A
Guerra dos Sete Anos envolveu vários Estados europeus e também as suas áreas
coloniais na América e na Ásia. Nesse conflito, a Inglaterra aliou-se à Prússia
para enfrentar as forças francesas, austríacas, suecas e russas. A disputa por
áreas coloniais na América e na Ásia, travada entre Inglaterra e França, fez
com que o conflito entre os colonos franceses do Canadá e os colonos ingleses
das Treze Colônias começasse antes mesmo dos conflitos na Europa.
Na
América, os conflitos ocorreram tanto nas colônias do Norte quanto nas do Sul,
os ingleses foram vitoriosos e, por meio do Tratado de Paris (1763), receberam
o Canadá francês e a Flórida espanhola. As colônias inglesas se viam agora
livres da ameaça de um ataque francês ou espanhol em suas fronteiras, uma
situação positiva para a sua expansão.
Com
o fim do conflito, a Inglaterra, mesmo sendo a grande vitoriosa, encontrava-se
em difícil situação financeira, com seu tesouro esgotado devido às despesas de
guerra.
Para
aumentar as receitas e pagar as dívidas, o Parlamento britânico aumentou a
intervenção econômica nas colônias. Na tentativa de reforçar sua política
mercantilista, a Inglaterra impôs uma série de leis (Acts), que causaram grande
descontentamento entre os colonos. Veja:
· A Lei do Açúcar: Consistia na
regulamentação do comércio do melaço e do açúcar nas colônias. Essa lei
determinava que os colonos deveriam comprar esses produtos apenas nas Antilhas
Inglesas, a fim de evitar o contrabando. Além disso, fixava tarifas sobre
outros produtos importados pelos colonos.
· A Lei da Moeda: Proibia a emissão de
papeis de crédito usados como moeda nas colônias, restringindo sua autonomia
financeira.
· A Lei do Selo: Determinava que fossem
selados e, portanto, taxados, todos os documentos oficiais, declarações,
jornais e demais publicações feitas nas colônias.
Com a imposição das leis
inglesas nas colônias, vários protestos ocorreram em diferentes cidades, entre
elas Boston, em Massachusetts. Em meio a um desses protestos, um incidente que
ficou conhecido como Massacre de Boston acabou servindo de propaganda
revolucionária contra a Inglaterra. O incidente ocorreu em março de 1770,
quando uma multidão de colonos que protestava contra as novas leis foi alvejada
por soldados britânicos, resultando em cinco mortos e vários feridos.
Imagem retratando o Massacre de Boston |
O tiroteio ocorreu
praticamente no mesmo momento em que Frederic North, o novo primeiro-ministro
britânico, sob pressão dos colonos, revogava a maioria das leis, com exceção de
que incidia sobre o comércio de chá.
O comércio do chá levou a
crise em Boston ao extremo. Em 1773, o governo britânico aprovou uma lei que
beneficiava a Companhia das Índias Orientais, uma empresa de Londres,
isentando-a do pagamento de impostos sobre o chá exportado e garantindo a essa
companhia o monopólio sobre o comércio desse produto na América.
Imagem sobre a festa do chá de Boston |
Isso abria um precedente
para que a Coroa inglesa estabelecesse monopólios em outras atividades
comerciais. Em protesto, os colonos de Boston, organizados pela Assembleia de
Massachusetts, disfarçaram-se de indígenas e invadiram os primeiros navios
carregados de chá que chegaram ao porto, lançando sua carga na água.
Como represália às
manifestações dos colonos, o Parlamento britânico tomou algumas medidas que nas
colônias ficaram conhecidas como Leis Intoleráveis: interdição do porto de
Boston até que os colonos indenizassem os prejuízos causados ela Festa do Chá;
intervenção em Massachusetts, que foi convertida em colônia real; e a restrição
do direito de reunião entre os colonos.
Os colonos, por sua vez,
reuniram-se ilegalmente em uma assembleia, formando o Primeiro Congresso Continental,
organizado na Filadélfia, na Pensilvânia, em março de 1774, contando com
representantes de todas as colônias, com exceção da Geórgia.
Sua primeira medida foi a
criação de uma Associação Continental, juntamente com o plano de não importar
nem consumir produtos ingleses, além de proibir qualquer exportação de produtos
americanos para a Inglaterra. O resultado foi uma drástica redução das
importações de produtos britânicos, demonstrando a eficácia da associação como
instrumento de pressão econômica e política. Assim, crescia o abismo entre as
colônias e a Inglaterra.
Em 1775, os líderes das
Treze Colônias se reuniram novamente na Filadélfia para decidirem a respeito de
seu posicionamento político perante a Inglaterra. Até aquele momento, as
opiniões favoráveis à separação política da metrópole não eram unânimes.
George Washington |
Nessa reunião, no entanto,
foi decidido que os colonos declarariam sua independência e, se fosse
necessário, declarariam guerra aos ingleses. George Washington, um grande
proprietário de terras e de escravos, foi nomeado comandante das tropas
americanas e, por fim, foi escolhida uma comissão responsável por elaborar a
Declaração de Independência das Treze Colônias, que ficou pronta em quatro de
julho de 1776.
A Declaração de Independência
das Treze Colônias determinava que as colônias passariam a ser estado livres e
independentes da Inglaterra, e que cada uma delas teria autonomia para aprovar
suas próprias leis.
Além disso, esse documento
determinou que, se o governo não respeitasse os direitos do cidadão, poderia
ser deposto e substituído. A declaração, no entanto, não considerava cidadãos
os escravos, as mulheres e os estrangeiros.
Com a Declaração de Independência,
os conflitos entre estadunidenses e ingleses intensificaram-se. Sob o comando
de George Washington, os estadunidenses enfrentaram o exército inglês e, com
apoio militar e econômico da França, conseguiram importantes vitórias. Esses conflitos
duraram cerca de seis anos, até que, em 1781, o exército inglês foi derrotado e
expulso da América.
No ano de 1787, os líderes
da independência convocaram uma reunião entre os representantes dos treze estados
americanos. Essa reunião, que ficou conhecida como Convenção da Filadélfia,
tinha o objetivo de elaborar o texto constitucional para a nova nação. Após quatro
meses de discussões, foi aprovada a Constituição dos Estados Unidos da América.
De acordo com a
Constituição, os poderes dos país seriam divididos em Executivo, Legislativo e
Judiciários.
· O poder Executivo ficaria a cargo do
presidente, eleito por um período de quatro anos e responsável por organizar e
regular o comércio, manter um exército permanente e administrar as terras
públicas.
· O poder judiciários seria desempenhado
pela Suprema Corte, que ficaria responsável ela interpretação e aplicação das
leis.
· O poder Judiciário, encarregado de elaborar
as leis, seria exercido pelos membros da Câmara dos Representantes e do Senado,
que representavam a população de cada um dos estados. Esses parlamentares eram
eleitos por meio do voto popular, no entanto, nem todos os estadunidenses
tinham o direito de votar. Para ser eleitor, era necessário ter uma determinada
renda anual. Além disso, as mulheres, os estrangeiros e os escravos não podiam
participar das eleições.
Em 1791, alguns governadores
dos estados americanos apontaram a necessidade de incluir novos artigos na Constituição.
Essas emendas foram chamadas de Estatuto dos Direitos e foram consideradas
fundamentais para a formação do país. Entre as emendas propostas, estavam a
garantia da liberdade de culto, de expressão, de imprensa e de reunião, além da
legalização do porte de armas pela população civil.
Com a promulgação da
primeira Constituição dos Estados Unidos, foram garantidos vários direitos aos
cidadãos estadunidenses, entre eles, o direito à vida e à liberdade individual.
Entretanto, esses direitos não se estenderam a toda a população.
Uma das principais contradições
da Constituição estadunidense foi a manutenção da escravidão. Por mais de um
século após a promulgação, o regime de trabalho escravo vigorou no país. Nesse período,
o número de escravo aumentou vertiginosamente, fazendo com que a população escrava
nos Estados Unidos fosse a maior da América. A primeira nação a garantir
legalmente a liberdade individual foi, portanto, a mesma que manteve cativa
grande parte de sua população.
Outro grupo populacional
numeroso que não foi beneficiado pela Constituição dos Estados Unidos foi o dos
indígenas. Eles foram os primeiros habitantes da região, mas tiveram suas
terras tomadas e foram massacrados pelos colonizadores.
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