terça-feira, 9 de outubro de 2018

Governo João Goulart

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João Goulart

       Com a renúncia do presidente, o governo devia ser entregue ao vice-presidente João Goulart. Era isso o que dizia a Constituição. Mas nem todos eram favoráveis à posse de Jango.
        A UDN, vários chefes militares, grandes empresários nacionais e estrangeiros eram contrários à posse de Jango; ministros militares chegaram a acusar Jango de ligação com o comunismo internacionais.
        Líderes de movimentos sociais e estudantis, alguns governadores de Estado – especialmente o do Rio Grande do Sul, Leonel Brizola – eram favoráveis à posse de Jango.
        O país caminhava em direção a uma guerra civil quando o Congresso propôs uma solução política para a crise. João Goulart poderia assumir desde que aceitasse o parlamentarismo. Jango aceitou; mas, logo que tomou posse, em setembro de 1961, começou a articular a volta do presidencialismo. Estava prevista em lei a realização de um plebiscito para ver se o povo queria parlamentarismo ou o presidencialismo; em 6 de janeiro de 1963, quase 80% dos eleitores (9 milhões e meio de eleitores) disseram “não” ao parlamentarismo, devolvendo a chefa do governo a João Goulart.
        O governo Jango foi conturbado. Parte do empresariado desconfiava dele e diminuiu seus investimentos na produção, ocasionando queda do emprego. Além disso, o custo das obras públicas consideradas essenciais obrigava o governo a emitir dinheiro. A queda da produção e a emissão de dinheiro elevaram a inflação, diminuindo o poder de compra dos salários, gerando tensão entre patrões e empregados.
        Como chefe de governo, Jango prometeu realizar as Reformas de Base: agrária, administrativa, bancária, tributária, política e educacional. Com isso, buscava se aproximar das camadas populares e de setores das camadas médias favoráveis à mudança social. Mas a sociedade brasileira logo se dividiu em relação a essas reformas.
        Eram favoráveis ás reformas de base: os movimentos sociais organizados. No meio estudantil, destacava-se a União Nacional dos Estudantes (UNE), que reivindicava justiça social e o fim do analfabetismo. No meio católico, as organizações mais importantes eram a Juventude Operária Católica (JOC) e a Juventude Universitária Católica (JUC). Já entre os trabalhadores urbanos, sobressaiu-se o Comando Geral dos Trabalhadores (CGT), fundado em 1962. A mobilização também chegou ao campo com a formação das Ligas Camponesas, lideradas pelo advogado pernambucano Francisco Julião. Ele defendia a aplicação dos direitos trabalhistas no campo; a sindicalização do trabalhador rural; uma reforma agrária que limitasse a quantidade de terras que cada pessoa podia usufruir; e a adoção de um imposto progressivo sobre as terras não cultivadas.
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Liga Camponesa 
        Eram contrários às reformas de base: grandes empresários; parte do alto clero e dos oficiais do Exército e organizações como o Instituto Brasileiro de Ação Democrática (IBAD) e o Instituto de Pesquisas e Estudos Sociais (IPES), ambas mantidas com o dinheiro de empresários brasileiros e estadunidenses. Essas organizações investiam milhões de dólares em propaganda contra o governo Jango. Grandes jornais, como O Estado de S. Paulo e a Tribuna da Imprensa (de Carlos Lacerda), também atacavam o governo, tendo ou não razão.
        As posições se radicalizavam: os movimentos sociais exigiam as reformas de base que Goulart havia prometido; a oposição acusava o presidente de ter perdido a autoridade e de ser cúmplice do comunismo internacional. Sem o apoio do Parlamento, Goulart optou por se aproximar dos movimentos sociais. Em 13 de março, liderou um gigantesco comício pelas reformas de base em frente à estação da Central do Brasil, no Rio de Janeiro.
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Comício na Central do Brasil em defesa da Reforma de Base
        Nesse comício, diante de cerca de trezentas mil pessoas, o presidente assinou dois decretos de grande impacto popular. Um deles nacionalizava todas as refinarias de petróleo particular. O outro desapropriava – para fins de reforma agrária – as terras com mais de cem hectares situadas numa faixa de dez quilômetros às margens das rodovias e ferrovias federais.
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Marcha da Família com Deus pela Liberdade
        A resposta ao comício do dia 13 não se fez esperar: seis dias depois (19 de março) autoridades civis e religiosas promoveram no centro da capital paulista uma grande passeata contra as reformas de João Goulart: a Marcha da Família com Deus pela Liberdade. Note que nessa marcha o número de manifestantes foi igualmente grande, cerca de trezentas mil pessoas.

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