quinta-feira, 11 de abril de 2019

A Revolução Francesa


       Na França do final do século XVIII, assim como em outras nações da Europa, o Antigo Regime apresentava sinais de desgaste. Nessa época, o poder estava centralizado nas mãos do rei, que controlava a política e a economia do Estado.
         A sociedade francesa, como vimos anteriormente, era dividida em três grupos: o primeiro estado, composto pelo clero; o segundo estado, formado pela nobreza; e o terceiro estado, formado pelos burgueses, artesãos e trabalhadores rurais e urbanos, englobando a maior parte da população.
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         Os membros do clero e da nobreza tinham uma série de privilégios, como não pagar impostos, receber pensões do rei e viver com muito luxo. Já os membros do terceiro estado não tinham privilégios e eram obrigados a pagar pesados impostos e taxas ao rei, à nobreza e à Igreja.
         Nesse período, a França estava endividada. Os gastos públicos para manter o luxo da Corte, além da participação da França na Guerra dos Sete Anos e nas guerras de independência dos Estados Unidos, provocaram um déficit econômico que atingiu toda a sociedade francesa. Essa crise gerou grande insatisfação na população pobre, que sentia mais fortemente os efeitos da crise. Entre os anos de 1785 e 1789, por exemplo, o custo de vida dos trabalhadores urbanos aumentou em 62%.
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LUÍS XVI
         Insatisfeitos com o governo Luís XVI, os burgueses e os demais membros do terceiro estado se mobilizaram e passaram a exigir mudanças na organização política, social e econômica do Estado. O movimento recebeu grande adesão da população, espalhou-se por toda a França e acabou dando origem a um período de intensas e profundas transformações.
         No final da década de 1780, a França atravessava uma grave crise financeira. Os anos de péssimas colheitas agrícolas provocaram a escassez de alimentos, o que atingiu principalmente os camponeses e a população urbana pobre. Sofrendo forte pressão, o rei autorizou a convocação dos Estados Gerais, uma assembleia parlamentar que reunia os representantes dos três estados da França.
         Durante as primeiras reuniões dos Estados Gerais, a principal reivindicação dos representantes do terceiro estado era a mudança na forma de votação. Até então, cada um dos grupos tinha direito a um voto. Como o primeiro e o segundo estados geralmente votavam em conjunto, dificilmente o terceiro estado ganhava alguma votação. Os membros do terceiro estado queriam que os votos fossem distribuídos individualmente entre os deputados, pois dessa forma a votação seria mais justa e o terceiro estado teria chances de ganhar algumas votações, exercendo maior influência política.
         O impasse na questão do voto por indivíduo ou por estado durou mais de um mês, até que, em 17 de junho, o terceiro estado, com a adesão de membros liberais da nobreza de do clero, declarou-se em Assembleia Nacional, com o objetivo de elaborar uma Constituição para a França.
         Enquanto elaboravam a Constituição, os membros da Assembleia Nacional realizaram uma série de reformas. Apoiados por alguns nobres franceses que estavam insatisfeitos com o Antigo Regime, eles aboliram os privilégios feudais, padronizaram o sistema de arrecadação de impostos e acabaram com as penas consideradas cruéis.
         Os bens do clero e dos nobres que saíram da França foram confiscados e utilizados como garantia para a emissão de assignats e também para saldar as dívidas da França. Além disso, a Igreja foi subordinada ao Estado depois da aprovação da Constituição Civil do Clero. No entanto, a obra mais influente da Assembleia foi a Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão.
         A Constituição foi aprovada em 1781 e contemplou as principais reivindicações do terceiro estado, como a igualdade civil, jurídica e fiscal. Porém, a igualdade política não se estendeu a toda a sociedade.
         A nova lei estabelecia uma diferenciação entre os cidadãos ativos, aqueles que podiam votar e candidatar-se a cargos eletivos, e os passivos, aqueles que não podiam participar das eleições.
         Essa diferenciação foi estabelecida de acordo com a renda de cada um e impossibilitou a participação política de milhões de franceses. Além deles, as mulheres francesas também ficaram excluídas das decisões políticas do Estado.
         Luís XVI foi acusado de apoiar os monarcas absolutistas europeus contra a revolução. Em 20 de junho de 1791, o rei tentou sair da França para encontrar seus aliados e iniciar a luta contrarrevolucionária. Porém, ele foi reconhecido quando tentava cruzar a fronteira francesa e levado de volta a Paris.
         Desde o início, a Revolução Francesa contou com a participação e diversos grupos políticos, desde monarquistas constitucionais até republicanos radicais. Na convenção, porém, destacaram-se três grupos políticos. Veja:

Girondinos: partidários da descentralização política e da autonomia das províncias. Defendiam os interesses da alta burguesia e desejavam limitar as conquistas sociais dos revolucionários. Ficavam localizados à direita na sala de reuniões da assembleia.

Jacobinos: desejavam ampliar as conquistas sociais que haviam sido propostas no início da revolução, por isso contavam com o apoio dos sans-culottes. Eram considerados radicais e sentavam-se à esquerda na sala da assembleia.

Planície ou Pântano: ocupavam o lugar central da assembleia e não tinham uma posição política definida.
Inicialmente, a Convenção foi dominada pelos girondinos. Esse domínio durou de setembro de 1792 a junho de 1793. Um dos objetivos dos Girondinos era evitar que os jacobinos proclamassem o fim do direito à propriedade.
         No início de seu governo, os girondinos tiveram dificuldades para administrar o país por conta das agitações internas e dos conflitos externos, decorrentes da formação de uma nova coligação contrarrevolucionária, desta vez composta pelos exércitos da Inglaterra, Espanha, Áustria, Prússia e outros Estados europeus.
     Para evitar que esses Estados atrapalhassem seus planos, os girondinos investiram muito dinheiro em armamentos e soldados. Essa crise financeira forçou os líderes da Convenção a lançar novos assgnats no mercado, que logo se desvalorizaram e provocaram uma grande inflação.
      Os sans-culottes, que desde o início da Convenção apoiavam os jacobinos, estavam cada vez mais descontentes com o governo dos girondinos. Então, eles se uniram aos jacobinos mais uma vez e os ajudaram a tomar o poder na Convenção.
        A partir de julho de 1793, os jacobinos estruturaram seu governo em torno do Comitê de Salvação Pública. Esse órgão seria responsável pela implantação das reformas necessárias.
      Quando os jacobinos assumiram o poder, a crise financeira da França era imensa e, além disso, regiões economicamente importantes do país se posicionavam contra o governo revolucionário.
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ROBESPIERRE  
   Foi nesse contexto que Robespierre, conhecido como o “incorruptível”, assumiu a liderança do Comitê de Salvação Pública, em julho de 1793. Em agosto desse mesmo ano, Robespierre decretou a mobilização militar em massa, estimulando a população a pegar em armas mais uma vez.
    No mês seguinte, Robespierre deu início ao regime que ficou conhecido como terror. Ele criou os comitês revolucionários, que eram responsáveis por prender as pessoas acusadas de serem “inimigas da República”. Foram presos suspeitos de serem monarquistas ou partidários dos girondinos.
     Nesse período, até algumas pessoas que haviam ajudado Robespierre a chegar ao poder foram executadas. Julgamentos sumários foram realizados em toda a França e milhares de pessoas foram executadas na guilhotina.
     As ações do Comitê de Salvação Pública, engendradas pelos partidários de Robespierre, levaram a um clima de desconfiança que atingiu toda a França e enfraqueceu politicamente os jacobinos. Aproveitando-se da situação, os girondinos retomaram o controle da Convenção. No dia 27 de julho de 1794, a Convenção decretou a prisão de Robespierre, executando-o na guilhotina com outros líderes jacobinos.
      A Convenção, controlada novamente pelos girondinos, desarmou a população, abrindo caminho para uma vingança generalizada contra os jacobinos e seus partidários. Dessa reação, que ficou conhecida como terror branco, participaram monarquistas, simpatizantes da Igreja e girondinos.
      O grupo dos girondinos era formado e apoiado pela alta burguesia, que tinha sido a principal beneficiada pelas primeiras leis adotadas no início da Revolução Francesa.
Em seu governo, iniciado em julho de 1794, os girondinos anularam a lei que aprovava o voto de todos os homens maiores de 21 anos e revogaram a Lei do Preço Máximo. Essas medidas deixaram os trabalhadores franceses insatisfeitos. Eles exigiam que a Constituição de 1793, de inspiração jacobina, fosse validada, pois ela lhes dava o direito ao voto e regulamentava a economia segundo as necessidades do povo.
     Os girondinos, no entanto, elaboraram uma nova Constituição, promulgada em 1795. De acordo com ela, o Poder Executivo foi transformado em um Diretório composto por cinco diretores e oito ministros. A instalação oficial do Diretório ocorreu em novembro de 1795.
       O governo do Diretório teve que enfrentar revoltas vindas de dois lados: dos jacobinos, que eram apoiados pelos sans-culottes, e dos monarquistas, que perceberam nesse momento uma nova chance de restituir o poder da nobreza. O exército francês, graças ao alistamento em massa promovido anteriormente, já havia vencido as guerras contra os exércitos estrangeiros e passou a combater as revoltas contra o novo governo. Assim, reprimiu essas revoltas e saiu fortalecido.
    Com o fortalecimento do exército francês, os generais foram estimulados a partir em novas guerras de conquista. Eles ampliaram as fronteiras da França, conquistando territórios que fazem parte das atuais Holanda, Suíça e Itália.
     O general de maior destaque nessas invasões foi Napoleão Bonaparte. Ele foi encarregado de comandar o recém-formado Exército do Oriente, que partiu para o Egito com o objetivo de criar obstáculos aos negócios britânicos no Mediterrâneo.
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NAPOLEÃO BONAPARTE 

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