sábado, 15 de setembro de 2018

A colonização inglesa na América


        Em suas porções ao norte, o continente americano e o europeu estão relativamente próximos, pois as distâncias entre a Inglaterra, a Islândia, a Groelândia e a costa do Canadá, por exemplo, são bem menores do que às distâncias entre a Península Ibérica e o Caribe. Essas regiões do Atlântico Norte eram navegadas por dinamarqueses e noruegueses desde o século IX. Eram pescadores, comerciantes de peles de animais ou homens que viajavam em expedições promovidas por reinos do norte da Europa, como Dinamarca e Noruega.
        A partir de meados do século XV, a Inglaterra também passou a demonstrar interesse por essa região, patrocinando expedições que chegaram à Terra Nova e à Nova Escócia, no atual Canadá, entre 1466 e 1467. No início do século seguinte foi a vez dos franceses, que exploraram, em suas expedições, o Rio São Lourenço, chegando até onde se localiza hoje a cidade de Montreal, no Canadá.
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Mapa das Treze Colônias
        Ingleses e franceses, ao iniciarem suas viagens oceânicas, encontraram as terras do Novo Mundo divididas entre Portugal e Espanha. Excluídos da partilha colonial, eles recorreram muitas vezes à pirataria para tirar proveito das riquezas extraídas da América.
        Os piratas que atuavam a serviço da Coroa recebiam uma carta de corso, documento em que se declarava que eles navegavam a serviço do rei. Por isso, esses piratas eram conhecidos como corsários. O alvo principal dos corsários eram os galeões espanhóis que se dirigiam à Europa carregados de metais preciosos extraídos das colônias americanas.
        Diferentemente do que ocorreu com os espanhóis nas ilhas do Caribe e no continente americano, as expedições e navegações inglesas e francesas no norte da América não resultaram em processos de conquista militar ou de colonização durante o século XVI.
        Nesse período, os contatos entre ingleses, franceses e povo ameríndios, que se multiplicaram rapidamente, eram basicamente comerciais. Entre os principais produtos comercializados estavam gêneros alimentícios, peles de animais, objetos de metal e tecidos. Porém, esses contatos não resultaram na fundação de vilas, cidades e núcleos coloniais, nem do domínio de populações indígenas e na invasão de seus territórios.
        Somente no século XVII, regiões costeiras da América do Norte foram efetivamente ocupadas por ingleses, franceses e também holandeses, resultando na formação da Nova Inglaterra, da Nova França e dos Novos Países Baixos.
        Entre 1584 e 1587, a Coroa inglesa fez as primeiras tentativas de iniciar a colonização da América do Norte, autorizando nobres a organizarem expedições exploratórias com o objetivo de ocupar os territórios que viessem a ser encontrados.
        No entanto, doenças, fome e ataques de grupos nativos que tiveram suas terras invadidas levaram essas iniciativas ao fracasso. Apesar disso, o impulso colonizador da Coroa inglesa continuou por meio de acordos com Companhias de Comércio, como a de Londres e a de Plymouth. Por meio de contratos, o governo inglês reconhecia o direito dessas companhias ás terras que fossem conquistadas e garantia a elas o monopólio do comércio que viesse a ser realizado entre a região e a Europa.
        Muitos trabalhadores ingleses migraram para a América do Norte na condição de servos temporários. Em geral, eram pessoas pobres, que não tinham dinheiro para pagar a viagem rumo à América. Por isso, eles aceitavam trabalhar nas novas terras sem remuneração, em troca do pagamento das despesas de viagem. Geralmente, depois de sete anos, os servos ficavam livres para trabalhar em seu próprio negócio.
        A primeira iniciativa independente de colonizar a América do Norte ocorreu em 1620, quando os ingleses, entre eles muitos puritanos (protestantes calvinistas) fugidos de perseguições religiosas, desembarcaram do navio Mayflower e fundaram a cidade de Plymouth. Eles ficaram conhecidos como “pais peregrinos”. No rastro desses primeiros colonos, vieram outros, como franceses, holandeses, irlandeses e alemães, formando as Treze Colônias da América do Norte.
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        Após chegarem á América e fundarem a colônia de Plymouth, no atual estado de Massachusetts, conta a tradição que os colonos do Mayflower enfrentaram um terrível inverno e muitos morreram de fome e frio. Porém, com a ajuda de indígenas wampanoag, que lhes forneceram alimentos e sementes de milho para o cultivo, os colonos teriam sobrevivido. Essa história até hoje é lembrada e celebrada em uma das principais festas nacionais do país: o Dia de Ação de Graças.
        O fato é que as relações entre colonos e indígenas foram muito mais conflituosas que amistosas. De norte a sul, os ingleses invadiram progressivamente os territórios habitados pelos indígenas, que reagiram com ataques esporádicos ou guerras. Nesse contexto, a população nativa diminuiu vertiginosamente, caindo de aproximadamente 10 milhões de pessoas no começo do século XVI para apenas 600 mil indivíduos no final do século XVIII. Enquanto isso, a população de origem europeia na América do Norte cresceu de cerca de 2.500 para 3 milhões de pessoas.
Diferentemente do que ocorria nas colônias espanholas e portuguesas na América, a colonização realizada pelos protestantes ingleses não apresentou esforços sistemáticos de evangelização dos povos indígenas. O caráter comercial da empresa colonizadora promovida pela Coroa inglesa não incentivava a integração política ou social do ameríndio ao reino britânico. O resultado desse modelo de colonização foi a formação de uma sociedade de matriz europeia com pouca mestiçagem e quase nenhuma integração entre ameríndios e brancos.
Com base nos tipos de atividade econômica que formou, as treze colônias poder agrupadas em colônias do norte e do centro e em colônias do sul.
As colônias do norte e do centro apresentavam clima temperado semelhante ao da Inglaterra e, por essa razão, possuíam pouco potencial para o cultivo de produtos tropicais ou semitropicais, valorizados no comércio internacional.
Chamadas em conjunto de Nova Inglaterra, essas colônias desenvolveram uma economia e sociedade semelhantes às da Inglaterra daquele período: policultura agrícola voltada ao consumo local ou ao mercado interno e praticada em pequenas propriedades, como o predomínio da mão de obra livre e, em alguns casos, servos temporários; fabricação de navios usados no comércio marítimo local ou que atingia o Caribe e a África; pesca e comércio de peles e de madeira. Embora pouco numerosos se comprarmos à situação das colônias do norte e centro.
As colônias do sul, que apresentavam clima subtropical desenvolveram o cultivo de produtos agrícolas valorizados no mercado europeu. O tabaco e o algodão, por exemplo, eram cultivados em grandes propriedades rurais, nas quais se utilizavam, predominantemente, trabalhadores escravos trazidos da África.
De modo geral, podemos dizer que as colônias inglesas do sul possuíam economia e estrutura social semelhantes às das colônias portuguesas do litoral nordestino do Brasil ou das colônias espanholas do Caribe.
O comércio triangular funcionou como uma atividade de integração entre as Treze Colônias e entre elas e a metrópole inglesa. Por meio desse comércio, os colonos ingleses exportavam para as ilhas do Caribe gado, peixes, madeira e alimentos. Lá eles obtinham açúcar e melaço, que eram utilizados para o consumo local e principalmente para a fabricação de rum. A bebida era usada como moeda de troca na compra de escravos na África, que depois eram revendidos no Caribe e nas grandes propriedades das colônias sulistas. Os colonos ingleses também aproveitavam os artigos obtidos nas Antilhas para adquirir tecidos e ferramentas produzidos na Inglaterra.
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Os lucros do comércio triangular propiciaram o desenvolvimento das manufaturas nas colônias do norte e do centro e favoreceram  surgimento de uma rica burguesia mercantil na América.

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