Esquema ilustrando o sistema feudal |
O período
compreendido entre os séculos III e X se caracterizou, na Europa Ocidental,
pelo lento processo de formação do feudalismo. As invasões bárbaras (povos
desconhecidos pelos romanos), contribuíram para um maior isolamento da
sociedade europeia; o comércio mediterrâneo, embora não tenha desaparecido
durante o período, declinou sensivelmente, levando a uma maior ruralização do mundo medieval.
A fragilidade
político-militar dos vários reinos que se formaram após a desintegração do
Império Romano fez com que as populações ameaçadas buscassem proteção com um
senhor, fortalecendo os laços de dependência pessoal entre os homens. Esse processo
de formação do feudalismo foi constituído pela transição de uma sociedade
baseada no uso da mão de obra escrava – o
império romano – para uma baseada nas relações servis de produção. Essa foi
uma das principais características do sistema feudal e implicava na
subordinação jurídica da população rural em relação aos senhores feudais.
Essa transição
se iniciou com a instituição do colonato à época da crise do escravismo romano.
Considere-se, ainda, que a existência de grande quantidade de mão de obra
dependente decorreu, em grande parte, das técnicas agrícolas rudimentares,
herdadas da agricultura escravista romana. Assim, como a produtividade era
muito baixa, a única forma de aumentar a produção era pela ampliação das áreas
destinadas ao cultivo e (ou) pela ampliação do número de trabalhadores.
A
constituição do poder político na época feudal teve suas origens em meio à decadência
da autoridade do poder central, da precariedade do Estado, de toda uma série de
invasões que ampliaram o quadro de insegurança geral e do declínio do comércio
e da vida urbana. Dessa maneira, esse contexto histórico foi marcado pela afirmação
das relações de dependência pessoal, baseadas na vassalagem, garantindo aos
senhores o aumento contínuo da força militar por meio do apoio armado que
recebiam de seus vassalos. Estes, em troca de fidelidade e lealdade
incondicional a seu senhor, recebiam benefícios, por exemplo, um feudo.
A cerimônia
da homenagem sacramentava, solenemente, os laços de dependência pessoal. Ao
longo da Idade Média ocorreu a consolidação desse quadro político,
afirmando-se, assim, o poder local monopolizado pelo senhor feudal.
Com a
ruralização da sociedade, a terra passou a ser a principal fonte de riqueza, tanto
econômica quanto político-ideológica. Assim, a produção passou a ser
essencialmente agrícola. Além disso, a sociedade adotou a economia
predominantemente agrária e no poder político e, consequentemente, ficou
dividida de tal maneira que cada um deles era responsável por uma determinada
função.
A tripartição da sociedade – entre clérigos, nobres e servos -,
estrutura básica da comunidade feudal, correspondia a uma ordenação na qual
privilégios e obrigações se completavam. Até mesmo os homens da época tiveram
uma percepção bastante nítida dessa ordenação – pelo menos aqueles que detinham
o monopólio do saber erudito, geralmente os clérigos – e produziam inúmeros
textos que legitimavam uma ordem sócia, apresentando-a como natural e fruto da
vontade divina.
Os indivíduos
dos diferentes grupos sociais que compunham a sociedade feudal não tinham, de
uma maneira geral, nenhuma mobilidade social. Os servos estavam presos à terra, o que implicava uma permanência e na
reprodução de uma condição social fixa. É importante considerar que se o
domínio feudal mudasse de proprietário, o servo passaria a dever obrigações e
serviços ao novo senhor. Já os vilões,
em menor número, não estavam presos à terra e os laços que os prendiam aos
senhores eram menos rígidos. A propriedade ou posse da terra garantia aos
senhores inúmeros direitos, entre os quais se destacavam:
·
A talha:
parcela paga sobre a produção realizada;
·
Corvéia:
trabalho compulsório devido pelos camponeses, geralmente realizados nas
reservas senhoriais;
·
Banalidades:
imposto devido pelo uso obrigatório de instalações pertencentes ao senhor, tais
como forno, o lagar, o moinho.
É importante ressaltar que a sociedade das três ordens era
a expressão de uma estrutura social que se pretendia sagrada, imutável e eterna,
uma vez que correspondia à vontade de Deus, pelo menos na ótica dos clérigos,
para os quais qualquer transformação social deveria ser evitada. Tratava-se,
portanto, de um esquema clerical que, no fundo, pretendia sujeitar todos –
inclusive a nobreza guerreira – à instituição mais bem organizada da época: a
Igreja.
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