Uma
das características marcantes do século XXI consiste na aglutinação dos valores
culturais de várias comunidades no mundo, que parece que se tornou menor em
decorrência da constante simbiose das tradições dos mais variados povos. Essa
sensação está estritamente relacionada com o evidente avanço tecnológico e
científico de suntuosas nações que se auto intitulam portadores do “progresso”
e da “cultura”.
Entretanto,
o que alguns sociólogos e filósofos corriqueiramente se esquecem de debater são
os aspectos negativos da globalização, pois seus efeitos considerados benéficos
ultrapassam os prejuízos e degenerações provocadas pelo processo. A falta de
uma distribuição equitativa das riquezas geradas pelas sociedades, é um dos
problemas mais alarmante da atualidade. Estatísticas socioeconômicas apontam
que o mundo é capaz de produzir todo o alimento que os habitantes necessitam,
porém, a falta de uma distribuição alimentícia igualitária provoca a morte de
várias pessoas por dia em decorrência da desnutrição súbita.
Não
devemos, partindo-se de uma análise conjuntural, apresentar tão-somente as
objeções ao processo de globalização, uma vez que esse fenômeno também
acarretou em melhorias significativas para a população. Basta ressaltar que o
avanço científico proporcionou, principalmente concernente aos aspectos
medicinais, melhorias suntuosas à sociedade. De uma perspectiva histórica, tais
melhorias fizeram com que a estrutura funcional das comunidades se remodelasse
de uma forma orgânica. Em outras palavras, a vida de milhões de pessoas mudou
radicalmente com o avanço da globalização e as melhorias científicas.
Devemos
ressaltar que, sob a ótica antropológica, não estamos devidamente preparados
para o convívio com comunidades de tradições culturais divergentes da nossa. Em
outras palavras, temos muita dificuldade em aceitar as diferenças, os
indivíduos com características distintas da nossa e com um protótipo de
organização peculiar. Partindo-se dessa premissa, torna-se evidente que as
inúmeras guerras que acontecem atualmente possuem uma motivação cultural, ou
seja, a falta de aceitação dos valores inerentes aos povos tradicionalmente
distintos provocam guerras e derramamento de sangue de civis inocentes.
O
Oriente médio, marcado pelas peculiaridades culturais, onde o Islamismo é a
marca mais visível dessas peculiaridades, caracterizado pela contínua
sistematização de conhecimentos dogmáticos e uma visão de mundo pragmaticamente
distinta. Essa visão, comparada com os valores dos povos Ocidentais,
evidenciando as disparidades entre as comunidades tradicionais, torna-se uma
motivação para a eclosão de conflitos na região.
Outra questão importante atualmente, que serve
como comprovação das distinções concernentes entre as sociedades foi o
acontecimento verificado no último dia 16. Uma jovem estudante, que morava na
índia, sofreu um estupro coletivo, e seu namorado foi covardemente espancado. A
explicação oferecida por um guru, líder espiritual da região, foi alvo de
polêmica e contestações.
"Esta tragédia não teria acontecido se ela
tivesse evocado o nome de Deus e caído sobre os pés de seus agressores. O erro
não foi cometido apenas de um lado", disse o líder espiritual em vídeo
publicado na internet.
(Folha de São Paulo 11 de janeiro de 2012).
Essa
questão é importante para avaliarmos as disparidades culturais entre as
comunidades atualmente, onde a estrutura funcional e a maneira pela qual se
organizam são completamente diferentes. Um fato encarado com perplexidade por
determinadas comunidades e líderes políticos e religiosos, pode ser avaliado
com naturalidade por outros. Entrementes, o que se verifica, analisando a forma
pela qual a mídia retrata determinados assuntos, é que há uma imparcialidade na
abordagem de questões importantes na interação de alguns fenômenos. O aspecto
político e social é mascarado pelas belezas naturais e a “perfeição de uma
sociedade imperfeita”, isto é, a realidade é modificada e completamente
distorcida.
Por fim, historicamente
dizendo, esse fenômeno serve para evidenciar as singularidades do processo conhecido
por globalização, onde o conhecimento é circulado de uma forma intensa e
dinâmica. Entretanto, torna-se verificável que não há uma preparação
intelectual da maioria da população no sentido de aceitar as diferenças entre
as sociedades, entre seus mecanismos de organização e sua estrutura orgânica.
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