quarta-feira, 10 de outubro de 2018

A Revolta de Túpac Amaru

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Túpac Amaru 

      Como parte de sua política colonial, a coroa espanhola delegava a curacas a responsabilidade de governar, em nome dela, as populações indígenas do Vice-Reino do Peru. Esses curacas eram batizados com nomes cristãos e estudavam em colégios católicos, onde aprendiam valores e conhecimentos presentes na cultura espanhola.
       Um desses curacas, José Gabriel Condorcanqui, descendia da nobreza inca e tinha sido finamente educado, tendo frequentado inclusive a Universidade de São Marcos, cujo currículo era semelhante ao da universidade espanhola de Salamanca. Por seu carisma e preparo. Condorcanqui assumiu a liderança de diversos pueblos (povoados) localizados na província de Tinta, no vice-Reino do Peru. Cada Pueblo tinha o dever de pagar à coroa espanhola um imposto e de enviar um certo número de indígenas para o cumprimento da mita, trabalho forçado realizado durante um parte do ano.
        Na segunda metade do século XVIII, as autoridades espanholas aumentaram os impostos cobrados dos pueblos e endureceram o controle sobre esses povoados, diminuindo, com isso, o poder dos curacas.
        Vendo que a opressão sobre os mitayos (trabalhadores obrigados ao cumprimento da mita) aumentava e que o poder dos curacas tinha diminuído, Condorcanqui tentou negociar com as autoridades. Solicitou que os indígenas de seus pueblos não tivessem mais de cumprir com a mita nas minas de São Luís do Potosí, região alta e muito fria, na atual Bolívia. Ele justificou seu pedido, argumentando que os mitayos tinham de caminhar meses para chegar às minas, que adoeciam no caminho e que abandonavam suas plantações sem cuidados por longo tempo. E acrescentou que, nas minas, as mortes por soterramento eram frequentes.
        Nada disto comoveu os representantes da Espanha; Gabriel Condorcanqui adotou o nome de Túpac Amaru, nome do último líder da resistência inca aos espanhóis, e optou então pela revolta. O levante teve início em novembro de 1780, com a prisão, seguida de enforcamento, do corregedor Antônio Arriaga, autoridade colonial responsável pela cobrança de impostos e pela distribuição dos indígenas nos locais de trabalho.
À frente das forças rebeldes, compostas de dezenas de milhares de indivíduos, indígenas em sua maioria, Túpac Amaru marchou em direção a Cuzco, antiga capital inca. Os realistas, no entanto, com reforços chegados de Lima, conseguiram refrear os rebeldes. Túpac Amaru recuou com sua gente para Tinta, onde chegou a assinar um documento abolindo a mita e todas as formas de trabalho forçado nas minas e manufaturas.
Em abril, os realistas ajudados por criollos e alguns curacas cercaram os rebeldes provocando muitas baixas entre eles. A seguir, Túpac Amaru e seus principais colaboradores sofreram uma emboscada e foram capturados. Em 18 de maio de 1781, Túpac Amaru foi enforcado na praça central de Cuzco, teve sua língua cortada e seu corpo esquartejado; sua cabeça foi exposta em diferentes pontos da cidade. A Revolta de Túpac Amaru teve importantes desdobramentos no Vice-Reino do Peru: os curacas perderam as prerrogativas que tinham e o medo de um levante da maioria indígena contra uma minoria branca assombrou as elites locais durante muito tempo ainda.

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