A importância da liberdade na formação do
educando.
É isto que nos leva, de um lado, à crítica e à recusa ao ensino
bancário, de outro, a compreender que, apesar dele, o educando a ele submetido
não está fadado a fenecer; em que pese o ensino ‘bancário’, que deforma a
necessária criatividade do educando e do educador, o educando a ele sujeitado
pode, não por causa do conteúdo cujo “conhecimento” lhe foi transferido, mas
por causa do conteúdo do processo mesmo de aprender, dar, como se diz na
linguagem popular, a volta por cima e superar o autoritarismo e o erro
epistemológico do “bancarismo”. (pág.25)
O professor (a) que, possui um
prévio conhecimento em relação ao conteúdo pedagógico que será transmitido ao
educando, precisa instigar no aprendiz a sensibilidade crítica. É de
extraordinária importância para o estabelecimento contínuo de uma pedagogia de
caráter libertária, que o educando não aceite passivamente a transferência
autoritária e, conseqüentemente imposturia de conhecimentos do educador (a), ou
seja, a forma “bancária” de ensino, como nos descreveu Paulo Freire na citação
acima.
O educador (a) carece possuir uma
ideologia ética que, acima de tudo, valorize a ética do Ser Humano. O professor
(a) precisa criar uma ampla consciência do seu papel como um formador de
opiniões. E fazendo-se valer desse papel para disseminar, simultaneamente, a
criticidade entre os educandos para possibilitar a formação de cidadãos
conscientes de sua liberdade e de sua concepção histórico-social.
Quando um educador (a) tenta
transmitir os seus conhecimentos de uma forma dogmática e autoritária para os
educandos, é perceptível e coerente dizer que esse profissional transgrediu um
dos mais essenciais princípios dos Seres Humanos: a liberdade. Então, com todo
esse processo “bancarista” de transferência de conhecimentos, a tendência é que
resulte na formação de indivíduos alienados de seu papel histórico-social,
tornando-se, portanto, Seres completamente passivos diante acontecimentos que
implicam em sua própria formação humana e social.
O professor (a) não pode se
restringir somente ao conteúdo disciplinar, ele precisa buscar maneiras de
incentivar os educandos a terem uma visão crítica do sistema vigente. E o
quanto é importante para esse educando tentar localizar os principais defeitos
desse sistema, para, no futuro, não reproduzirem os mesmos erros presenciados
atualmente.
Quando o professor (a) pratica a simples
transferência de conhecimentos, negando-se a exercer o livre-arbítrio e a
criticidade entre os educandos, sem incentivá-los a reinvidicar os seus
direitos como cidadãos, formarão, inevitavelmente, pessoas conformadas com o
discurso fatalista do neoliberalismo e, conseqüentemente, se tornarão monótonos
espectadores perante a miserável realidade do meio social do qual fazem parte,
ou seja, aceitará com muita ingenuidade a sua “miséria na fartura” e do seu
povo.
Para se exercer a liberdade na prática
pedagógica, o professor precisa deixar de ser visto como o centro inatingível
de detentor único da sabedoria estabelecer um contínuo diálogo entre os
educadores e os educandos. Com isso, ambos assumem o papel de descobridor,
crítico e construtor de conhecimentos.
Portanto, a educação só assumirá
uma concepção libertária, quando todos se conscientizarem, tanto os educadores
quanto os educandos, de que o meio escolar não serve somente para se obter
conhecimentos relativos a disciplinas metodológicas, mas sim como a formação de
cidadãos conscientes de seu papel histórico social.
“É nesse sentido que reinsisto
que formar é muito mais do que puramente treinar o educando no desempenho de
destrezas”. (pág 14). Para Paulo Freire, o educador precisa aguçar a
curiosidade ingênua do educando, objetivando aprimorar uma criticidade
epistemológica mais racional perante os fatos sociais e pedagógicos.
O
homem por ser um indivíduo inconcluso, necessita da educação para conseguir
viver como um Ser Humano racional e consciente no que concerne ao seu
conhecimento de mundo.
O professor precisa criar
mecanismos visando seduzir os educandos a participarem mais ativamente das
aulas, para que o conhecimento seja produzido e compartilhado no ambiente
escolar por todos. Com isso, os alunos começam a ter uma nova visão da
realidade e da sua própria concepção de liberdade.
Devido às influências do meio
social, o homem passa a se ver como seres completos, essa é uma visão passada
pela circunstância da sociedade que acaba criando nos indivíduos um falso sentimento
de completude e conclusão. Com isso, a nossa percepção de liberdade e
responsabilidade se torna obscuro, assim, deixamos de nos analisarmos como
seres inconclusos, e, ainda por cima, temos a ingênua percepção de completude
baseada somente na conjuntura sócio-cultural.
Por ser um incompleto, o homem
precisa ser educado, para conseguir a sua ascensão moral e cultural. Sendo
inteiramente inconcluso, ou seja, sabendo que o homem não nasce pronto, ele
precisa adquirir conhecimentos, por isso, ele passa por um processo de
aprendizagem ao longo da vida, tendo, principalmente a influência social como a
formação incipiente. Portanto, o homem acaba seguindo o conjunto de regras
imposto pela sociedade.
O professor (a) precisa auxiliar o
educando na sua constante peregrinação em busca de se completar como Ser Humano
racional e consciente de seu papel na sociedade. E assim sendo, o educador
precisa desenvolver a criticidade epistemológica entre os educandos, para que
eles possam ter uma nova concepção da realidade, e que a influência negativa do
meio social não seja a base da formação do cidadão.
A
verdadeira função do professor no ambiente escolar.
É de fundamental importância
exaltar o papel do professor como o de um profissional consciente sobre a sua
responsabilidade de orientador do Ser educando, principalmente no
direcionamento do mesmo, na sua formação de opiniões, sobretudo para os
assuntos sócio-econômicos do mundo.
“Do
ponto de vista dos interesses dominantes, não há dúvida de que a educação deve
ser uma prática imobilizadora e oculta de verdades”. Com esse fragmento relatado
por Paulo Freire, podemos compreender que o principal interesse da classe
predominante, é desenvolver mecanismos educacionais, nos quais a veracidade de
fatos é sempre ocultada e distorcida. Esse protótipo educativo serve,
basicamente para viabilizar uma completa manipulação do Ser educando.
Quando o
educador aperfeiçoa a intuição crítica do educando, consegue fundamentar no principiante, uma nova forma analítica da realidade,
pensando e aprofundando os seus conhecimentos sobre os problemas gerados pelo
sistema político vigente. Com isso, os educandos não se posicionam passivamente
perante esses problemas, mas começam a articular meios sucintos para tentar
minimizá-los.
“Sou professor a favor da decência contra o despudor, a favor
da liberdade contra o autoritarismo, da autoridade contra a licenciosidade, da
democracia contra a ditaduta de direita ou de esquerda (...). Sou professor
contra a ordem capitalista vigente que inventou esta aberração: a miséria na
fartura”.(pag.102-103).
O papel do professor, como nos disse
Paulo Freire no trecho acima, é muito mais abrangente do que simples
“transmissor de conhecimentos”. O conteúdo das disciplinas pedagógicas não pode
ser considerado mais importante do que a formaçao sócio-cultural dos educandos.
Entao, a passividade e o conformismo acrítico do aluno perante os problemas
gerados através de práticas políticas e econômicas, deve sefrer inalteráveis
contestações por parte do professor.
O professor
precisar promover uma ampla conscientização do educando, através da criticidade
epistemológica, para que a classe dominante não consiga exercer o controle
sobre a classe desprovida de recursos materiais e sem instrução cultural. O
aluno não pode se conformar com o discurso fatalista do neoliberalismo. Ele
precisa ter uma percepção da realidade e dos problemas gerados por essa prática
de tentativa de dominação da classe periférica.
Com o fortalecimento do
capitalismo, a divisão de classes se intensificou ainda mais. Com isso, o
principal objetivo da classe majoritária consiste em criar mecanismos que visam
dominar cultural e socialmente a classe desfavorecida economicamente.
Cabe ao professor incentivar a
discusão sobre assuntos dessa natureza, visando promover uma maior
conscietização em relação aos problemas gerados pelo neoliberalismo. O papel do
professor não pode se restringir somente ao conteúdo pedagógico, mas sim na sua
formação sócio-cultural.
Bibliografia
FREIRE; Paulo. Pedagogia da Autonomia. São Paulo: Paz e
Terra,2008
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