O Imperialismo praticado pelas potências do século XIX gerou
intensas rivalidades e disputas territoriais entre elas e foi um dos principais
combustíveis da Primeira Guerra Mundial (1914 – 1919), um conflito total e
mundial. Total porque o alvo não eram os militares apenas, mas também a
população civil, tanto do campo quanto das cidades; mundial porque envolveu
países de todos os continentes.
Otto Von Bismarck |
Sob a liderança de Otto Von Bismarck completou-se, em 1871,
o processo de unificação da Alemanha. Unificada, rica em carvão e ferro e com
um governo favorável à industrialização, a Alemanha progrediu em ritmo
acelerado e, nas décadas seguintes, tornou-se uma potência econômica. No plano
externo, Bismarck adotou o sistema de alianças defensivas, cujo objetivo era
evitar o isolamento da Alemanha em casos de guerra. Por isso o Império Alemão
aliou-se ao Império Austro-Húngaro e, depois, à Itália, dando origem, assim, à
Tríplice Aliança.
A euforia militarista vivida pela Alemanha favoreceu a
circulação de ideias de superioridade racial e cultural do povo alemão sobre os
outros povos. Muitos alemães passaram a preferir a guerra ao acordo como um
meio de conseguir mais poder e mais colônias no restante do mundo. A Alemanha de
Guilherme II pressionava por uma nova divisão colonial.
A França, por sua vez, queria uma revanche contra a
Alemanha, a fim de se recuperar das perdas sofridas após a derrota na Guerra
Franco-Prussiana. Por isso, Grã-Bretanha e França firmaram uma aliança em 1904,
a Entente Cordiale, que três anos depois recebeu a adesão da Rússia; nascia,
então, a Tríplice Entente.
Desde a unificação da Alemanha, em 1871, até o início da
guerra, em 1914, as principais potências europeias lançaram-se numa corrida
armamentista desenfreada: adotaram o serviço militar obrigatório e passaram a
fabricar armamentos e munições em quantidades cada vez maiores. Por tudo isso,
o período de paz que antecedeu a Primeira Guerra ficou conhecido como “paz
armada”.
Em 1914, o trono do Império Austro-Húngaro era ocupado por
Francisco José, que tinha 85 anos e se encontrava com a saúde abalada. Seu
herdeiro, o arquiduque Francisco Ferdinando, planejava transformar o Império
Austro-Húngaro (uma monarquia dual) em monarquia tríplice, o que ameaçava a independência
da Servia e contrariava os anseios nacionalistas eslavos de se libertarem do
domínio austro-húngaro. No dia 28 de junho de 1914, o arquiduque Francisco
Ferdinando e sua esposa visitavam Sarajevo, capital da Bósnia, quando foram
assassinados a tiros por militantes da organização nacionalista secreta Jovem
Bósnia.
Imagem retratando a morte de Francisco Ferdinando e de sua esposa. |
Era o que faltava para o início da guerra. O Império
Austro-Húngaro acusou o governante sérvio de ser o mandante do crime e,
exatamente um mês depois do atentado, declarou guerra à Sérvia, dando início à
Primeira Guerra Mundial. Rapidamente, o sistema de alianças entrou em
funcionamento: em sete dias as principais potências estavam em guerra.
Considerando as estratégias e as operações na frente
ocidental, a guerra pode ser dividida em duas fases:
- · Guerra de movimento: Fase caracterizada por intenso movimento de tropas e que durou de agosto a novembro de 1914.
- · Guerra de Trincheiras: Fase em que os exércitos da França e da Inglaterra, de um lado, e o da Alemanha, de outro, cavaram 640 KM de trincheiras, protegidas por cercas de arame farpado, desde o mar do Norte até a fronteira com a Suíça. Com o corpo enfiado na terra, os soldados usavam granadas de mão e metralhadoras para minar as forças adversárias. Os ganhos eram medidos em quilômetros: em 1915, os franceses tinham avançado apenas 5 Km, e isto lhes tinha custado cerca 1 milhão de vidas.
Enquanto
milhões de jovens morriam nos campos de batalha, novos países engajavam-se no
conflito: Itália, Romênia e Grécia entravam ao lado da Entente; Bulgária e
Império Turco-Otomano, ao lado das Potências Centrais. Conforme o conflito foi
se alastrando, novas armas como os gases venenosos, lança-chamas, a metralhadora,
o tanque (poderosa invenção inglesa), o submarino e o avião fizeram sua estreia
na Primeira Guerra Mundial.
Em 1917,
ocorreram dois episódios decisivos para o desfecho da guerra: a entrada dos
Estados Unidos e a saída da Rússia do conflito.
Os EUA
entraram na guerra em abril de 1917, motivados por um conjunto de fatores: a
decisão alemã de adotar a guerra submarina, ameaçando as exportações
estadunidenses; torpedeamento, pelos alemães, do navio estadunidense Lusitânia;
e a ajuda que a Alemanha ofereceu ao México em caso de guerra contra os EUA.
O Brasil,
cujo maior parceiro comercial eram os Estados Unidos, também teve navios
torpedeados pelos alemães e, em outubro de 1917, declarou guerra ao Império
Alemão. O governo brasileiro contribuiu com o esforço de guerra enviando para
as frentes de batalha: dois cruzados; cinco contratorpedeiros; um navio
auxiliar, um rebocador e 86 médicos, aviadores que combateram ao lado de
pilotos britânicos e franceses, e oficiais que integraram o exército francês na
frente ocidental.
Enquanto
isso, triunfava na Rússia a revolução socialista liderada por Vladimir Ulianov,
conhecido como Lênin. Ciente dos enormes prejuízos que a guerra causara ao seu
país, o governo revolucionário assinou com a diplomacia alemã um tratado de paz
em separado, o Tratado de Brest-Litovsk, pelo qual a Rússia saía da guerra.
Woodrow Wilson |
Durante
o último ano da Grande Guerra, o então presidente estadunidense Woodrow Wilson
propôs um acordo de paz baseado em 14 pontos, entre os quais: o fim da
diplomacia secreta; a liberdade de navegação marítima; a redução ao mínimo dos
armamentos nacionais; e o direito de autodeterminação dos povos. Os “14 pontos”
de Wilson apoiavam-se no ideal de uma “paz sem vencidos nem vencedores.
Mas não
foi isso que aconteceu...
Os vencedores
foram implacáveis e impuseram aos vencidos tratados ultrajantes. O mais
importante foi o Tratado de Versalhes, que obrigava a Alemanha:
·
A ceder aos vencedores todos os seus direitos
sobre as colônias ultramarinas;
·
A devolver a região da Alsácia-Lorena para a
França;
·
A entregar à França a propriedade absoluta,
com direito total de exploração, das minas de carvão situadas na bacia do rio
Sarre;
·
A ceder à recém-criada Polônia uma faixa de
terra dentro da Alemanha – o “corredor polonês” – a fim de permitir-lhe o
acesso ao mar Báltico.
Pelo
Tratado de Versalhes, ainda, a Alemanha perdeu um sétimo de seu território e
10% de sua população; e foi proibida de ter aviação militar, canhões pesados e
submarinos; entregou aos vencedores seus navios mercantes; e ainda teve de
pagar a seus adversários uma indenização de guerra, cujo total beirava 33
bilhões de dólares.
Os vencedores
também impuseram tratados de paz aos aliados da Alemanha com o objetivo de enfraquece-los,
diminuindo, assim, seu potencial econômico, militar e estratégico.
Mapa europeu após a Primeira Guerra Mundial. |
Os EUA
emergiram da Primeira Guerra Mundial como uma das maiores potências do globo. Por
sugestão do presidente Woodrow Wilson foi criada, em 1919, a Liga das Nações. Com
sede em Genebra, na Suíça, essa aliança devia arbitrar os conflitos
internacionais e garantir a paz mundial.
No
entanto, inicialmente, e por diversas razões, a Alemanha, a Rússia e mesmo os
EUA não integraram a Liga das Nações, fato que contribuiu para o seu
enfraquecimento. Além disso, por não contar com efetivos militares próprios, o
poder de coação dessa liga era restrito, pois apoiava-se apenas em sanções
econômicas e militares. Isso ajuda a explicar por que ela se mostrou impotente
para impedir a invasão japonesa na Manchúria (China) em 1931 ou a anexação da
Etiópia pela Itália em 1935.
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Por favor, revisar o mapa apresentado em relação a sua legenda, pois representa as fronteiras europeias antes da guerra.
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