
Resultado de imagem para ku klux klan
Organização racista - Ku Klux Klan
            Em 1867 surgiu o exemplo mais forte de segregação racial nos EUA: a Ku Klux Klan. Criada por veteranos sulistas da Guerra de Sucessão, essa sociedade secreta tentou impedir, a qualquer custo, que os negros exercessem seus direitos após o fim da escravidão. Recorrendo a meios extremos, como a tortura e o linchamento de pessoas de origem africana, integrantes da Ku Klux Klan, mascarados e encapuzados, passaram a espalhar o terror no Sul do país, assassinando, indiscriminadamente, homens, mulheres e crianças.

            Em 1877, a justiça norte-americana proibiu o funcionamento da organização, que ainda assim continuou a agir na clandestinidade. Prova disso é que, nos anos de 1920, a Ku Klux Klan chegou a reunir em suas fileiras 1 milhão de defensores da segregação racial. Ainda hoje ocorrem nos EUA ações anti-raciais isoladas, resquícios do ódio articulado pela Ku Klux Klan. 

O governo democrático de Getúlio Vargas

Eleição de Getúlio Vargas - 1950               "Bota o retrato do velho outra vez... bota no mesmo lugar". Assim começava a marchi...