A
região do Lácio, na península Itálica, possui muitos rios e seu litoral é
banhado pelo mar Mediterrâneo. No século VIII a. C., essa região era habitada
por diferentes povos que, mais tarde, deram origem à civilização romana.
Ao
norte da península viviam os lígures, nativos da região. A costa ocidental, por
sua vez, era habitada por povos de diversas origens. Eles migraram para essa
região por causa do solo fértil, da facilidade de navegação pelo rio Tibre e do
relevo montanhoso, que auxiliava na defesa das aldeias. Entre esses povos,
estavam os italiotas (latinos, sabinos samnitas) e os etruscos.
Nessa
época, também se estabeleceram na península outros povos, entre eles os gregos
e cartagineses, que fundaram colônias na região e passaram a disputar o domínio
das rotas comerciais no Mediterrâneo.
Roma
foi fundada em 53 a. C., na região do Lácio, com a unificação de aldeias
latinas e sabinas. Alguns estudiosos acreditam que os responsáveis por essa
unificação foram os etruscos.
No
século VIII a. C., os etruscos habitavam uma região da península Itálica que ficou
conhecida como Etrúria. Nessa região, rica em jazidas de ferro e cobre, eles
fundaram cidades prósperas como Tarquínia, Volterra e Arezzo.
Os
romanos mantinham intenso contato com os etruscos, dos quais herdaram grande
parte de sua cultura. Com eles, aprenderam técnicas agrícolas, urbanísticas e
arquitetônicas e métodos de organização militar e administrativa. Além disso,
absorveram algumas crenças religiosas e o gosto por diversões, danças e jogos,
como corridas e lutas. Em razão dessa grande influência, alguns estudiosos
chamam Roma de “filha da Etrúria”.
Além
dos etruscos, os romanos foram muito influenciados pelos gregos. Já havia
colônias gregas no sul da península Itálica e na Sicília desde o século VII a.
C., e, dessa forma, os gregos conviveram com os romanos durante séculos.
Assim,
muitos elementos da cultura grega foram incorporados pelos romanos. Dos gregos,
os romanos incorporaram e adaptaram o alfabeto, vários conceitos e ideias, além
de grande parte de sua arte e sua mitologia.
Os
habitantes de Roma estabeleceram uma organização política com base nas gentes
(plural de gens), grandes sociedades familiares chefiadas por um patriarca
(denominado pater famílias). O patriarca era responsável pelo culto familiar, e
tinha poderes para controlar a vida de seus parentes e subordinados.
Rei etrusco |
Até
509 a. C., os romanos foram dominados pelos etruscos, que impuseram a monarquia
como forma de governo. O rei etrusco era o governante supremo, responsável pelo
controle administrativo, judicial, militar e religioso.
Nessa
época, a sociedade romana subdividia-se em quatro grupos principais: patrícios,
plebeus, clientes e escravos. Os patrícios se diziam descendentes dos pater
famílias, membros fundadores de Roma. Eles faziam parte do Senado, e eram os
únicos que participavam das decisões políticas.
Os
plebeus formavam a massa de trabalhadores, como agricultores, artesãos,
comerciantes e pequenos proprietários. Grande parte deles era descendente de
famílias estrangeiras e nem sempre eram pobres. Na época da monarquia em Roma,
não tinham direito à participação política.
Os
clientes, por sua vez, compunham uma camada intermediária. Eles eram plebeus
que viviam sob a proteção de um patrício, ao qual deviam total fidelidade e
respeito.
Já
os escravos eram, em sua maioria, plebeus endividados e constituíam uma camada
pouco expressiva da população romana no período monárquico.
A
monarquia vigorou em Roma até cerca de 509 a. C., quando um grupo de patrício
revoltou-se contra o rei etrusco Tarquínio II. Descendentes com o domínio
estrangeiro, os patrícios expulsaram os etruscos da cidade, derrubaram a
Monarquia e implantaram a República. A palavra República vem da expressão em
latim res publica, que significa “coisa pública”, ou seja, que é do povo.
Já
nos primeiros anos do regime republicano, os romanos lançaram mão de uma
política de expansionismo territorial e econômica a partir da conquista de
povos vizinhos.
Quando
o expansionismo romano atingiu o sul da península Itálica, essa região era
ocupada por cartagineses, chamados pelos romanos de púnicos. Os cartagineses
eram originários de Cartago, uma cidade-estado fundada em 814 a. C., pelos
fenícios, no litoral norte da África, local estratégico que lhes possibilitou
dominar o comércio no Mediterrâneo. Porém, com suas pretensões de expansão
territorial e econômica, Roma entrou em conflito com os cartagineses pelo
domínio das rotas comerciais.
Durante
pouco mais de 100 anos, ocorreram três Guerras Púnicas, intercaladas por
períodos de relativa paz entre os dois povos. A primeira ocorreu entre 264 e
241 a. C., a segunda, entre 218 e 202 a. C., e a terceira, no período de 149 a
146 a. C. No final das Guerras Púnicas, Cartago, completamente destruída, foi
dominada pelos romanos, bem como as rotas comerciais do Mediterrâneo.
Uma
das principais consequências do expansionismo romano e das guerras de conquista
foi o aumento do número de escravos. Em Roma, a escravidão estava presente em
quase todos os lugares, tanto no campo como nas cidades. Os escravos, em sua
maioria de origem estrangeira, realizavam diferentes tipos de trabalho, como a produção
de alimentos, a mineração, a construção de obras públicas e os serviços
domésticos.
O
expansionismo da República romana teve profundas consequências sociais. Os
pequenos proprietários rurais plebeus que lutavam nas guerras de conquista não
podiam cultivar suas terras e acabavam se endividando. Para pagar essas
dívidas, eles tinham que entregar suas terras a homens ricos, tanto patrícios
quanto plebeus enriquecidos.
Dessa
forma, as propriedades rurais se concentraram nas mãos de poucas pessoas, o que
favoreceu a formação de latifúndios. Enquanto isso, famílias plebeias migravam
para a cidade de Roma em busca de trabalho, dando início a um processo de êxodo
rural. Na cidade, porém, encontravam dificuldade para conseguir um emprego,
pois grande parte do trabalho vinha sendo realizada pela crescente população de
escravos.
Diante
desse cenário social, os plebeus se organizaram para reivindicar medidas
governamentais que aumentassem sua participação política e, consequentemente,
melhorassem as suas condições de vida. Por meio de muitas lutas, conseguiram
aprovar medidas e leis que os beneficiavam. Veja.
· Tribunato da Plebe: magistratura
exercida exclusivamente por plebeus. Os tribunos da plebe podiam vetar leis e
decisões do Senado e propor leis que beneficiassem os plebeus.
· Lei Canuleia: Aboliu a proibição de
casamentos entre patrícios e plebeus. Com isso, um plebeu rico podia se casar
com uma mulher de família patrícia a fim de facilitar a sua ascensão na
política romana.
· Leis Licínias: Determinaram o direito
dos plebeus ao acesso às terras públicas (conquistadas por meio de guerras) e
às altas magistraturas (como o consulado).
· Lei Hortênsia: Determinou que os
decretos aprovados pelos plebeus (plebiscitum) passariam a valer para toda a
República.
Durante a expansão romana, a
crescente concentração de terras nas mãos dos nobres, tanto de origem patrícia
quanto plebeia, gerou um grave problema social. As terras conquistadas por meio
de guerras se tornavam públicas, isto é, de propriedade do Estado romano, e
eram vendidas aos nobres, que utilizavam mão de obra escrava para produzir bens
voltados ao comércio. Com isso, as novas terras anexadas por Roma se tornaram
propriedades latifundiárias, repartidas entre um pequeno grupo de nobres cujo
poder se ampliava, já que a terra era a base da riqueza na sociedade romana.
Irmãos Graco |
Na tentativa de reduzir as
desigualdades sociais geradas pala concentração de terras, os irmão Tibério e
Caio Graco lideraram iniciativas de reforma agrária com apoio da plebe rural.
Tibério Graco, como tribuno da plebe, conseguiu a aprovação de uma lei de
reforma agrária que determinava a
repartição de parte das terras públicas em pequenos lotes, a serem distribuídos
aos cidadãos pobres.
As ideias de Tibério
desagradaram alguns nobres, que acabaram assassinando-o em 132 a. C. Alguns
anos depois, Caio Graco, também ocupando o cargo de tribuno da plebe, alcançou
grande popularidade entre os plebeus e conseguiu implantar a reforma agrária em
algumas regiões dominadas por Roma.
Por causa das manobras de
nobres contrários às reformas, Caio Graco perdeu o apoio da plebe urbana. Seus
partidários, percebendo-se politicamente isolados, decidiram pegar em armas
para tentar manter as reformas. Diante disso, o Senado concedeu plenos poderes
ao exército, que massacrou os revoltosos em 121 a. C. Depois disso, as leis que
estabeleciam a reforma agrária foram abolidas pelo Senado.
Depois do fracasso das
tentativas de reformas dos irmãos Graco, a crise política piorou em Roma. Os
plebeus lutavam por melhorias nas suas condições de vida, mas os patrícios
defendiam a manutenção de seus privilégios, agravando o quadro de agitações
sociais e de crise nas instituições políticas.
Nessa época, havia muitos
generais que desfrutavam de grande popularidade, graças às vitórias obtidas nas
guerras de conquista. Alguns desses generais chegaram ao poder, passando a
desrespeitar as normas legais e a não aceitar as determinações do Senado.
Entre esses generais estava
Caio Mário (157 a. C., a 86 a. C.,), que em 107 a. C., foi eleito cônsul com o
apoio da plebe. Ele reduziu os poderes do Senado e realizou reformas no
exército que tiveram profundas consequências para a República romana.
Caio Mário |
Caio Mário aboliu a
exigência de se possuir bens para ingressar no exército, e estabeleceu, como
forma de remuneração, a participação dos soldados nos resultados das pilhagens
dos povos conquistados. Desse modo, a carreira militar profissional tonou-se
uma boa opção profissional, principalmente para os plebeus. Os soldados
profissionais passaram a ter maior fidelidade ao seu general do que ao Estado
republicano.
As reformas de Caio Mário
agravaram a crise da República, pois contribuíram para a formação de exércitos
particulares e abriram caminho para que generais ditadores chegassem ao poder.
Júlio César |
Um dos mais famosos desses
generais foi Júlio César que, liderando um poderoso exército, derrotou seus
rivais e foi declarado ditador pelo Senado. O governo de Júlio César durou
apenas dois anos, pois ele foi assassinado em pleno Senado.
No seu curto governo, Júlio
César tomou uma série de medidas importantes, por exemplo: distribuiu lotes de
terra para milhares de famílias, liberou os devedores do pagamento de parte das
dívidas, fez melhorias na cidade de Roma e regulamentou a distribuição gratuita
de trigo.
Outro general que chegou ao
poder com o apoio de suas tropas foi Otávio, que era filho adotivo de Júlio
César. Em 31 a. C., Otávio derrotou seus concorrentes e assumiu sozinho o
poder, adotando o nome de Augusto, ou seja, “o venerado”. Otávio Augusto
tornou-se, assim, o primeiro imperador de Roma, pondo fim à República.
Quando tornou-se imperador,
Otávio Augusto procurou assegurar a hegemonia romana nas fronteiras do império.
Ele procurou, também, construir mais estradas e garantir a segurança de quem
nelas trafegava, o que estimulou o comércio e aumentou o intercâmbio entre as
várias regiões do império. Além disso, patrocinou artistas e escritores e
implantou um amplo programa de construção de obras públicas, como teatros,
templos, banhos públicos e aquedutos.
Dessa forma, Otávio Augusto
deu início a um período de tranquilidade e prosperidade que ficou conhecido
como Pax Romana (Paz Romana). No entanto, nunca foi definida a maneira como
seriam escolhidos os sucessores do trono. A falta de regras claras para a
sucessão acabou se tornando um grande problema, que se prolongou até o fim do
período imperial.
Em 117 d. C., o Império
Romano atingiu sua máxima extensão. Abrangia, aproximadamente, metade da
Europa, o norte da África e parte do Oriente Próximo.
Na época imperial, Roma era
uma cidade bastante agitada. Vários edifícios públicos, como teatros e
bibliotecas, eram pontos de encontro dos habitantes, que podiam contar também
com mercados, padarias, lojas e escolas.
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