Em
suas porções ao norte, o continente americano e o europeu estão relativamente
próximos, pois as distâncias entre a Inglaterra, a Islândia, a Groelândia e a costa
do Canadá, por exemplo, são bem menores do que às distâncias entre a Península
Ibérica e o Caribe. Essas regiões do Atlântico Norte eram navegadas por
dinamarqueses e noruegueses desde o século IX. Eram pescadores, comerciantes de
peles de animais ou homens que viajavam em expedições promovidas por reinos do
norte da Europa, como Dinamarca e Noruega.
A
partir de meados do século XV, a Inglaterra também passou a demonstrar
interesse por essa região, patrocinando expedições que chegaram à Terra Nova e
à Nova Escócia, no atual Canadá, entre 1466 e 1467. No início do século
seguinte foi a vez dos franceses, que exploraram, em suas expedições, o Rio São
Lourenço, chegando até onde se localiza hoje a cidade de Montreal, no Canadá.
Mapa das Treze Colônias |
Ingleses
e franceses, ao iniciarem suas viagens oceânicas, encontraram as terras do Novo
Mundo divididas entre Portugal e Espanha. Excluídos da partilha colonial, eles
recorreram muitas vezes à pirataria para tirar proveito das riquezas extraídas
da América.
Os
piratas que atuavam a serviço da Coroa recebiam uma carta de corso, documento
em que se declarava que eles navegavam a serviço do rei. Por isso, esses
piratas eram conhecidos como corsários. O alvo principal dos corsários eram os
galeões espanhóis que se dirigiam à Europa carregados de metais preciosos
extraídos das colônias americanas.
Diferentemente
do que ocorreu com os espanhóis nas ilhas do Caribe e no continente americano,
as expedições e navegações inglesas e francesas no norte da América não
resultaram em processos de conquista militar ou de colonização durante o século
XVI.
Nesse
período, os contatos entre ingleses, franceses e povo ameríndios, que se
multiplicaram rapidamente, eram basicamente comerciais. Entre os principais
produtos comercializados estavam gêneros alimentícios, peles de animais,
objetos de metal e tecidos. Porém, esses contatos não resultaram na fundação de
vilas, cidades e núcleos coloniais, nem do domínio de populações indígenas e na
invasão de seus territórios.
Somente
no século XVII, regiões costeiras da América do Norte foram efetivamente
ocupadas por ingleses, franceses e também holandeses, resultando na formação da
Nova Inglaterra, da Nova França e dos Novos Países Baixos.
Entre
1584 e 1587, a Coroa inglesa fez as primeiras tentativas de iniciar a
colonização da América do Norte, autorizando nobres a organizarem expedições
exploratórias com o objetivo de ocupar os territórios que viessem a ser
encontrados.
No
entanto, doenças, fome e ataques de grupos nativos que tiveram suas terras
invadidas levaram essas iniciativas ao fracasso. Apesar disso, o impulso
colonizador da Coroa inglesa continuou por meio de acordos com Companhias de
Comércio, como a de Londres e a de Plymouth. Por meio de contratos, o governo inglês
reconhecia o direito dessas companhias ás terras que fossem conquistadas e
garantia a elas o monopólio do comércio que viesse a ser realizado entre a
região e a Europa.
Muitos
trabalhadores ingleses migraram para a América do Norte na condição de servos
temporários. Em geral, eram pessoas pobres, que não tinham dinheiro para pagar
a viagem rumo à América. Por isso, eles aceitavam trabalhar nas novas terras
sem remuneração, em troca do pagamento das despesas de viagem. Geralmente,
depois de sete anos, os servos ficavam livres para trabalhar em seu próprio
negócio.
A
primeira iniciativa independente de colonizar a América do Norte ocorreu em
1620, quando os ingleses, entre eles muitos puritanos (protestantes
calvinistas) fugidos de perseguições religiosas, desembarcaram do navio
Mayflower e fundaram a cidade de Plymouth. Eles ficaram conhecidos como “pais
peregrinos”. No rastro desses primeiros colonos, vieram outros, como franceses,
holandeses, irlandeses e alemães, formando as Treze Colônias da América do Norte.
Após
chegarem á América e fundarem a colônia de Plymouth, no atual estado de
Massachusetts, conta a tradição que os colonos do Mayflower enfrentaram um
terrível inverno e muitos morreram de fome e frio. Porém, com a ajuda de
indígenas wampanoag, que lhes forneceram alimentos e sementes de milho para o
cultivo, os colonos teriam sobrevivido. Essa história até hoje é lembrada e
celebrada em uma das principais festas nacionais do país: o Dia de Ação de Graças.
O
fato é que as relações entre colonos e indígenas foram muito mais conflituosas
que amistosas. De norte a sul, os ingleses invadiram progressivamente os
territórios habitados pelos indígenas, que reagiram com ataques esporádicos ou
guerras. Nesse contexto, a população nativa diminuiu vertiginosamente, caindo
de aproximadamente 10 milhões de pessoas no começo do século XVI para apenas
600 mil indivíduos no final do século XVIII. Enquanto isso, a população de
origem europeia na América do Norte cresceu de cerca de 2.500 para 3 milhões de
pessoas.
Diferentemente do que
ocorria nas colônias espanholas e portuguesas na América, a colonização
realizada pelos protestantes ingleses não apresentou esforços sistemáticos de
evangelização dos povos indígenas. O caráter comercial da empresa colonizadora
promovida pela Coroa inglesa não incentivava a integração política ou social do
ameríndio ao reino britânico. O resultado desse modelo de colonização foi a
formação de uma sociedade de matriz europeia com pouca mestiçagem e quase nenhuma
integração entre ameríndios e brancos.
Com base nos tipos de
atividade econômica que formou, as treze colônias poder agrupadas em colônias
do norte e do centro e em colônias do sul.
As colônias do norte e do
centro apresentavam clima temperado semelhante ao da Inglaterra e, por essa
razão, possuíam pouco potencial para o cultivo de produtos tropicais ou semitropicais,
valorizados no comércio internacional.
Chamadas em conjunto de Nova
Inglaterra, essas colônias desenvolveram uma economia e sociedade semelhantes
às da Inglaterra daquele período: policultura agrícola voltada ao consumo local
ou ao mercado interno e praticada em pequenas propriedades, como o predomínio
da mão de obra livre e, em alguns casos, servos temporários; fabricação de
navios usados no comércio marítimo local ou que atingia o Caribe e a África;
pesca e comércio de peles e de madeira. Embora pouco numerosos se comprarmos à
situação das colônias do norte e centro.
As colônias do sul, que
apresentavam clima subtropical desenvolveram o cultivo de produtos agrícolas
valorizados no mercado europeu. O tabaco e o algodão, por exemplo, eram
cultivados em grandes propriedades rurais, nas quais se utilizavam,
predominantemente, trabalhadores escravos trazidos da África.
De modo geral, podemos dizer
que as colônias inglesas do sul possuíam economia e estrutura social
semelhantes às das colônias portuguesas do litoral nordestino do Brasil ou das
colônias espanholas do Caribe.
O comércio triangular
funcionou como uma atividade de integração entre as Treze Colônias e entre elas
e a metrópole inglesa. Por meio desse comércio, os colonos ingleses exportavam
para as ilhas do Caribe gado, peixes, madeira e alimentos. Lá eles obtinham
açúcar e melaço, que eram utilizados para o consumo local e principalmente para
a fabricação de rum. A bebida era usada como moeda de troca na compra de
escravos na África, que depois eram revendidos no Caribe e nas grandes
propriedades das colônias sulistas. Os colonos ingleses também aproveitavam os
artigos obtidos nas Antilhas para adquirir tecidos e ferramentas produzidos na
Inglaterra.
Os lucros do comércio
triangular propiciaram o desenvolvimento das manufaturas nas colônias do norte
e do centro e favoreceram surgimento de
uma rica burguesia mercantil na América.
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