domingo, 26 de setembro de 2021

O surgimento do Islamismo

 Os povos da Arábia

            Os povos da Arábia tinham uma organização social baseada nos laços de parentesco entre tribos de origem semita que falavam diferentes dialetos árabes. Provavelmente em razão das dificuldades de sobrevivência no deserto, eles desenvolveram o sentimento de que as necessidades do grupo eram superiores às necessidades do indivíduo.

            Os antigos árabes eram politeístas animistas, isto é, acreditavam em diversos deuses e cultuavam elementos da natureza. Cada tribo cultuava um deus particular, o que lhe proporcionava um sentido de coesão e unidade, mas alguns deuses eram cultuados em toda a Árabe. Todos eles estavam subordinados a um deus superior, Allah (Alá).

            Além disso, os povos da antiga Arábia acreditavam em criaturas intermediárias entre o homem e as divindades. Eles seria os responsáveis por doenças, epidemias, loucura, esterilidade e outros males que afligiam a população.    

            Maomé e o surgimento do Islã

            Maomé nasceu na cidade de Meca por volta de 570. Pertencia a uma família do clã hashemita, um ramo menos poderoso da tribo dos coraixitas. Perdeu sua mãe aos 7 anos e foi adotado por uma família de comerciantes. Desde jovem, acompanhava seu irmão adotivo em caravanas comerciais pela região, até se tornar um mercador. É possível que nessas viagens Maomé tenha entrado em contato com o judaísmo, o cristianismo e crenças politeístas da Arábia.


    
        Segundo a tradição islâmica, em 610, aos 40 anos, Maomé teve sua primeira revelação divina na caverna de Hira, próximo a Meca. Enquanto meditava, o anjo Gabriel lhe apareceu e anunciou : "Maomé, tu és o profeta de Deus e sua missão é pregar a fé em um único Deus".

            Inicialmente, Maomé confiou a revelação apenas a familiares próximos. Por volta de 613, decidiu tornar pública a mensagem de Deus. Assim, dirigiu-se à Colina de Safa, diante do santuário de Caaba, para anunciar a existência de um único Deus, condenar a idolatria e declarar-se o último mensageiro de Deus.

            No início, os ensinamentos e as pregações de Maomé e as pregações de Maomé estiveram limitados a um pequeno grupo de jovens da tribo dos coraixitas, além de mercadores, artesãos e escravos. À medida que o número de seguidores foi crescendo, as principais famílias coraixitas começaram a se sentir ameaçadas. Como a pregação de Maomé condenava o politeísmo e a idolatria da Caaba, os líderes coraixitas temiam perder seu poder seu poder político e os lucros obtidos com as peregrinações aos santuário. Dessa forma, Maomé e seus seguidores passaram a ser duramente perseguidos.

            Em 622, Maomé decidiu migrar para Yatrib, mais tarde conhecida como Medina, a cidade do profeta. Esse episódio, conhecido como Hégira, inaugurou uma nova fase da aceitação do islã como religião única na península Arábica e de sua expansão, principalmente por meio da Jihad. Por sua importância para o Islã, a Hégira foi adotada como o ano 1 do calendário muçulmano.

            Os coraixitas cederam às pregações de Maomé ao perceberem que a aceitação da nova crença poderia ser positiva para a manutenção de seu poder e seus negócios. Nesse contexto, estabeleceu-se em Medina uma nova ordem social e política com a formação da comunidade islâmica.

            Meca preservou sua importância econômica e religiosa, agora como centro de peregrinação da nova fé. A Caaba continuou sendo um templo sagrado, porém, com outro significado. Na tradição muçulmana, esse grande cubo negro teria sido construído por Adão, destruído pelo dilúvio e reconstruído por Abraão e seu filho Ismael. 

            Em Meca, Maomé também denunciou os fundamentos da fé islâmica: a unicidade de Deus, a crença na ressurreição e no dia do Juízo Final, as orações e a purificação da alma. Na cidade de Medina, o profeta estabeleceu a oração sagrada da sexta-feira e determinou que ela deveria ser feita com o fiel voltado em direção a Meca. Os ensinamentos transmitidos por Alá a Maomé foram reunidos, após a morte do profeta, em um livro sagrado: o Alcorão. 

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