Para
entendermos os acontecimentos de 1939 a 1945, período em que o mundo assistiu a
uma guerra avassaladora, é preciso debater acerca das consequencias da Grande Primeira Guerra (1914-1918).
Vale frisar que surgiram, após o primeiro conflito, alguns movimentos
nacionalistas, que modificaram as relações de poder no continente europeu.
Esses movimentos, chamados também de totalitários, procuraram governar baseados
no sentimento de revanchismo do povo derrotado nas batalhas. Contribuiu para
isso o Tratado de Versalhes, onde os alemães foram os únicos responsabilizados
pela guerra. Juntando-se à Alemanha de Adolf Hitler, temos também a Itália de
Benito Mussolini. Juntos, ambos mobilizaram suas respectivas nações em torno de
um objetivo comum, que era reestruturar seus países, em desrespeito aos acordos
estabelecidos após a 1ª Guerra Mundial.
Vários
fatores contribuíram para o início da Segunda Grande Guerra. Um deles foi o
nacionalismo exacerbado, onde existia uma valorização extrema de seus países na
busca pelo avanço e desenvolvimento. Com isso, os alemães e italianos criaram
um sofisticado aparelho de repressão, perseguindo quem representasse ameaça ao
poder do “Grande Líder” da nação.
Outro
fator de destaque para se entender os motivos que culminaram no conflito foi a
crise econômica de 1929, que levou à falência vários países do mundo. Os EUA,
que vendeu suas mercadorias aos países envolvidos na Primeira Guerra, se
encontraram desorientados em decorrência da falta de mercado para seus
produtos. Com isso, houve uma superprodução de bens primários e
eletrodomésticos. Todavia, os trabalhadores não possuíam dinheiro para comprar
essas mercadorias. A crise econômica norte-americana atingiu quase todos os
páises do mundo, que dependiam economicamente dos EUA. O Brasil, que vendia o
café para os norte-americanos também foi drasticamente afetado. O único país
que não foi atingido pela crise foi a URSS, que adotara, desde 1917, o
comunismo como regime político.
A situação de crise econômica serviu para
agravar ainda mais o panorama sócio-econômico dos países que saíram arrasados
da Primeira Grande Guerra. Isso acabou dando espaço para que os movimentos de
concentração de poder nas mãos de uma única pessoa se fortalecessem (o
totalitarismo). Esses movimentos, que proferiam discursos aparentemente
democráticos, buscavam construir um Estado forte e autoritário. Vale enfatizar
que os ditadores, Mussolini e Hitler, tiveram amplo apoio da população, que
procurava alguma liderança em meio ao caos político e econômico.
Analisando
o movimento alemão, o nazismo, algumas características se tornam relevantes de
se destacar. O caso mais emblemático foi o genocídio de quase seis milhões de
judeus. Para Hitler, os seguidores do judaísmo eram impuros, além de prejudicarem
o desenvolvimento da Alemanha. Vale ressaltar que para o ditador alemão seu
país deveria ser ocupado somente por uma “raça”, a ariana. Com isso, milhões de
pessoas foram massacradas pelo aparelho repressor orquestrado por Hitler.
Porém, devemos frisar que não foram apenas os judeus os perseguidos, os
comunistas, os ciganos, homossexuais e negros também sofreram com a repressão
hitlerista.
Um
dos mecanismos encontrado pelos nazistas foi a propaganda, onde existia a
preocupação em mobilizar a nação em torno de um ideal, a crença da
superioridade de sua “raça”. Com isso, objetivando controlar a produção
cultural do país, o governo procurou queimar em praça pública, livros ou
revistas que propunham uma ideologia contrária à concepção nazista. Vale destacar
que o nazismo acabou se expandindo para vários países da Europa, contribuindo
decisivamente para a reformulação geográfica e política do continente.
“Se os judeus fossem os
habitantes exclusivos do mundo não só morreriam sufocados em sujeira e porcaria
como tentariam vencer-se e exterminar-se mutuamente, contanto que a
indiscutível falta de espírito de sacrifício, expresso na sua covardia,
fizesse, aqui também, da luta uma comédia (...). O povo que o hospeda, vai se
exterminando mais ou menos rapidamente. Assim viveu o judeu, em todos os
tempos, nos Estados alheios, formando ali seu próprio Estado, que costumava
navegar em paz, até que circunstâncias exteriores desmacarassem por completo
seu aspecto velado de ‘comunhão religiosa’”.
(HITLER; Adolf. Mein
Kampf. 1923).
A
característica principal dos nazistas foi a perseguição empreendida contra as
chamadas “raças impuras”. Em 1935, com a finalidade de perseguir os judeus, o
governo alemão criou um conjunto de leis chamado de “as leis de Nuremberg”, também
conhecida como “procure sua avó judia”. Em outras palavras, o Estado alemão não
admitiria que o povo judeu residisse no país.
Outra
peculiaridade desse movimento foi a implacável perseguição contra os
deficientes físicos. Utilizando o pretexto de cuidar das pessoas portadoras de
necessidades especiais, o governo levava-os para serem tratados em clínicas
especializadas. Contudo, poucas semanas depois, a família recebia um comunicado
afirmando que o parente acabara de falecer. Para os nazistas, a chamada “raça
ariana” não poderia admitir tais anomalias.
Com
esse discurso racista e preconceituoso quanto ao desenvolvimento das chamadas
“classes minoritárias”, Hitler conseguiu mobilizar a Alemanha e construir um
poderoso Estado, capaz de combater as principais nações da Europa, como a
França, a Inglaterra e a Rússia. O ditador alemão investiu na formação do
exército e na compra de sofisticadas armas de destruição em massa. O cenário de
guerra, mais uma vez estava armado, faltava apenas o pretexto para a eclosão
dos conflitos. Vale destacar que em todo o mundo surgiram movimentos de adesão
ao nazi-fascismo, inclusive no Brasil com a AIB (Ação Integralista Brasileira).
Vale ressalvar que, objetivando combater tal movimento, o comunismo também se
mobilizou no sentido de encontrar uma maneira de inviabilizar o fortalecimento
da ideologia alemã. O exemplo disso foi a formação, no Brasil, da ANL (Aliança
Nacional Libertadora), que propunha estruturar uma revolução comunista no país.
Desde
que assumiu o comando da Alemanha, o objetivo de Hitler foi fortalecer seu
Estado e retirá-lo da situação de crise em que se encontrava. Com isso, o
ditador procurou fabricar armamentos potentes, reestruturar o exército e
expandir seu território, o chamado “espaço vital” da Alemanha. Essa postura de
Hitler contrariava as determinações do Tratado de Versalhes. Em pouco tempo o
ditador conseguiu fazer com que a Alemanha voltasse a ser uma grande nação,
provida de recursos bélicos sofisticados, criando condições de enfrentar os principais
países do continente europeu.
Devemos
destacar que essa conveniência das principais potências européias tinha o
objetivo de impedir que o comunismo soviético se espalhasse pelo velho
continente. Entretanto, somente o primeiro-ministro britânico Winston Churchill
que, mesmo sendo contra a ideologia comunista, alerta para o perigo que o
nazismo representava para a humanidade e para a configuração geopolítica do
continente. Churchill ficou marcado pelas suas frases e sua linha de raciocínio
inovador para a época. Como exemplo, podemos citar seu pensamento sobre a
questão do regime político e a forma de governo que deveria ser adotado pelas
nações ocidentais: “A democracia é a pior forma de governo, mas ainda melhor do
que todas as demais formas que tem sido experimentadas de tempos em tempos”.
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