O sistema de colonato |
A sociedade feudal foi formada a partir
da combinação de tradições romanas e de tradições germânicas. O colonato, por
exemplo, de origem romana, consistia na obrigação dos trabalhadores rurais em
entregar parte de sua produção e de trabalhar alguns dias da semana nas terras
do senhor, isto é, do proprietário das terras.
O juramento de fidelidade que os nobres
feudais prestavam entre si, por sua vez, era uma tradição germânica. Essa tradição
teve origem no comitatus, grupos de guerreiros armados formados pelos
germânicos em épocas de guerra.
O feudalismo começou a se formar na
época do declínio do Império Romano. Com as invasões dos povos germânicos,
houve uma redução no comércio e nas atividades urbanas. Além disso, os
frequentes ataques dos germânicos obrigaram grande parte da população urbana a
se refugiar no campo, buscando abrigo junto aos proprietários rurais. Esse processo,
chamado de ruralização da economia, foi muito importante para a formação da
sociedade feudal, que tinha a agricultura como base da economia. Praticamente tudo
o que era produzido destinava-se apenas ao consumo dos habitantes do feudo, e
não ao comércio.
Quando se formaram os reinos
germânicos, a partir do século V, tornaram-se frequentes as alianças entre reis
e nobres: o rei doava um feudo a um nobre e prometia protege-lo em tempos de
guerra. O nobre, por sua vez, jurava obedecer ao rei e guerrear a seu lado. O nobre
que recebia um feudo tornava-se um senhor feudal, e detinha grande poder sobre
as pessoas que viviam em suas terras.
Conforme os senhores feudais aumentavam
o tamanho de suas propriedades e reuniam um maior número de servos a seu
serviço, eles foram ficando cada vez mais poderosos. Esse processo resultou no
enfraquecimento dos reis e possibilitou que os nobres adquirissem maior independência
para administrar e cuidar dos feudos.
O clero era formado por religiosos da
Igreja Católica, como bispos, cardeais, padres e monges. Esse grupo era
dividido em dois: o alto clero e o baixo clero. A maioria dos religiosos do
alto clero tinha origem nobre. Esses religiosos possuíam muitas terras e, como
em geral eram os únicos letrados, cuidavam da administração dos reinos e dos
feudos. Os membros do baixo clero, por sua vez, não tinham origem nobre, e eram
os encarregados de prestar atendimento espiritual e auxílio material às pessoas
pobres e necessitadas das paróquias onde atuavam.
A nobreza era formada por reis, condes,
marqueses e duques, que se dedicavam principalmente à guerra e à defesa de seus
territórios. Os nobres formavam o grupo mais poderoso da sociedade feudal. Eram
eles que possuíam a maioria dos feudos e que ofereciam proteção aos camponeses
que moravam e trabalhavam em seus domínios. Em troca, esses senhores feudais
exigiam fidelidade e uma série de obrigações dos camponeses.
O grupo dos camponeses era formado
basicamente pelos servos da gleba. Eles podiam usar algumas terras do feudo e,
em troca, deviam trabalhar para o senhor e permanecer nesse feudo, assim como
seus filhos e netos, por toda a vida.
Além dos servos, o grupo dos camponeses
era composto pelos vilões. Os vilões eram descendentes de antigos romanos,
proprietários de pequenos lotes de terra, que tiveram que ceder essas terras a
senhores feudais em troca de proteção. Por causa de sua origem, os vilões eram
camponeses livres, e não estavam presos à terra como os demais servos. Porém,
tanto os servos como os vilões deviam ao senhor feudal uma série de obrigações.
Vários fatores permitiram à Igreja
Católica consolidar seu poder na Europa medieval. As alianças estabelecidas
entre a Igreja e os reis germânicos resultaram na conversão de grande parte da
população da Europa ao cristianismo. Com o aumento do número de cristãos,
aumentou também a influência da Igreja: um grande número de pessoas seguia os
ensinamentos cristãos e submetia-se às suas regras. Isso contribuiu para
fortalecer a identidade cultural cristã na Europa medieval.
Por outro lado, com o crescimento do
número de fiéis, aumentaram também as doações de terra e de dinheiro que a
Igreja recebia. Desse modo, a Igreja Católica acabou se tornando a maior
proprietária de terras na Europa, numa época em que a terra era a principal
fonte de riquezas. Com mais riqueza e poder, a Igreja também exercia grande
influência política. Por meio de alianças com reis e nobres, adquiria cada vez
mais poder e aumentava o número de fiéis.