ERNESTO GEISEL |
O general Ernesto Geisel tornou-se o
quarto presidente do regime militar em um momento de mudança do cenário
econômico. O aumento dos preços do petróleo no mercado internacional e a
excessiva dependência brasileira de recursos e investimentos estrangeiros dificultavam
a manutenção das taxas de crescimento e pressionavam a inflação. O “milagre
econômico” mostrava o preço a ser pago por uma política de estímulo ao ingresso
de capital especulativo no país e de forte endividamento externo.
A
insatisfação cresceu entre a classe média e as camadas populares. O MDB ganhou
força e conseguiu, nas eleições parlamentares de 1974, vitórias importantes nos
estados de São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais e Pernambuco. Além de quase
duplicar sua bancada de deputados, o MDB elegeu diversos senadores e aumentou
sua força no Congresso Nacional. A ditadura iniciava um lento processo de
distensão.
O
governo, contudo, tomava medidas para retardar a abertura democrática. A repressão
e a tortura prosseguiram nos porões dos órgãos de segurança.
No
dia 25 de outubro de 1975, Vladimir Herzog, chefe de jornalismo da TV Cultura,
foi encontrado morto numa cela do DOI-CODI (Destacamento de Operações e
Informações do Centro de Operações de Defesa Interna), órgão subordinado à
Segunda Divisão do Exército, na cidade de São Paulo.
Herzog
fora convocado para prestar depoimento sobre supostas ligações com o PCB. Oficialmente,
o jornalista teria se enforcado na prisão. No entanto, sabia-se que ele havia
morrido durante uma sessão de tortura. A cerimônia fúnebre em sua homenagem foi
celebrada em são Paulo e contou com a participação de aproximadamente 10 mil
pessoas.
Ninguém
foi punido e as torturas continuaram. No ano seguinte, o metalúrgico Manoel
Fiel Filho, também suspeito de manter ligações políticas com o PCB, morreu no
mesmo local e em situação semelhante à de Herzog.
Apesar
da permanente repressão violenta, a circulação da notícia da morte de Herzog,
embora controlada, mostrou que os mecanismos de censura haviam afrouxado
ligeiramente, passando a impressão de que o país começava a mudar.
JOÃO BATISTA FIGUEIREDO |
O
general João Batista Figueiredo sucedeu Geisel em 1979, sendo o último
presidente militar do Brasil. Seu governo caracterizou-se pelo crescente
desgaste político do regime militar e pelo processo de abertura política, que,
nas palavras de Geisel, deveria ser realizada de maneira “lenta, gradual e
segura”.
O
primeiro passo para a abertura foi a promulgação da Lei da Anistia, em agosto
de 1979, que permitiu a volta dos exilados políticos e a libertação de acusados
de crimes políticos. Essa mesma lei, entretanto, anistiou os envolvidos na
repressão, impedindo a punição dos responsáveis por perseguições, torturas e
assassinatos realizados pelos órgãos de segurança do Estado.
Outro
indício do avanço democrático foi a reforma política, que permitiu o retorno do
sistema pluripartidário ao país. No lugar da Arena e do MDB foram fundados,
respectivamente, o Partido Democrático Social (PDS) e o Partido do Movimento
Democrático Brasileiro (PMDB).
Após
a promulgação da Lei da Anistia, em 1979, muitos políticos retornaram do exílio
e participaram da formação de novos partidos, retomando a atividade política. Entre
eles estavam o ex-governador do Rio Grande do Sul Leonel Brizola e o
ex-governador de Pernambuco Miguel Arraes.
As
primeiras eleições disputadas pelos novos partidos ocorreram em 1982. Houve eleições
diretas para os governos dos estados, para prefeitos (exceto das capitais) e
para os cargos do Legislativo municipal, estadual e federal.
As
eleições presidenciais, no entanto, continuavam sedo realizadas por via
indireta. No final do governo Figueiredo, foi apresentada uma emenda
constitucional que estabelecia a escolha do próximo presidente do Brasil pelo
voto direto.
Uma
ampla mobilização popular, de apoio à emenda, resultou em grandes comícios em
várias partes do Brasil, cujo slogan era “Diretas-já”. No entanto, apesar da
grande repercussão da campanha, a emenda foi rejeitada pela Câmara dos
Deputados. O próximo presidente ainda seria eleito por via indireta.
No
início de 1985, Tancredo Neves, candidato pela Aliança Democrática, uma frente
ampla de partidos da oposição, foi eleito presidente da República pelo Colégio
Eleitoral, derrotando Paulo Maluf, candidato do PDS, o partido de apoio ao
governo. Instituído pelos militares em 1973, o Colégio Eleitoral era composto
do Congresso Nacional e de delegados das Assembleias Legislativas estaduais.
Em
razão de problemas de saúde, no entanto, Tancredo não assumiu o cargo. No seu
lugar, foi empossado o vice, José Sarney, que havia apoiado o governo militar e
chegou a liderar o partido situacionista, migrando para a oposição pouco antes
das eleições. Tancredo morreu dois depois após a posse de Sarney, e o Brasil, governado
por um presidente civil, começava a superar os 21 anos de regime militar.
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