A fase mais conhecida do processo de formação das
cidades-estados gregas consiste no período denominado homérico, em que
aconteceu uma narração da guerra de Tróia. Apesar dos livros e filmes
associarem as causas da guerra somente ao rapto de Helena, na verdade, a
intensão era aumentar suas possessões, ou seja, aumentar suas áreas de influência.
Através dos relatos de Homero é possível descobrir
algumas características das sociedades grega. Uma dessas características
consiste no processo conhecido como oikos, unidade de consumo e produção,
além de centro econômico e familiar. Era, sobretudo, formado pela família de
chefes guerreiros, por todos os servidores e escravos, ou seja, todos que
garantiam a sobrevivência da família. Deve-se ressaltar que as atividades
laborativas eram realizadas pelos escravos, obtidos através da guerra, pois os
chefes guerreiros realizavam guerras com a finalidade de roubar crianças e
mulheres.
Os chefes dos oikos acumulavam o poder político e
econômico. Quando tais chefes se uniam formavam uma aristocracia fechada e,
sobremaneira, reforçavam sua união através dos laços parentescos, amizade e
fidelidade. Também decidiam o destino da comunidade nas assembleias, mas o povo
limitava-se a aplaudir ou vaiar, pois não tinham o direito de votar nenhuma
decisão.
Por volta de 700 a.c, surgiram as cidades-Estado ou
pólis, característica de maior destaque da sociedade grega antiga. Pode-se
definir a pólis como uma comunidade política independente. Embora tenham
desenvolvido à sua maneira, havia duas características comuns a todas elas: a
ágora e a acrópole. A ágora ou praça
central era o espaço onde se reunião os cidadãos para discutir sobre a vida
política e decidir sobre as ações a serem tomadas. Já a acrópole era o conjunto arquitetônico situado no alto de uma
colina, onde eram construídos templos e prédios mais nobres, que expressavam o
poder e a grandeza da pólis.
As duas cidades-estados que mais se destacaram foram
Atenas e Esparta. Em Atenas, sua característica salutar foi a criação de
princípios considerados democráticos. Nesse sentido, ganhou destaque o
magistrado Sólon, que possuía amplos direitos para implantar reformas políticas
e sociais. Além disso, proibiu a escravidão por dívidas existentes e
estabeleceu quatro categorias de cidadãos, a partir de critérios censitários,
isto é, com base na renda anual e não mais no nascimento. Com isso, todos os
homens nascidos em Atenas, proprietários ou não de terras e capazes de custear
sua participação no exército, tornaram-se cidadãos. Porém, os escravos,
estrangeiros e mulheres continuaram excluídos da categoria de cidadãos.
Mesmo com as reformas de Sólon, Atenas presenciou o
surgimento de uma forma de governo conhecido como tirania, em que o líder assume plenos poderes para criar leis e
dirigir a nação de uma forma absoluta e autoritária. O primeiro tirano foi Pisístrato que, após sua morte, passou
o trono aos seus filhos, que não conseguiram se manter por muito tempo no
governo. Dois anos depois, Clístenes, com forte apoio popular, inaugurava o
regime democrático em Atenas.
Considerado o “pai da democracia grega”, Clístenes empreendeu grande reforma, principalmente a inclusão no corpo de cidadão um número considerável de metecos (estrangeiros) e de libertos
(ex-escravos). Porém, apesar de incentivar a participação popular na política
de Atenas, Clístenes reforçou o poder da Bulé (organização política controlada
pelos cidadãos mais ricos). Em outras palavras, o regime ateniense combinava a
democracia direta (participação de todos os cidadãos da Eclésia) com a
democracia representativa (onde prevalecia o poder dos cidadãos mais ricos).
No que se refere às relações exteriores (com outras
cidades-estados), a Pérsia começou a oferecer uma ameaça contundente aos
gregos, dando origem aos conflitos que ficaram conhecidos como Guerras Médicas. As ofensivas dos
persas, liderados pelo rei Dario I,
tentavam expandir seu território através do domínio das cidades-estados gregas.
Com isso, algumas cidades gregas se submeteram ao poderio do exército persa,
menos Atenas e Esparta, que se aliaram na Liga
de Delos. O filho e sucessor de Dario I, Xerxes I, conseguiu derrotar os espartanos
na Batalha de Termópilas, e
saquearam a cidade de Atenas, mas não conseguiram sustentar a situação. O exército
ateniense derrotou a esquadra persa na Batalha de Salamina e, logo em seguida,
a coalizão grega afastou de vez o perigo da invasão.
Ilustração referente à Guerra do Peloponeso |
A hegemonia de Atenas, conquistada após derrotar os
persas, foi ameaçada por outras cidades-estados, sobretudo, Esparta. O confronto ocorreu na Guerra do Peloponeso. O conflito acabou
com a vitória dos espartanos e o fim da hegemonia ateniense. Com isso, Esparta
conquistou o poder no mundo grego.
A estrutura social dos espartanos estava dividida em
apenas três categorias. Os esparciatas,
grupo mais privilegiado da sociedade e que ocupavam os cargos políticos da cidade.
Além disso, cabia a esse grupo formar o exército e fornecer os dois reis
espartanos. Os periecos viviam em
comunidades autônomas. Eram livres e dedicados à agricultura e ao artesanato e,
sobremaneira, eram obrigados a cultivar as terras dos reis e a servir o
exército em tempo de guerra, como força complementar. Já os hilotas. Por sua vez, eram servos do
Estado, estavam presos à terra e obrigados a trabalhar nos domínios
conquistados pelos espartanos. Deve-se ressaltar que, por terem um passado
comum, os hilotas falavam a mesma língua e eram mais unidos.
Em Esparta, eram realizadas assembleias ao ar livre. Nelas
discutiam-se questões ligadas à política externa, elegiam os magistrados com
mais de 60 anos de designavam-se os gerontes
, membros do conselho de anciãos, a gerúsia.
Porém, os verdadeiros governantes eram os cinco éforos, que formavam um conselho eleito anualmente e detinham amplos
poderes, controlavam a educação e a administração da pólis, além de decidir
quando e como realizar as guerras. O mandato de curta duração evitava abusos de
poder.
Um dos
episódios mais célebres do exército espartano ocorreu na guerra contra os
persas no século V a.c. Em 480 a.c., o general Leônidas enfrentou (e perdeu), com 300 espartanos e sete mil aliados,
o imenso exército persa no monte Termópilas. Segundo historiadores, com a
desproporção entre os exércitos, o imperador Xerxes I sugeriu a rendição de
Leônidas antes do combate, alegando que seus arqueiros eram tão numerosos que
suas flechas poderiam cobrir a luz do sol. Conta-se que, então, Leônidas mandou
avisá-lo que, se assim era, combateriam à sombra.
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