A sociedade brasileira está
extasiada e anestesiada em decorrência da realização da copa do mundo. Nesses
dias, parece que todos os problemas do Brasil foram resolvidos como um passe de
mágica. A mídia continua realizando o seu trabalho de manipulação e de controle ideológico orquestrado diante da grande massa. A serviço dos
representantes da “casa-grande”, a elite brasileira (elite do atraso, como afirma o sociólogo Jessé Souza), continua orquestrando a sua
política de exclusão das camadas sociais mais desfavorecidas.
Os comentários pífios de Galvão Bueno e
seus asseclas tentam despertar no povo brasileiro um sentimento patriótico. Um
sentimento que tenta ocultar todos os problemas que acontecem em nosso país,
desviando a atenção a atenção da sociedade diante da dura realidade em que nos encontramos. Como se não estivéssemos vivenciando o aumento
descomunal no número de desempregados em nosso país, o retrocesso econômico aliado à concentração de renda, o
baixo crescimento do PIB, a retirada dos direitos dos trabalhadores (conquista da classe no histórico governo de Getúlio Vargas), a descaracterização do poder judiciário (que assumiu
o papel de partido político), a volta do país ao mapa da fome como mostra os
dados divulgados pela ONU, dentre outras calamidades sociais orquestradas pelo
desgoverno golpista.
Estamos atravessando um momento na
nossa histórica marcada pela incerteza, pelo descalabro, pelo retrocesso dos
direitos civis conquistados com a promulgação da Constituição de 1988. A segunda
instância do poder judiciário pode decretar a prisão de qualquer indivíduo, desrespeitando
o parágrafo 5° da nossa Carta Magna que afirma o seguinte: “Todos
são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos
brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito
à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos
seguintes: LVII - ninguém será considerado culpado até o
trânsito em julgado de sentença penal condenatória”.
Esse dispositivo constitucional foi uma
conquista da sociedade brasileira contra os arbítrios cometidos durante a
Ditadura Militar (1964-1985). Foi a completa autoafirmação do sistema
democrático, aniquilando todos os resquícios advindos do período anterior, onde
as pessoas eram brutalmente presas e torturadas. Contudo, o Supremo Tribunal
Federal (STF), vem desrespeitando essa cláusula pétrea da nossa Carta Magna, ou
seja, que não pode ser alterado de forma alguma. Acredito que os ministros não sabem o significado dessa expressão.
O que queremos afirmar é que para
alguns políticos, principalmente ligados ao presidente Lula e ao PT (Partido
dos Trabalhadores), esse elemento legalista da nossa Constituição vem sendo
desrespeitado. Todavia, com os políticos ligados ao PSDB e demais partidos
ligados à casa-grande, (aos golpistas), como afirma Sérgio Moro “isso não vem
ao caso”.
Em outras palavras, os e-mails do Fernando Henrique Cardoso pedindo dinheiro a Marcelo
Odebrecht? Não. “Isso não vem ao caso”. Geraldo Alckmin roubando dinheiro de
merenda das escolas públicas de São Paulo? Não. “Isso não vem ao caso”. Aécio
flagrado em gravação negociando propina? Não. “Isso não vem ao caso”. Temer denunciado por negociar a "compra" do silêncio do deputado Eduardo Cunha? Não. "Isso não vem ao caso".
Em outras palavras, a justiça
brasileira é seletiva e completamente parcial. Está cada vez mais atrelada aos
interesses dos acionistas de empresas petrolíferas estrangeiras que, sobretudo,
não podem deixar o Lula voltar a governar esse país. Sabem que ele acabaria com
essa bagunça e com a entrega de nossas riquezas a grupos internacionais. Sabem que
seu governo será voltado para atender os interesses das camadas sociais mais
pobres da sociedade, que voltaram a morar nas ruas, que estão cozinhando com álcool
porque não têm dinheiro para comprar o gás de cozinha, que estão perecendo na
fila do SUS sem atendimento, que tem um sistema educacional sucateado (vale
lembrar que o governo golpista congelou os investimentos em educação por 20
anos).
Depois de tudo o que foi relatado, como
torcer para a seleção brasileira? Como torcer para Neymar, considerado ídolo das
crianças, mas seu exemplo consiste em proferir palavras obscenas e tentar
enganar os árbitros de futebol? Por que parar para assistir aos jogos da seleção,
uma vez que nosso país é que está completamente parado? Como ficar feliz com o
gol do Paulinho, sabendo que milhares de pessoas estão preocupadas, pois não
sabem o que comerão no almoço de amanhã?
Fui acusado de não ser patriota pelo
fato de não estar torcendo pela seleção brasileira. Com isso, fico me perguntando:
ser patriota significa vestir a camisa verde-amarela de quatro em quatro anos e ficar
torcendo pelos milionários jogadores de futebol? Ser patriota é ficar na frente
da TV Globo (denunciada por corrupção na compra da exclusividade na transmissão
dos jogos da seleção brasileira na copa do mundo) ouvindo os comentários
lastimáveis e estúpidos de Ronaldo (o fenômeno em proferir asneiras e
irracionalidades)?
Isso não é ser patriota. Desculpem-me,
mas Neymar e companhia nada farão para minimizar os problemas sofridos pelo
povo brasileiro. Ser patriota é denunciar a entrega das nossas riquezas aos
acionistas milionários norte-americanos. Ser patriota é tentar levantar a voz
contra as injustiças cometidas contra as camadas mais pobres da nossa sociedade. É defender os mais necessitados financeiramente diante de um governo opressor. É denunciar que o golpe em curso em nosso
país está massacrando somente os mais pobres e, em contrapartida, privilegiando os grandes empresários. É cobrar que o caso da vereadora
Marielle Franco e de seu motorista seja esclarecido. É lutar para que as injustiças
cometidas contra os mais pobres deixem de acontecer. Ser patriota é lutar
incansavelmente pela volta da nossa democracia.
Devemos traçar as nossas prioridades. Precisamos refletir mais acerca do momento em que estamos vivendo, em que pessoas inocentes estão morrendo diante da negligência do Estado. Seres humanos sendo esmagados por um governo que apenas conseguiu retirar os
direitos dos trabalhadores e, sobretudo, fazer com que o Brasil regredisse de
uma forma vexatória e criminosa. Sou apaixonado pelo Brasil, pelo meu querido Estado de
Minas Gerais, mas enquanto o Brasil for governado por essa quadrilha e,
mormente, o povo brasileiro continuar morrendo de fome, essa copa e essa seleção
para mim não tem relevância alguma.
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Moisés Rodrigues - Sem Censura
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