Sabe-se
que os povos ameríndios eram numerosos. Mas, sobre o total da população na
época do contato com o europeu em 1492, temos apenas uma estimativa. Entre todos
os povos que viviam na América antes de Colombo, daremos atenção especial aos Astecas, Incas, Maias e Tupis.
Os astecas
Os
astecas viveram em Aztlán (daí o seu
nome), no norte da América, até por volta do século XII, quando deixaram sua
região de origem em busca de terras férteis. No início do século seguinte,
depois de muito caminhar, chegaram ao Vale do México, à beira do lago Texcoco, e, em 1325, fundaram a cidade
de Tenochtitlán.
Aos
poucos, por meio da guerra e de alianças políticas, os astecas subjugaram
diversos povos da região. Assim, a cidade de Tenochtitlán passou a ser a cabeça
do que se convencionou chamar de Império
Asteca.
Representação da cidade de Tenochtitlán. |
Os
povos submetidos aos astecas tinham de cultuar o deus Huitzilopochtli – deus da guerra, das tempestades e do sol. Eram obrigados
também a pagar tributos tais como: penas raras, pedras preciosas, tecidos de
algodão, madeira, mantos, esteiras, colares e cacau, com o qual faziam o tão
apreciado xocoatl (chocolate).
Caso
se recusassem a pagar os tributos eram castigados com expedições punitivas –
que incluíam saques e raptos de pessoas para oferecer em sacrifício aos deuses.
Isto explica por que os povos sob o domínio asteca se rebelavam com frequência.
O povo de Cuctlaxtlan, por exemplo,
chegou a aprisionar os coletores de impostos astecas em uma casa à qual atearam
fogo.
O
império asteca apresentava uma sociedade complexa
e estratificada. O imperador, considerado um ser semidivino, concentrava enorme poder e
riqueza. Essa riqueza provinha, sobretudo, dos impostos, que se acumulavam no
palácio imperial, onde eram registrados pelos escribas. Em tempo de escassez,
os celeiros imperiais eram abertos para que se distribuíssem alimentos e roupas
ao povo. Pelo fato de o imperador ser o comandante do exército e, ao mesmo
tempo, o mais alto sacerdote, alguns historiadores afirmam que o Império Asteca
era uma monarquia militar teocrática.
Os
nobres ocupavam as funções
administrativas, militares e religiosas e, geralmente, levavam uma vida regrada
e sem vícios. A bebida, bem como o luxo e a ostentação, eram reprovados
socialmente e punidos com rigor. Os nobres com funções administrativas no
governo eram isentos de impostos e seus filhos tinham direito a uma educação
diferenciada. Parte dos sacerdotes
saía da nobreza. Sua principal função era organizar e conduzir o culto aos
deuses e interpretar suas vontades.
Outra
camada social era a dos comerciantes.
Eles enriqueciam por meio de trabalho mas procuravam dissimular riqueza, pois
se demonstrassem ser ricos eram perseguidos pela nobreza. Eles transmitiam sua
profissão de pai para filho.
Havia ainda os artesãos que desempenhavam atividades como a ourivesaria, a
joalheria e o trabalho com plumas. Eles estavam agrupados em corporações e cada
uma delas tinha um conjunto de tradições e um deus próprio. Eles trabalhavam
tanto em suas casas quanto nos palácios e residências da nobreza. E, assim como
os comerciantes, transmitiam seu ofício aos filhos.
Representação gráfica da sociedade asteca. |
Já
os camponeses eram o grupo mais
temeroso da sociedade asteca. Ao se casarem, recebiam um lote de terras onde
construíam uma casa e passavam a cultivar milho, feijão, pimenta, abóbora,
tomate, entre outros. No entanto, eram obrigados a pagar pesados impostos,
prestar serviço militar e trabalhar gratuitamente na conservação de estradas e
canais e na construção de diques e monumentos. Na base das pirâmide social
estavam os escravos, que eram
geralmente prisioneiros de guerra.
Os maias
Os
maias estão entre as civilizações mais antigas da América. Seus ancestrais
viviam nas montanhas da atual Guatemala desde
2.500 a. c.
Habitando
um meio inóspito, esses povos se deslocavam pela selva em busca de alimentos
(caça, pesca e colheita). Posteriormente, domesticaram plantas como o milho, a
pimenta e o feijão, e se estabeleceram na Península
de Yucatán.
Localização geográfica da Península de Yucatán. |
Assim
como os antigos gregos, os maias viviam em cidades-estados,
ou seja, cidades com governo, leis e costumes próprios. Em caso de guerra
contra um inimigo comum, as cidades maias se organizavam em confederações, mas
nunca chegaram a constituir um império, a exemplo das astecas e das incas.
As
grandes e sofisticadas construções maias e o deslocamento de enormes blocos de
pedra revelam seus conhecimentos de engenharia e cálculo. As pirâmides serviam
de esteio para os templos religiosos aos quais se chegava por meio de uma
escadaria íngreme. Algumas pirâmides, como a de Tikal, tinham mais de 60 m de altura. Muitas cidades maias surgiram
em torno dos centros cerimoniais.
A
sociedade maia era hierarquizada. Os
grupos sociais mais favorecidos (governantes, sacerdotes e comerciantes) viviam
em palácios e templos situados em torno dos centros cerimoniais e eram
sustentados pelas famílias de agricultores e artesãos espalhadas pelas aldeias
existentes na floresta. Esses habitantes das florestas só se dirigiam aos
centros cerimoniais para a prática da religião, do comércio, ou em dias de
festa.
A
agricultura tinha grande importância na vida dos maias. A maioria da população
trabalhava no cultivo de feijão, abóbora, algodão, cacau, abacate e milho. Este
último era a vase de sua alimentação.
Por
volta do século IX, os maias abandonaram suas cidades subitamente. Para alguns,
as razões do abandono foram os flagelos naturais, como epidemias, secas
prolongadas, inundações, terremotos, furacões, etc. para outros, a causa do
abandono das cidades maias foram tragédias provocadas pelo próprio ser humano,
tais como invasões violentas, pressão de grupos periféricos, insurreições
populares.
Os
conhecimentos e práticas dos maias foram incorporados pelos astecas e outros
povos do Vale do México, que conquistaram as cidades mais por volta de 1400.
Os incas
Acredita-se
que, enquanto caminhavam à procura de terras férteis, os incas chegaram ao
interior da Cordilheira dos Andes
por volta do século XIII. Naquelas cidades altas, começaram suas vidas como
camponeses e pastores e ergueram a cidade de Cuzco. Aos poucos, no entanto, ampliaram seus domínios aliando-se
aos povos da região ou submetendo-os. Em 1438, fundaram um império, que teve Pachakuti como primeiro imperador. No processo
de formação de seu império, os incas assimilaram elementos de outras culturas,
inclusive o quéchua, a língua que mais tarde espalhariam pelo Andes.
Ruínas da cidade-estado de Cuzco. |
O
império inca expandiu-se consideravelmente graças às sucessivas conquistas. Ele
era dividido em várias regiões administrativas, cujos governadores deviam
prestar contas de seus atos ao imperador. A interligação entre as regiões do
império era feita por uma eficiente rede de estradas construídas nas encostas
das montanhas. Jovens eram treinados desde a infância para correr por elas, levando
e trazendo informações e produtos por longas distâncias. As principais estradas
incas ligavam o interior a Cuzco, uma cidade planejada que servia como capital
do império incaico.
Antes
de começar uma construção, os incas produziam uma maquete de argila e pedra que os ajudava a formar uma ideia da obra
depois de pronta. Na construção, usavam grandes blocos de pedra, que eram
cortados e encaixados uns nos outros sem a necessidade de uma substância
colante.
Restam,
ainda hoje, construções incas intactas e um número grande de vestígios delas em
cidades como Cuzco, Lima e Quito. Em Machu Picchu
existem edificações em que se pode ver o modo de organização dos bairros de uma
cidade inca.
Habitando
regiões montanhosas, os incas adotavam a irrigação sistemática e construíam
terraços na forma de uma imensa escada para a prática da agricultura. Nos degraus
mais altos, cultivavam espécies vegetais
resistentes ao frio, como a batata; nos do meio, milho, abóbora e feijão;
nos mais baixos, semeavam as árvores
frutíferas. Com isso, conseguiam colheitas variadas e fartas o ano inteiro.
Os incas se dedicavam também ao pastoreio: criavam a lhama, animal de carga com
grande resistência, além da alpaca e do guanaco, dos quais obtinham a lã e o
leite.
No
topo da sociedade incaica estava o imperador, intitulado Inca, o “filho do Sol”,
reverenciado e respeitado por todos. Abaixo dele, a nobreza, da qual saíam os governantes, os sacerdotes e os chefes
militares.
Representação gráfica da sociedade inca. |
Entre
os grupos intermediários estavam os médicos,
os contabilistas, os projetistas, os guerreiros, os artesãos.
Esses grupos profissionais – além do imperador e dos nobres – viviam em cidades
e eram ajudados pelo governo. Já os camponeses,
que constituíam a maioria da população, moravam em aldeias rodeadas por campos
de cultivo e de pastoreio e viviam oprimidos por diferentes tributos. No império
Inca, a religião – que tinha como
principal cerimônia o culto ao deus Sol –
e a língua oficial, o quíchua, eram
obrigatórias.
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