Getúlio
Vargas voltou a concorrer à presidência nas eleições de outubro de 950. Sua candidatura
contava com o apoio de seu partido, o PTB e de Adhemar de Barros, do Partido
Social Progressista (PSP), que tinha muitos eleitores paulistas.
Durante
a campanha, vários setores do PSD, partido de oposição, também passaram a
apoiar Vargas, abandonando o próprio candidato do partido, Cristiano Machado,
que recebia apoio de Dutra. Vargas venceu a corrida presidencial, obtendo 48,
7% dos votos, contra 29, 7% do brigadeiro Eduardo Gomes, candidato da UDN, e
21, 5% de Cristiano Machado. Como a Constituição de 1946 não previa segundo
turno, o candidato que obtivesse a maioria simples venceria as eleições.
Assim,
Vargas retornou ao poder, mas, dessa vez por meio de voto direto. Desse modo, confirmou
o imenso prestígio que havia acumulado durante os quinze anos de seu primeiro
governo.
Em
seu novo governo, Vargas deu prioridade à industrialização do país e criou
mecanismos nacional-desenvolvimentista procurava conciliar o desenvolvimento do
país com a independência nacional frente ao capital externo.
Com
esse objetivo, foi criado um órgão técnico permanente de estudos e planejamento,
chamado Assessoria Econômica da Presidência da República, que tinha como
objetivo estudar e formular projetos para atender as principais necessidades
econômicas nacionais. O órgão trabalhava em conjunto com outras instituições
governamentais, como o Ministério da Fazenda e a Comissão Mista Brasil-Estados
Unidos para o Desenvolvimento Econômico.
Com
a criação do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico (BNDE), em junho de
1952, Vargas buscou oferecer crédito para o desenvolvimento de novos projetos,
voltados para melhorias de portos e ferrovias e para a ampliação do setor
elétrico.
Getúlio Vargas e a campanha "O Petróleo é nosso!" |
A
nacionalização do petróleo era uma antiga reivindicação de muitos brasileiros. Em
1948, um grupo de intelectuais, militares e políticos brasileiros fundou o
Centro de Estudos e Defesa do Petróleo, no Rio de Janeiro. O objetivo era
limitar a atuação de empresas estrangeiras na exploração do petróleo e
assegurar a exclusividade de empreendimentos nacionais. A campanha, cujo lema
era: O petróleo é nosso!”, recebeu apoio de diferente setores do país.
Em
outubro de 1953, Vargas sancionou a lei que permitiu a maior transformação que Brasil
já tinha vivido no setor energético. Nascia, assim, a Petróleo Brasileiro S.
A., a Petrobras, empresa controlada pelo Estado brasileiro, que assumiu o
monopólio da exploração do petróleo em território nacional.
A
política de valorização do café praticada pelo governo enfrentou forte oposição
dos Estados Unidos. Compradores norte-americanos iniciaram uma campanha de
boicote ao café brasileiro, que levou à queda internacional do preço do produto
e, consequentemente, à redução das exportações. Além disso, a inflação
continuava, o déficit da balança comercial crescia, a imprensa denunciava casos
de corrupção e a UDN, principal partido de oposição, reagia às medidas
nacionalistas na economia.
João Goulart |
O
prestigio de Getúlio Vargas nos setores sindicais ligados ao PTB ainda era
grande, mas ele passou a enfrentar inúmeras greves operárias, protestos
populares e reivindicações de aumento salarial. Em uma tentativa de
reconquistar o apoio dos trabalhadores, em junho de 1953, Vargas nomeou João
Goulart, principal liderança do PTB, para o ministério do Trabalho.
Em
fevereiro de 1954, “jango”, como João Goulart era conhecido, propôs dobrar o
valor do salário mínimo. As reações contra a proposta foram tão fortes que, no
final do mesmo mês, jango foi demitido pelo presidente. Em seu discurso do Dia
do Trabalho, Vargas anunciou a mesma proposta de aumento do salário mínimo. A notícia
foi muito mal recebida pelo empresariado e pela oposição.
Carlos Lacerda após o atentado. |
A
crise intensificou-se quando o principal líder da UDN, Carlos Lacerda, sofreu
um atentado em frente à sua casa no dia 5 de agosto de 1954. Um dos principais
opositores de Vargas, Lacerda utilizava seu jornal, Tribuna da Imprensa, para
criticar as medidas do governo e as forças políticas vinculadas a Getúlio.
Lacerda
foi ferido com um tiro no pé, mas seu guarda-costas, o major da aeronáutica
Rubens Florentino Vaz, morreu. O governo foi imediatamente acusado de ter
planejado a morte do adversário político, e a situação agravou-se quando chefe
da guarda presidencial, Gregório Fortunato, foi identificado como mandante do
crime. Assim, militares e civis ligados à oposição lançaram um manifesto
pedindo a renúncia de Vargas.
Acuado
em meio à crise, Vargas suicidou-se com um tiro no coração em 24 de agosto no
Palácio do Catete, sede da presidência da república. Ele deixou uma carta-testamento
em que acusava seus adversários de querer prejudicar o país e afirmava ter dado
a vida pelo povo brasileiro.
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