sábado, 18 de agosto de 2018

Sociedade e cultura na Guerra Fria


        Com os investimentos do Plano Marshall, a maioria dos países da Europa Ocidental recuperou rapidamente sua economia e entrou numa era de prosperidade. Os investimentos públicos em maquinaria, infraestrutura e indústrias foram priorizados, o comércio internacional incrementou-se e os padrões de consumo cresceram, quase alcançando os dos EUA. Além disso, a crescente oferta de empregos nas cidades impulsionou a imigração para a Europa. Como consequência, houve uma explosão demográfica, que transformou a Europa Ocidental em uma região repleta de jovens nas décadas de 1950, 1960 e 1970.
   O crescimento também propiciou consideráveis transformações no comportamento e nos padrões de consumo da sociedade europeia. O trabalhador não apenas fabricava artigos, mas também passou a ter condições de compra-los. A maioria das casas da classe média agora estava equipada com aparelhos de rádio, televisão, geladeira, máquinas de lavar roupas etc. Os automóveis, que eram considerados itens de luxo até os anos 1950, começaram a ser fabricados em quantidades cada vez maiores nas décadas seguintes.
        O comportamento dos jovens também se transformou nesse período. A roupa era um importante item de formação de independência e rebeldia, e os filmes e a música, principalmente o pop e o rock and roll, passaram a ser bastante consumidos. Esse estilo de vida, o American Way of Life, representava na Europa Ocidental a prosperidade e a juventude.
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        Na União Soviética e no Leste Europeu, por sua vez, predominava um estilo de vida marcado pelo Realismo Socialista, que gloriava o regime soviético, a vida simples e feliz do trabalhador, e associava o capitalismo ao narcotráfico, à corrupção e à decadência humana. Essas características estavam presentes nas propagandas do governo, nas artes plásticas e no cinema. Nesse aspecto, a arte abstrata e os diversos gêneros musicais, como o jazz e o pop, foram proibidos nos países sob a influência da União Soviética. Com a morte de Stálin e a ascensão de Nikita Kruschev, em 1953, houve um relativo afrouxamento da censura e o surgimento de um espaço para a crítica cautelosa. Mesmo assim, a perseguição àqueles que contrariavam o regime continuou, assim como os campos de trabalho forçado (gulags), em que viviam milhares de presos políticos.
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Nikita Kruschev
        No entanto, se de um lado o regime soviético violava as liberdades democráticas básicas, de outro, os investimentos em educação, moradias e na saúde resultaram em uma mão de obra altamente qualificada, em todos os níveis, e no aumento da expectativa de vida da população soviética e do Leste Europeu.
        Mesmo com o crescimento econômico após a Segunda Guerra Mundial, uma série de manifestações sociais eclodiram tanto no bloco capitalista como nos países sob a influência da União Soviética.
        Na década de 1950, por exemplo, surgiu um fenômeno nos EUA conhecido como contracultura. De acordo com alguns estudiosos, não havia unidade no movimento contracultural nem uma definição muito clara sobre o que ele era ou representava. Composto basicamente de diferentes grupos de jovens, o movimente pretendia criar uma cultura alternativa àquela então aceita pela sociedade. Os jovens combatiam a ordem tecnocrática, priorizavam o prazer e a experimentação, condenavam a guerra e buscavam novas formas de sensibilidade e expressão. A rebeldia, uma moda irreverente, o rock and roll, a liberdade sexual e a crítica à sociedade de consumo fizeram parte dessa geração.
        A contracultura atingiu seu auge durante a Guerra do Vietnã, quando milhares de norte-americanos saíram às ruas para pedir o fim da guerra. Nesse mesmo período, o movimento feminista e a luta dos negros nos Estados Unidos por direitos civis ganharam grande impulso.
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Imagens referentes ao período considerado o auge da contracultura 
        Na França, podemos destacar o movimento Maio de 1968, quando protestos realizados pelo movimento estudantil por melhorias na educação do país transformaram-se em uma grande mobilização social. Trabalhadores de diversas categorias juntaram-se aos estudantes e entraram em greve, paralisando a cidade de Paris.
        Na Europa Oriental, no mesmo ano, destacou-se a Primavera de Praga, ocorrida na Tchecoslováquia. O movimento iniciou-se com as manifestações da juventude, que tomou as ruas de Praga exigindo democracia. As pressões sociais contribuíram para a eleição de Alexander Dubcek como dirigente da Tchecoslováquia. Comunistas de linha reformista, Dubcek iniciou um programa político para democratizar o socialismo tcheco. Temendo perder o controle sobre a Tchecoslováquia, a União Soviética invadiu o país, reprimindo duramente a resistência de estudantes e trabalhadores.

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