terça-feira, 29 de novembro de 2016

Consciência Negra - Escola Estadual Monsenhor Rocha












































Sociedades pré-colombianas

Ø Os Maias

Em 700 a.c., aproximadamente, uma importante sociedade surgiu na península de Yucatan, situada na América do Norte e a América Central: a dos Maias. Durante o período de sua formação, essa sociedade herdou vários elementos das culturas dos povos que habitavam a região, como os Olmecas. Por volta de 317 de nossa era, os maias já ocupavam extensas regiões do que conhecemos hoje como o México, Honduras e Guatemala.
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Ruínas maias - Honduras
A sociedade maia destacou-se, entre outros aspectos, por uma forma de organização política original: ela se desenvolveu em torno de centros urbanos autônomos, ligados por uma relativa unidade cultural, sem no entanto constituir um império centralizado. O período áureo dessa sociedade ocorreu entre 1000 e 1400. Nessa fase, o centro da península de Yucatan foi ocupado por outro povo, os toltecas, que aí fundou a cidade de Chichén Itzá. Essa ocupação acabou resultando na fusão das culturas maia e tolteca.
Extremamente religiosos, os maias construíam suas cidades em volta de um núcleo formado por templos, pirâmides e palácios. Nas proximidades desse núcleo, ficavam as casas das pessoas mais ricas.
Temidos e respeitados, os sacerdotes, por sua vez, desempenhavam funções particularmente importantes: presidiam cultos e as cerimônias religiosas e dirigiam toda a vida intelectual da sociedade. Entre eles havia astrônomos, matemáticos, adivinhos e administradores. A estrutura social se caracterizava pela existência de camadas rigidamente separadas, entre as quais não havia mobilidade social.
            Sabe-se que os maias criaram uma espécie de escrita hieroglífica, mas seus manuscritos foram quase todos destruídos durante a conquista espanhola. Restaram apenas alguns tratados sobre a astronomia, astrologia e ritos religiosos. Sabe-se também que, após a conquista, os nativos redigiram algumas crônicas em língua espanhola, preservando parte da tradição maia.
            Indiscutivelmente, os maias foram notáveis em diversos campos do saber, mas dois aspectos chamam a atenção ao estudarmos essa sociedade. Eles não utilizavam nenhum animal de tração ou montaria – por isso os meios de transporte e os trabalhos pesados dependiam da força humana – e desconheciam a roda e o torno, o que restringia sua ação sobre a natureza. Essa limitação, contudo, não impediu que construíssem uma das mais avançadas sociedades da América pré-colombiana.

Ø  Os Astecas

Os astecas viviam originalmente no noroeste do México atual. No século XIV da nossa eram, provavelmente por terem sido expulsos de seu território por povos inimigos, eles foram obrigados a se deslocar para o planalto central do México. No novo espaço, tornaram-se agricultores, sem perder os hábitos guerreiros, pois se viam constantemente envolvidos em disputas com as populações vizinhas pelas reservas de água potável e pelas áreas de cultivo.
     As disputas com outros povos pela posse do território e a necessidade de realizar obras para a prática da agricultura, como a drenagem dos pântanos, conduziram, aos poucos, à concentração do poder em três das principais cidades da região: Texcoco, Tlacopán e Tenochitlán. Essas cidades controlavam diversos povos que habitavam as áreas situadas entre o golfo do México e o oceano pacífico e recebiam tributos das populações subjugadas. Por volta de 1440, quando teve início o governo de Montezuma em Tenochtitlán, estima-se que esse verdadeiro império somava-se cerca de 15 milhões de habitantes.

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Ilustração da cidade de Tenochtitlán,  capital do império Asteca. 

Entre os astecas, a autoridade máxima era exercida por um soberano. Também poderosos devido às guerras constantes, os militares ocupavam posição de destaque na hierarquia social.
No topo da organização social ficavam os sacerdotes e os dignitários civis e militares. Eles formavam a aristocracia. Os sacerdotes, por exemplo, presidiam os cultos religiosos e tinham sob sua responsabilidade a educação dos filhos dos dignitários nos calmecac, a direção dos hospitais, a guarda dos livros sagrados e dos manuscritos históricos. Graças às doações recebidas dos soberanos e de particulares, não raro eles acumulavam grandes riquezas. Além do prestigio social de que desfrutavam, não pagavam impostos e, às vezes, integravam voluntariamente o exército.
O soberano era eleito, sempre numa mesma família, por um conselho de cem membros controlados por militares e sacerdotes. Atribuía-se a ele origem divina e esperava-se que prestasse homenagem aos deuses e protegesse a população, orientando-a moralmente – por exemplo, contra a embriaguez e o roubo. O soberano era auxiliado por uma espécie de chefe de governo e por uma hierarquia de funcionários.
Além do milho, consumido em forma de massa sobre a qual se aplicava uma pasta de feijão e pimenta amassados, os astecas alimentavam-se de abóbora, batata e inhame. Faziam uso de tabaco sob a forma de charuto ou cachimbo e, em certas ocasiões, ingeriam o octli, um líquido fermentado à base de suco de agave. Também cultivavam o cacaueiro, de cujos frutos extraíam uma bebida chamada xocoatl, que daria origem ao chocolate como o conhecemos hoje.
Como os demais povos pré-colombianos, os astecas também eram politeístas. Seus deuses consistiam em forças da natureza, geralmente identificadas com os astros. Eles acreditavam no mito de que, sem o sangue humano (a “água preciosa”) oferecido ao sol, a engrenagem do mundo deixaria de funcionar. Por isso, procuravam manter um “estoque” de prisioneiros destinados aos sacrifícios. Essa era uma de suas justificativas para a guerra. Eles achavam que, depois de morto, o sacrificado ia morar no céu, nas vastas salas da Casa do Sol, para onde também eram conduzidos os guerreiros mortos em combate.
Também foi a crença na volta de certos deuses que fez com que os astecas vissem sem desconfiança a chegada dos espanhóis, um povo que, recebido com cordialidade, acabaria destruindo seu império.

Ø  Os Incas

Os incas apareceram tardiamente na história dos povos andinos. É possível que eles fossem um dos grupos que compunham o povo quíchua, cujo idioma era falado numa ampla região dos Andes. Mas sabe-se que, no século XII, eles viviam ao redor de Cuzco. A tradição inca atribuía a um de seus ancestrais, Manco Capac, o papel de fundador do Império. Ele e seus sucessores passaram a adotar o título de Inca, nome de uma antiga divindade andina.
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Ruínas da Cuzco - capital do império Inca
Os incas tinham um governo forte e centralizado. A sucessão no poder se dava na família do governante, mas o herdeiro não era necessariamente filho do Inca, e sim o parente considerado mais capaz para assumir o cargo. Por isso, ao final de cada governo, havia grande disputa entre os herdeiros. Uma vez vitorioso, o novo Inca comparecia ao Templo do Sol, onde era entronizado. Investido de poderes exclusivos, ninguém podia encará-lo.
O Império contava com uma vasta rede de estradas e pontes, cuja extensão chegava a 16 mil quilômetros. Em determinados pontos dessa rede havia estabelecimentos, os tampu, que serviam simultaneamente de postos de correio, de centros de produtos artesanais e de armazéns. O Império também era dotado de um eficiente serviço de comunicações, que permitia não só receber ou enviar informações com rapidez, mas também deslocar tropas com relativa velocidade para qualquer parte do território.
A agricultura, principal atividade econômica, dependia em boa parte dos terraços construídos nas encostas da cordilheira e de um sistema de canais para transportar água de fontes localizadas, muitas vezes, a quilômetros de distância. Os Incas cultivavam mais de quarenta espécies vegetais, entre elas, abóbora, vagem, algodão, milho, batata, amendoim e abacate.
A escravidão não era praticada entre os incas, mas havia os chamados “dependentes perpétuos”, ligados aos curacas e ao Inca. Eles não podiam ser trocados ou vendidos, como os escravos, e tinham importância econômica secundária. Ao lado disso havia a mita, uma antiga obrigação de prestar trabalho ao curaca e aos deuses locais, revestida de caráter religioso. Depois da formação do império Inca, essa obrigação passou a ser prestada também ao Inca, o Filho do Sol.
A mita recaía sobre todas as pessoas casadas, que deveriam cuidar das terras e dos rebanhos do Inca e ainda desempenhar as funções que lhes fossem designadas: no exército, nas oficinas de trabalhos artesanais, na construção e manutenção de estradas, pontes e edifícios.

Ø  Os povos indígenas brasileiros

Os primeiros habitantes que os portugueses encontraram ao desembarcar em terras americanas adotaram, em geral, uma atitude amistosa em relação aos conquistadores. Estes, ao perceber que eles falavam entre si línguas parecidas e tinham certos hábitos semelhantes, chamaram os indígenas de tupis.
Os portugueses não sabiam, no entanto, que os tupis não eram um só grupo, mas englobavam numerosos povos, com grande diversidade cultural e religiosa. Foi exatamente com esses indígenas do litoral que os portugueses mantiveram maior contato e aprenderam as primeiras regras de sobrevivência no continente que então começavam a explorar.
Os tupis se organizavam em tribos compostas de unidades menores, as aldeias, que mantinha entre si interesses comuns. Além disso, a divisão do trabalho era feita de acordo com o sexo e a idade. As mulheres, além dos afazeres domésticos, ocupavam-se da agricultura e da coleta e colaboravam na pesca. Encarregavam-se de preparação do cauim – bebida fermentada à base de mandioca – e de muitas atividades artesanais, como tecer redes, trançar cestos, fazer tapetes etc.
Além da derrubada da mata e da preparação da terra para o plantio, os homens ocupavam-se da caça, da pesca e do fabrico de canoas, armas de guerra e instrumentos de trabalho. Deviam erguer as habitações, defender a aldeia, tomar parte na guerra e executar os prisioneiros, se sua tribo praticava a antropofagia. Também eram os homens que exerciam a função de curandeiros.
A finalidade da guerra, entre os indígenas, era manter o domínio tribal sobre os territórios ocupados, vingar a morte de parentes, ou ainda fazer prisioneiros para o ritual antropofágico. A antropofagia servia para expressar o ódio ao inimigo e a vontade de adquirir as qualidades de bravura do guerreiro morto.

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Ilustração de um ritual de antropofagia 

Entre os antigos tupinambás, o prisioneiro de guerra era propriedade daquele que o tinha capturado. O proprietário podia mesmo dá-lo de presente a outros indivíduos, parentes seus. Mas o prisioneiro não se destinava a produzir bens para seu proprietário; este, depois de algum tempo, sacrificava-o no ritual antropofágico, ganhando assim mais um nome.

domingo, 27 de novembro de 2016

A formação geográfica e política dos EUA

            Dentre os aspectos mais significativos da história norte-americana ao longo do século XIX, destacaram-se o processo de industrialização concentrado na região leste e a expansão territorial para o Oeste. Esses processos históricos não se dissociaram, uma vez que a expansão industrial estimulou um expressivo movimento migratório. Calcula-se que, entre 1820/30 e 1920, aproximadamente 32 milhões de europeus entraram pela costa leste nos EUA. Como nesse país não havia um campesinato livre para ser expropriado e expulso das zonas rurais, dando origem, assim, a um “exército de reserva de mão-de-obra”, a solução imigrantista foi o caminho mais natural.
            Milhares desses imigrantes, atraídos pela possibilidade de empregos nas fábricas do Leste, num segundo momento acabaram se dirigindo para o Oeste, devido às facilidades de acesso à terra, contribuindo dessa maneira para a expansão territorial, o surgimento de milhares de pequenos e médios proprietários e a incorporação de novos estados à União.
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Marcha para o Oeste
            Os EUA queriam se expandir para o norte e ocupar as terras de colonização inglesa no Canadá. A sede expansionista dos norte-americanos acirrou ainda mais as tensões com os ingleses – com quem já estavam envolvidos em disputas comerciais. De todo modo, o confronto acabou alimentando a tendência isolacionista das elites norte-americanas, ou seja, sua predisposição para não interferir nos problemas europeus e de não permitir ingerências europeias nos assuntos internos dos países do continente.
            Independentemente da atitude política adotada pelo governo em relação às nações europeias, a expansão territorial prosseguia a todo vapor. Continuava o fluxo migratório para o Oeste, um território hostil devido às condições naturais adversas e à maciça presença de índios, mas ao mesmo tempo atraente por possibilitar a formação de grandes fortunas a partir da exploração do ouro ou da criação de gado. A ocupação desse território se tornou lendária na história do país e foi chamada de Marca para o Oeste.
            Ao mesmo tempo que adotava uma política de aquisição de territórios de uma maneira pacífica, os EUA partiram para guerras de conquistas, nas quais as maiores vítimas foram os indígenas e os mexicanos. Em 1836, colonos norte-americanos fixados no território do Texas, então pertencente ao México, proclamaram a independência da região, depois de vencer as tropas do governo mexicano. Quase dez anos depois, em 1845, os Estados Unidos anexaram o Texas a seu território, o que foi o estopim da guerra contra o México no ano seguinte. Ao final do conflito, o governo mexicano reconheceu a perda de sua antiga província e cedeu ao poderoso vizinho do norte as regiões da Califórnia, Colorado, Novo México, Nevada e Arizônia, recebendo a título de recompensa cerca de 15 milhões de dólares.
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O destino manifesto 
            Com a expansão, os EUA se tornaram um dos maiores países do mundo. Dotado de enormes reservas de recursos naturais, seu território se estendia agora do oceano atlântico ao oceano pacífico.
            A região do Norte dos EUA era industrializada, em contraste com os estados do Sul, predominantemente agrícola. A principal característica das zonas rurais sulistas consistia na plantation, grande propriedade monocultora, cuja produção, voltada para a exportação, dependia do trabalho escravo. O Sul produzia grande quantidade de algodão, exportado principalmente para a Inglaterra, onde era utilizado na indústria têxtil em franca expansão.
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Guerra de secessão - Norte x Sul
            A burguesia do Norte do país fazia sérias restrições aos senhores de terras do Sul. A maior crítica dizia respeito ao trabalho escravo, que, acreditavam, deveria ser extinto e gradativamente substituído pelo trabalho assalariado; dessa forma, os trabalhadores sulistas poderiam comprar os produtos fabricados no Norte. Além disso, a população do Norte apoiava o protecionismo alfandegário, isto é, o aumento das taxas de importação, para que os produtos nacionais concorressem no mercado interno em igualdade de condições com os produtos ingleses e de outras procedências.
            A aristocracia rural do Sul, interessada em continuar vendendo seus produtos à Inglaterra e importando os artigos manufaturados de que necessitava, batia de frente com o Norte ao defender o livre-cambismo, ou seja, uma política de liberdade comercial sem taxas protecionistas.
            A essas diferenças de origem econômica se somavam outras, de fundo cultural. No norte, havia um grupo empresarial dinâmico e empreendedor, interessado no desenvolvimento nacional. No Sul, porém, continuava a predominar uma mentalidade rural, aristocrática, voltada aos interesses regionais; por isso mesmo, dava-se mais importância à autonomia dos estados do que ao fortalecimento do país.
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Abraham Lincoln 
            Em meio a esses embates, em 1860 foi eleito presidente Abraham Lincoln, membro do Partido Republicano. Adepto de uma política protecionista, Lincoln opunha-se à escravidão e aos espírito autonomista dominante nos estados do Sul. A reação das elites na Carolina do Sul, um dos estados escravistas, foi proclamar sua separação do restante do país. Em seguida, dez outros estados sulistas fizeram o mesmo. Juntos, eles formaram uma nova estrutura política nacional, os Estados Confederados da América.
            Em 12 de abril de 1861, tropas confederadas tomaram de assalto o forte Sumter, na Carolina do Sul, defendido por forças do governo. Três dias depois, Lincoln declarou guerra à Confederação. O conflito que se seguiu seria mais tarde considerado a primeira das grandes guerras modernas, com um saldo de 620 mil mortos.
            As condições do Norte no confronto eram de indiscutível superioridade. Mais industrializado do que o Sul, contava também com uma malha ferroviária mais extensa e moderna. Além disso, as armas de que dispunha eram produzidas em suas próprias fábricas, enquanto a Confederação dependia da importação de material bélico. As duas populações também eram desiguais em número e na composição social e étnica. Enquanto o Norte somava 23 estados, com uma população de 28 milhões de pessoas – constituída em quase sua totalidade de pessoas livres, descendentes de europeus -, o Sul contabilizava onze estados com 9 milhões de habitantes, um terço dos quais escravos de origem africana. Para complicar ainda mais a situação do Sul, a Confederação também não conseguiu apoio à sua causa no exterior: a escravidão era, a essa altura, condenada pela opinião pública de todas as grandes nações.
            Não constituiu surpresa, portanto, que os sulistas tenham sido derrotados, apesar de sua forte resistência. Depois de quatro anos de sangrentos combates, os nortistas venceram em Appomattox, na Virgínia, a última batalha da guerra. Em 1863, ainda durante o conflito, Lincoln decretou o fim da escravidão nos estados rebeldes. No ano seguinte, conseguiu se reeleger presidente dos EUA, mas não chegaria a exercer o segundo mandato. Em 14 de abril de 1865, quatro dias depois do fim da guerra, Lincoln foi assassinado no interior de um teatro pelo ator sulista John Booth.
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Organização racista - Ku Klux Klan
            Em 1867 surgiu o exemplo mais forte de segregação racial nos EUA: a Ku Klux Klan. Criada por veteranos sulistas da Guerra de Sucessão, essa sociedade secreta tentou impedir, a qualquer custo, que os negros exercessem seus direitos após o fim da escravidão. Recorrendo a meios extremos, como a tortura e o linchamento de pessoas de origem africana, integrantes da Ku Klux Klan, mascarados e encapuzados, passaram a espalhar o terror no Sul do país, assassinando, indiscriminadamente, homens, mulheres e crianças.

            Em 1877, a justiça norte-americana proibiu o funcionamento da organização, que ainda assim continuou a agir na clandestinidade. Prova disso é que, nos anos de 1920, a Ku Klux Klan chegou a reunir em suas fileiras 1 milhão de defensores da segregação racial. Ainda hoje ocorrem nos EUA ações anti-raciais isoladas, resquícios do ódio articulado pela Ku Klux Klan. 

sábado, 26 de novembro de 2016

Transição para a democracia e sua consolidação

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Movimento das diretas-já
                As disputas dentro do partido governista pela indicação do nome do candidato à sucessão produziram uma ruptura: vários deputados e senadores deixaram o PDS, formando, juntamente com o PMDB, a “Aliança Democrática”, que apoiou o nome de Tancredo Neves contra Paulo Maluf, o candidato oficial.
                Nesse contexto de conciliação política, a vice-presidência do bloco oposicionista foi oferecida a José Sarney, ex-presidente do PDS, cujo apoio ao candidato Tancredo Neves, no Colégio Eleitoral, facilitou a vitória deste em 15 de janeiro de 1985. Finalmente, ainda que por meio de uma eleição indireta, o Brasil tinha um presidente civil, depois de 21 anos.
                Um dia antes de sua posse, marcada para o dia 15 de março, Tancredo Neves, ex-governador de Minas Gerais, foi hospitalizado, vindo a falecer no dia 21 de abril. O vice-presidente assumiu e, no ano seguinte, foi convocada a Assembleia Nacional Constituinte, eleita no dia 15 de novembro de 1986. Esta elaborou a atual Constituição do País, denominada pelo presidente da Constituinte, o deputado Ulysses Guimarães, de “Constituição Cidadã”, devido aos grandes avanços obtidos no que diz respeito à conquista da cidadania plena.
                Durante o governo Sarney foram efetuados vários “choques” na economia objetivando a contenção da hiperinflação e a estabilidade monetária: “Plano Cruzado”. Em linhas gerais, esses planos previram congelamento de preços e salários e mudança de moeda.
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José Sarney e Tancredo Neves
                Contudo, o plano obteve resultados apenas imediatos, mas que não foram suficientes para solucionar de forma definitiva os problemas da economia do país. Dessa forma, o governo Sarney transferiu para seu sucessor um quadro grave e preocupante (desorganização da economia e hiperinflação). No final de 1989, a inflação atingiu o patamar de 1.000% ao ano. Assim, percebe-se que a “Nova República” conseguiu grandes avanços no campo da democracia política, mas, ao mesmo tempo, não representou uma ruptura no âmbito estrutural, com modelos econômicos dependentes e concentradores de renda.
                A 15 de novembro de 1989, com a realização do primeiro turno das eleições presidenciais, após 29 anos a sociedade brasileira resgatou o legítimo direito de eleger o seu presidente da República. A profusão de candidatos e de siglas partidárias, muitas delas criadas para a ocasião, revelou, em parte, a própria fragilidade e inconsistência programática da maioria dos partidos.
                Incapaz de articular uma candidatura de consenso, os setores conservadores da sociedade brasileira assistiram à ascensão meteórica do até então obscuro ex-governador de Alagoas, Fernando Collor de Mello, que, com uma campanha com fortes apelos populistas e personalistas (compromisso com os “descamisados”, descompromisso com partidos, moralização das instituições, combate à corrupção, “caça aos marajás”, etc), chegou ao segundo turno com juntamente com Luiz Inácio Lula da Silva, do partido dos trabalhadores, que reuniria em torno de si amplos setores de esquerda, formando a Frente Brasil Popular.
                O segundo turno das eleições, realizado a 17 de dezembro de 1989, apontou a 
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Debate entre Collor e Lula - 19989
vitória de Fernando Collor, do Partido da Reconstrução Nacional (PRN), com 42% do votos válidos, em grande parte devido a um forte esquema de financiamento por parte de amplos setores do empresariado nacional temeroso ante uma possível vitória da esquerda (principalmente Roberto Marinho – comandante da rede Globo). É importante considerar, portanto, que Collor contou com o aval das elites, encantadas com seu discurso a favor da “modernidade” e, como se confirmou depois, conscientes de que o clientelismo político, o favorecimento aos grandes grupos políticos e a concentração de renda teriam continuidade.
                Deve-se frisar que o desemprego, a concentração de renda, déficit público, dívida externa, dívida externa, dívida social e concentração fundiária não foram “atacados” pelo governo. Como consequência, em poucos meses assistiu-se ao fracasso de mais um “choque”. Estagnação econômica e altos índices de inflação voltaram a fazer parte do cenário da economia, acompanhados de denúncias de corrupção e da ampliação da própria crise política.
                Em maio de 1992, Pedro Collor, irmão do presidente, fez várias denúncias apontando a existência de um poderoso esquema de corrupção, no qual estava envolvido, como figura central, o empresário Paulo César Farias, o “o tesoureiro da campanha” do presidente. Esse esquema implicava em acordos escusos, cobranças de comissões para beneficiar empresas que tinham negócios com órgãos do governo e ministérios, tráfico de influência, favorecimento em licitações e dilapidação do patrimônio público. E o mais grave disso tudo era o fato de que o próprio presidente tinha conhecimento e participava desse esquema.
                Ao mesmo tempo em que se instaurava uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para investigar as denúncias, outras irregularidades do governo Collor vinham à tona: entrada ilegal de dólares no país, maquiagens contábeis, “serviços prestados” por “empresas de fachada”, correntistas fantasmas e manutenção, com verbas públicas, da própria família do presidente e de pessoas ligadas ao primeiro escalão do governo. O envolvimento do próprio presidente no “esquema PC” foi ficando cada vez mais claro à medida que as investigações avançaram.

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          Paralelamente aos trabalhos da CPI, iniciaram-se manifestações de rua que mobilizaram os chamados “caras pintadas”. A indignação tornou-se geral com o aparecimento de provas irrefutáveis envolvendo Fernando Collor. A 29 de setembro de 1992, realizou-se, na câmara dos deputados, a votação que decidiu o destino do presidente: 441 deputados votaram a favor do Impeachment, 38 contra, uma abstenção e 23 ausências. Assumiu então, em caráter definitivo, Itamar Franco, vice-presidente de Collor e que exercia interinamente a presidência desde que a Câmara dos Deputados aprovara o pedido de impeachment.
                No governo Itamar Franco, o ministro da Fazendo Fernando Henrique Cardoso colocou em execução mais um plano de combate à inflação: o Plano Real. Em julho de 1994, o cruzeiro real foi substituído pelo real. As taxas de inflação mantiveram-se baixas durante o segundo semestre do mesmo ano.
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Fernando Henrique Cardoso
                Em 1994, as eleições presidenciais apontaram a vitória de Fernando Henrique Cardoso, do Partido da Social Democracia Brasileira (PSDB). Sua vitória foi creditada pelos especialistas a dois fatores básicos: o êxito no combate à inflação, com a criação do plano real, e o apoio político do Partido da Frente Liberal (PFL). Nos primeiros meses 1995, o novo governo enviou ao Congresso Nacional um conjunto de propostas de reformas consideradas essenciais: reforma da previdência, reforma tributária, reforma fiscal e abertura de setores monopolizados à iniciativa privada.
                A estabilidade financeira e a sólida manutenção da base parlamentar, viabilizou a aprovação de uma emenda parlamentar, que viabilizou a aprovação de uma emenda à Constituição, no princípio de 1998, garantindo o direito à reeleição aos ocupantes de cargos do Poder Executivo (presidente, governadores e prefeitos). Assim, contando ainda com amplo apoio da sociedade brasileira, Fernando Henrique Cardoso garantiu a reeleição, ainda no primeiro turno das eleições de 1998.
                Durante o seu mandato destacou-se a aceleração do processo de privatizações, possibilitando que grandes empresas estatais dos setores siderúrgicos e de telecomunicações, por exemplo, passassem para a iniciativa privada, como a Vale do Rio Doce e a Companhia Siderúrgica Nacional de Volta Redonda.
                Ao final de seu segundo mandato, o presidente Fernando Henrique Cardoso já não possuía a mesma popularidade da época de consolidação do Plano Real. A maioria esmagadora da sociedade brasileira ansiava por reformas significativas e mudanças na política econômica até então adotada, a qual havia gerado uma enorme massa esmagadora de desempregados, sobretudo nas regiões metropolitanas.
                Foi nesse contexto que, nas eleições presidenciais de 2002, a maioria dos eleitores confiou na proposta do Partido dos Trabalhadores e elegeu Luiz Inácio Lula da Silva – no segundo turno, Lula derrotou o candidato do PSDB, José Serra, ex-ministro da saúde do governo Fernando Henrique.

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Luiz Inácio Lula da Silva recebendo a faixa presidencial. 

                Os prognósticos pessimistas a respeito da economia brasileira (risco de retorno da inflação, especulação no câmbio e o “risco Brasil” – indicador definido por instituições financeiras internacionais que mede grau de confiabilidade do país) ao final do mandato de FHC também contribuíram para a vitória do Lula. Esta foi facilitada pela garantia apresentada pelo então candidato, durante a campanha eleitoral, de que os contratos firmados entre o governo brasileiro e as instituições financeiras internacionais seriam integralmente respeitados, ou seja, não haveria risco de “calote”.
                No plano interno, amplos setores da burguesia industrial brasileira também viriam em Lula uma opção a favor do crescimento do setor produtivo da economia. Nos primeiros meses de seu mandato, contrariando as expectativas negativas de amplos setores conservadores da sociedade brasileira, observou-se a manutenção de muitas das tendências seguidas pelo governo anterior. A preocupação básica continuou sendo a estabilidade monetária. Para tal, adotou-se um regime de metas inflacionárias que, para serem alcançadas, implicou na preservação de taxas de juros bastante elevadas.

                A balança comercial do país apresentou saldos favoráveis e crescentes. Em 2004, as exportações brasileiras totalizaram quase 100 bilhões de dólares. Nesse mesmo ano, alguns indicadores apontavam uma redução, mesmo que modesta, dos índices de desemprego e o PIB cresceu mais de 5%. A vitória de Lula simbolizou a vitória de um projeto social alternativo para a consolidação da cidadania plena do país. 

O governo democrático de Getúlio Vargas

Eleição de Getúlio Vargas - 1950               "Bota o retrato do velho outra vez... bota no mesmo lugar". Assim começava a marchi...