Uma
das características do movimento iluminista consiste na busca intensa pela liberdade. Partindo-se desse princípio,
podemos constatar que tal movimento modificou a forma de pensar de milhões de
pensadores e intelectuais do século XVIII. Vale ressaltar que os países
europeus do período estavam sob a forma de governo conhecido como “Antigo Regime”, onde o rei concentrava
os poderes em suas mãos. Isso fazia com que qualquer movimentação contrária à
ordem estabelecida fosse repreendida pelo rei.
Tendo
em vista que a sociedade do século XVII e XVIII era controlada pela Igreja
Católica, a falta de mobilidade social era vista como algo normal. Ou seja, as
pessoas pobres tinham que aceitar a sua situação de miséria e carência porque
era uma determinação de Deus. Além disso, todas as catástrofes promovidas pela
natureza, como terremotos, enchentes, furacão, dentre outras; era considerado
um castigo de Deus para com a humanidade. Como exemplo, podemos citar a peste bubônica
que matou milhões de pessoas no continente europeu em meados do século XIII,
cuja explicação elaborada pela Igreja era a de que Deus estava castigando os
Seres Humanos pela falta de compromisso com a palavra divina.
Os
filósofos e pensadores iluministas procuraram modificar essa situação, tentando
instituir a razão e a experiência científica acima da fé e preceitos defendidos
pela Igreja Católica. Uma vez que, segundo os “ilustrados”, somente a razão
deveria colocar a humanidade no caminho do desenvolvimento e do progresso.
Continuando
nossa análise no aspecto religioso, a justificativa para a concentração dos
poderes nas mãos dos reis era voltada também para a vontade divina. Segundo os
filósofos, pensadores da Igreja e defensores do poder absoluto dos reis, também
era Deus quem escolhia os soberanos para governar o Estado, justificando,
perante a sociedade, a centralização do poder nas mãos do rei. Contrariando
essa concepção, um dos principais pensadores do movimento iluminista, John
Locke, vai propor a idéia de que o poder deveria ser regulado por um acordo
entre a população e o soberano. E esse acordo era necessário para manter o
equilíbrio na sociedade, acabando com os conflitos entre os indivíduos.
Algumas
realizações foram marcantes no período iluminista. Uma delas foi a criação de
um dicionário ilustrado, conhecido como enciclopédia,
criado por D’Alembert e Diderot, cujo objetivo era reunir todo os
conhecimentos produzidos no período. Já o filósofo Rousseau aprofundou suas
análises sobre as origens da desigualdade entre os homens e buscou defender a soberania popular. Na área econômica,
destacaram-se Adam Smith e David Ricardo, criando o chamado liberalismo econômico, cuja principal
característica era afirmar que o governo não tinha o direito de se interferir
no sistema econômico da nação, ou seja, defendia a liberdade de comércio no
interior do Estado. Outra realização ocorrida no período iluminista, e que
repercute com mais intensidade nos dias atuais é defesa dos três poderes: Legislativo, Executivo e Judiciário, criado
por Montesquieu que objetivava retirar do rei a intensa concentração do poder.
Vale frisar que basicamente todos os pensadores do período tinham como
finalidade aprofundar seus estudos sobre a necessidade de se estabelecer a
liberdade entre todos.
Alguns
estudiosos do tema afirmam que os iluministas eram ateus, isto é, não
acreditavam em Deus. Porém, a maioria dos pensadores ilustrados acreditava no
poder divino, apenas afirmavam que a produção de conhecimentos não deveria
estar ligada às tradições da Igreja Católica e de seus dogmas e princípios.
Defendiam a idéia de que os Seres Humanos tinham a liberdade para descobrir e
estudar o mundo a sua volta. Sendo assim, a Igreja estaria impedida de
estabelecer regras e limites para a produção de conhecimento humano.
Não
podemos nos esquecer dos soberanos conhecidos como Déspotas Esclarecidos. Eram
reis que, inspirados nas idéias dos iluministas, procuravam modernizar seus
Estados realizando reformas na área econômica e administrativa. Não se tratava
de relaxar o poder absoluto, mas estabelecer reformas que provocasse o
crescimento do reino e trouxesse a prosperidade para o Estado.
No
plano da educação, os iluministas propuseram o Ensino Laico, ou seja, segundo os ilustrados, o sistema educacional
não deveria estar ligado aos ensinamentos e princípios defendidos pela Igreja
Católica. O Estado deveria garantir o ensino para a população de uma maneira
gratuita, mas sem ligação com a igreja. Além disso, deveria ser uma educação
voltada para o campo científico, preparando os alunos para o trabalho e para se
adequarem às exigências do mercado (mercado esse voltado para o crescimento do
número de instalação de fábricas durante a Revolução Industrial).
Por
fim, não resta dúvida de que o movimento iluminista ainda repercute nos dias
atuais. Tanto no aspecto econômico, com o liberalismo; quanto no lado cultural
e político, com a busca pela liberdade de expressão e divisão do poder em três
áreas independentes: Executivo, Legislativo e Judiciário. Vale destacar que a
principal herança deixada pelos ilustrados foi a intensa produção de
conhecimentos científicos, desligados dos dogmas e princípios defendidos pela
Igreja Católica e que havia sido perpetuado na sociedade de uma maneira
absoluta durante a Idade Média.
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