terça-feira, 9 de outubro de 2018

Roma Antiga


       A região do Lácio, na península Itálica, possui muitos rios e seu litoral é banhado pelo mar Mediterrâneo. No século VIII a. C., essa região era habitada por diferentes povos que, mais tarde, deram origem à civilização romana.
        Ao norte da península viviam os lígures, nativos da região. A costa ocidental, por sua vez, era habitada por povos de diversas origens. Eles migraram para essa região por causa do solo fértil, da facilidade de navegação pelo rio Tibre e do relevo montanhoso, que auxiliava na defesa das aldeias. Entre esses povos, estavam os italiotas (latinos, sabinos samnitas) e os etruscos.
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        Nessa época, também se estabeleceram na península outros povos, entre eles os gregos e cartagineses, que fundaram colônias na região e passaram a disputar o domínio das rotas comerciais no Mediterrâneo.
        Roma foi fundada em 53 a. C., na região do Lácio, com a unificação de aldeias latinas e sabinas. Alguns estudiosos acreditam que os responsáveis por essa unificação foram os etruscos.
        No século VIII a. C., os etruscos habitavam uma região da península Itálica que ficou conhecida como Etrúria. Nessa região, rica em jazidas de ferro e cobre, eles fundaram cidades prósperas como Tarquínia, Volterra e Arezzo.
        Os romanos mantinham intenso contato com os etruscos, dos quais herdaram grande parte de sua cultura. Com eles, aprenderam técnicas agrícolas, urbanísticas e arquitetônicas e métodos de organização militar e administrativa. Além disso, absorveram algumas crenças religiosas e o gosto por diversões, danças e jogos, como corridas e lutas. Em razão dessa grande influência, alguns estudiosos chamam Roma de “filha da Etrúria”.
        Além dos etruscos, os romanos foram muito influenciados pelos gregos. Já havia colônias gregas no sul da península Itálica e na Sicília desde o século VII a. C., e, dessa forma, os gregos conviveram com os romanos durante séculos.
        Assim, muitos elementos da cultura grega foram incorporados pelos romanos. Dos gregos, os romanos incorporaram e adaptaram o alfabeto, vários conceitos e ideias, além de grande parte de sua arte e sua mitologia.
        Os habitantes de Roma estabeleceram uma organização política com base nas gentes (plural de gens), grandes sociedades familiares chefiadas por um patriarca (denominado pater famílias). O patriarca era responsável pelo culto familiar, e tinha poderes para controlar a vida de seus parentes e subordinados.
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Rei etrusco
        Até 509 a. C., os romanos foram dominados pelos etruscos, que impuseram a monarquia como forma de governo. O rei etrusco era o governante supremo, responsável pelo controle administrativo, judicial, militar e religioso.
        Nessa época, a sociedade romana subdividia-se em quatro grupos principais: patrícios, plebeus, clientes e escravos. Os patrícios se diziam descendentes dos pater famílias, membros fundadores de Roma. Eles faziam parte do Senado, e eram os únicos que participavam das decisões políticas.
        Os plebeus formavam a massa de trabalhadores, como agricultores, artesãos, comerciantes e pequenos proprietários. Grande parte deles era descendente de famílias estrangeiras e nem sempre eram pobres. Na época da monarquia em Roma, não tinham direito à participação política.
        Os clientes, por sua vez, compunham uma camada intermediária. Eles eram plebeus que viviam sob a proteção de um patrício, ao qual deviam total fidelidade e respeito.
        Já os escravos eram, em sua maioria, plebeus endividados e constituíam uma camada pouco expressiva da população romana no período monárquico.
        A monarquia vigorou em Roma até cerca de 509 a. C., quando um grupo de patrício revoltou-se contra o rei etrusco Tarquínio II. Descendentes com o domínio estrangeiro, os patrícios expulsaram os etruscos da cidade, derrubaram a Monarquia e implantaram a República. A palavra República vem da expressão em latim res publica, que significa “coisa pública”, ou seja, que é do povo.
        Já nos primeiros anos do regime republicano, os romanos lançaram mão de uma política de expansionismo territorial e econômica a partir da conquista de povos vizinhos.
        Quando o expansionismo romano atingiu o sul da península Itálica, essa região era ocupada por cartagineses, chamados pelos romanos de púnicos. Os cartagineses eram originários de Cartago, uma cidade-estado fundada em 814 a. C., pelos fenícios, no litoral norte da África, local estratégico que lhes possibilitou dominar o comércio no Mediterrâneo. Porém, com suas pretensões de expansão territorial e econômica, Roma entrou em conflito com os cartagineses pelo domínio das rotas comerciais.
        Durante pouco mais de 100 anos, ocorreram três Guerras Púnicas, intercaladas por períodos de relativa paz entre os dois povos. A primeira ocorreu entre 264 e 241 a. C., a segunda, entre 218 e 202 a. C., e a terceira, no período de 149 a 146 a. C. No final das Guerras Púnicas, Cartago, completamente destruída, foi dominada pelos romanos, bem como as rotas comerciais do Mediterrâneo.
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        Uma das principais consequências do expansionismo romano e das guerras de conquista foi o aumento do número de escravos. Em Roma, a escravidão estava presente em quase todos os lugares, tanto no campo como nas cidades. Os escravos, em sua maioria de origem estrangeira, realizavam diferentes tipos de trabalho, como a produção de alimentos, a mineração, a construção de obras públicas e os serviços domésticos.
        O expansionismo da República romana teve profundas consequências sociais. Os pequenos proprietários rurais plebeus que lutavam nas guerras de conquista não podiam cultivar suas terras e acabavam se endividando. Para pagar essas dívidas, eles tinham que entregar suas terras a homens ricos, tanto patrícios quanto plebeus enriquecidos.
        Dessa forma, as propriedades rurais se concentraram nas mãos de poucas pessoas, o que favoreceu a formação de latifúndios. Enquanto isso, famílias plebeias migravam para a cidade de Roma em busca de trabalho, dando início a um processo de êxodo rural. Na cidade, porém, encontravam dificuldade para conseguir um emprego, pois grande parte do trabalho vinha sendo realizada pela crescente população de escravos.
        Diante desse cenário social, os plebeus se organizaram para reivindicar medidas governamentais que aumentassem sua participação política e, consequentemente, melhorassem as suas condições de vida. Por meio de muitas lutas, conseguiram aprovar medidas e leis que os beneficiavam. Veja.
·     Tribunato da Plebe: magistratura exercida exclusivamente por plebeus. Os tribunos da plebe podiam vetar leis e decisões do Senado e propor leis que beneficiassem os plebeus.
·  Lei Canuleia: Aboliu a proibição de casamentos entre patrícios e plebeus. Com isso, um plebeu rico podia se casar com uma mulher de família patrícia a fim de facilitar a sua ascensão na política romana.
·     Leis Licínias: Determinaram o direito dos plebeus ao acesso às terras públicas (conquistadas por meio de guerras) e às altas magistraturas (como o consulado).
·     Lei Hortênsia: Determinou que os decretos aprovados pelos plebeus (plebiscitum) passariam a valer para toda a República.
Durante a expansão romana, a crescente concentração de terras nas mãos dos nobres, tanto de origem patrícia quanto plebeia, gerou um grave problema social. As terras conquistadas por meio de guerras se tornavam públicas, isto é, de propriedade do Estado romano, e eram vendidas aos nobres, que utilizavam mão de obra escrava para produzir bens voltados ao comércio. Com isso, as novas terras anexadas por Roma se tornaram propriedades latifundiárias, repartidas entre um pequeno grupo de nobres cujo poder se ampliava, já que a terra era a base da riqueza na sociedade romana.
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Irmãos Graco
Na tentativa de reduzir as desigualdades sociais geradas pala concentração de terras, os irmão Tibério e Caio Graco lideraram iniciativas de reforma agrária com apoio da plebe rural. Tibério Graco, como tribuno da plebe, conseguiu a aprovação de uma lei de reforma agrária    que determinava a repartição de parte das terras públicas em pequenos lotes, a serem distribuídos aos cidadãos pobres.
As ideias de Tibério desagradaram alguns nobres, que acabaram assassinando-o em 132 a. C. Alguns anos depois, Caio Graco, também ocupando o cargo de tribuno da plebe, alcançou grande popularidade entre os plebeus e conseguiu implantar a reforma agrária em algumas regiões dominadas por Roma.
Por causa das manobras de nobres contrários às reformas, Caio Graco perdeu o apoio da plebe urbana. Seus partidários, percebendo-se politicamente isolados, decidiram pegar em armas para tentar manter as reformas. Diante disso, o Senado concedeu plenos poderes ao exército, que massacrou os revoltosos em 121 a. C. Depois disso, as leis que estabeleciam a reforma agrária foram abolidas pelo Senado.
Depois do fracasso das tentativas de reformas dos irmãos Graco, a crise política piorou em Roma. Os plebeus lutavam por melhorias nas suas condições de vida, mas os patrícios defendiam a manutenção de seus privilégios, agravando o quadro de agitações sociais e de crise nas instituições políticas.
Nessa época, havia muitos generais que desfrutavam de grande popularidade, graças às vitórias obtidas nas guerras de conquista. Alguns desses generais chegaram ao poder, passando a desrespeitar as normas legais e a não aceitar as determinações do Senado.
Entre esses generais estava Caio Mário (157 a. C., a 86 a. C.,), que em 107 a. C., foi eleito cônsul com o apoio da plebe. Ele reduziu os poderes do Senado e realizou reformas no exército que tiveram profundas consequências para a República romana.
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Caio Mário
Caio Mário aboliu a exigência de se possuir bens para ingressar no exército, e estabeleceu, como forma de remuneração, a participação dos soldados nos resultados das pilhagens dos povos conquistados. Desse modo, a carreira militar profissional tonou-se uma boa opção profissional, principalmente para os plebeus. Os soldados profissionais passaram a ter maior fidelidade ao seu general do que ao Estado republicano.
As reformas de Caio Mário agravaram a crise da República, pois contribuíram para a formação de exércitos particulares e abriram caminho para que generais ditadores chegassem ao poder.
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Júlio César
Um dos mais famosos desses generais foi Júlio César que, liderando um poderoso exército, derrotou seus rivais e foi declarado ditador pelo Senado. O governo de Júlio César durou apenas dois anos, pois ele foi assassinado em pleno Senado.
No seu curto governo, Júlio César tomou uma série de medidas importantes, por exemplo: distribuiu lotes de terra para milhares de famílias, liberou os devedores do pagamento de parte das dívidas, fez melhorias na cidade de Roma e regulamentou a distribuição gratuita de trigo.
Outro general que chegou ao poder com o apoio de suas tropas foi Otávio, que era filho adotivo de Júlio César. Em 31 a. C., Otávio derrotou seus concorrentes e assumiu sozinho o poder, adotando o nome de Augusto, ou seja, “o venerado”. Otávio Augusto tornou-se, assim, o primeiro imperador de Roma, pondo fim à República.
Quando tornou-se imperador, Otávio Augusto procurou assegurar a hegemonia romana nas fronteiras do império. Ele procurou, também, construir mais estradas e garantir a segurança de quem nelas trafegava, o que estimulou o comércio e aumentou o intercâmbio entre as várias regiões do império. Além disso, patrocinou artistas e escritores e implantou um amplo programa de construção de obras públicas, como teatros, templos, banhos públicos e aquedutos.
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Dessa forma, Otávio Augusto deu início a um período de tranquilidade e prosperidade que ficou conhecido como Pax Romana (Paz Romana). No entanto, nunca foi definida a maneira como seriam escolhidos os sucessores do trono. A falta de regras claras para a sucessão acabou se tornando um grande problema, que se prolongou até o fim do período imperial.
Em 117 d. C., o Império Romano atingiu sua máxima extensão. Abrangia, aproximadamente, metade da Europa, o norte da África e parte do Oriente Próximo.
Na época imperial, Roma era uma cidade bastante agitada. Vários edifícios públicos, como teatros e bibliotecas, eram pontos de encontro dos habitantes, que podiam contar também com mercados, padarias, lojas e escolas.

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