domingo, 12 de junho de 2016

A Segunda Guerra Mundial

                O regime nazista preparou a Alemanha para a guerra. As posições de Hitler contra o Tratado de Versalhes, o rearmamento progressivo do Terceiro Reich e a instituição do serviço militar obrigatório não deixavam dúvida quanto aos objetivos expansionistas.
                Um dos primeiros atos de Hitler foi a retirada da Alemanha da Liga das Nações – organismo internacional fundado ao final da Primeira Guerra Mundial para resolver conflitos entre os  países. Os nazistas não cansavam de declarar seu direito ao espaço vital, considerado necessário para a formação da Grande Alemanha.
                França e Inglaterra, de certa forma, preferiram alimentar as pretensões de Hitler e viram com bons olhos o fortalecimento alemão, pois era uma forma de conter o comunismo das fronteiras soviéticas. Hitler e Goebbels, ministro da propaganda, buscaram sempre condenar o “internacionalismo bárbaro” dos soviéticos, tido como ameaça à civilização europeia.
                As potências ocidentais viam com extrema tolerância as reivindicações territoriais do regime nazista, sempre diante da promessa de que haviam chegado ao fim. Assim, Hitler remilitarizou a Renânia, na fronteira com a França, sem nenhuma resistência, contrariando as cláusulas do Tratado de Versalhes. Em 1938, anexou a Áustria, após sabotar o regime democrático austríaco, em decorrência do forte movimento nazista naquele país.
                No mesmo ano, Hitler reivindicou a posse dos Sudetos, na Tchecoslováquia, alegando que havia maioria alemã na região e ameaçando invadir o lugar no caso de objeção das potências ocidentais. No tratado de Munique, assinado em setembro de 1938, Hitler atingiu seu objetivo, com o apoio de Mussolini e a omissão dos governos da França e da Inglaterra. Mesmo diante do risco iminente de guerra, os países capitalistas preferiram dar mais uma chance à diplomacia ou, em outras palavras, entregar a Tchecoslováquia a Hitler. Tanto que os representantes do governo tcheco em Munique sequer foram convidados a ingressar na sala de reunião.
Mapa ilustrando a expansão do exército nazista
                Mas Hitler não se limitou a anexar a região dos Sudetos. Em Marco de 1939, tropas alemãs  entraram em Praga e decretaram que a Boêmia e a Morávia fariam parte de um protetorado alemão. Os governos britânico e francês assistiram impassíveis à nova investida alemã.
                As últimas anexações na Tchecoslováquia levaram a diplomacia francesa e inglesa a alertar que, diante de qualquer novo territorial, seria declarada guerra à Alemanha para resguardar a ordem internacional. Porém, a essa altura, Alemanha, Itália e Japão já tinham firmado o Eixo Roma-Berlim-Tóquio – uma aliança militar para atuar contra quaisquer inimigos. Alemanha e Itália também reforçaram sua aliança por meio do Pacto de Aço, assinado em maio de 1939.
                O passo decisivo para o início da guerra foi a invasão da Polônia pela Alemanha, em 1º de setembro de 1939. Há meses os nazistas reivindicavam a anexação de Danzig e do chamado corredor polonês, perdidos pela Alemanha no final da Primeira Guerra Mundial. Era mais uma das reivindicações alemãs, mas acabou negada pelas potências ocidentais, que apoiaram o governo polonês.
Winston Churchill
                A expansão alemã provocou mudanças sensíveis nos governos das potências ocidentais,  derrubando os gabinetes que se haviam omitido diante das ambições de Hitler. Na Inglaterra, por exemplo, o poder foi assumido por Winston Churchill, agora prestigiado pelos alertas que vinham fazendo contra o perigo alemão.
                Em 10 de maio de 1940, o Exército alemão, com o apoio da Luftwaffe, deu início a uma guerra relâmpago (Blitzkrieg) contra a Holanda e a Bélgica. A vitória alemã nos Países Baixos foi avassaladora. A rainha Guilhermina, da Holanda, se exilou na Inglaterra. O rei Leopoldo III, da Belgica, preferiu compartilhar o cativeiro com os soldados belgas, confinado no castelo real de Laeken. Mas essa era apenas uma etapa para a invasão da França.
                À medida que os alemães avançavam, a situação francesa tornava-se caótica, com milhões de civis fugindo para o sul e oeste e um clima de pânico dominando Paris. No gabinete militar havia intenso conflito. O marechal Phillipe Pétain, militar de prestígio que liderou a resistência francesa na Primeira Guerra Mundial, passou a defender a rendição da França. Paris foi ocupada pelos alemães em 14 de junho. O novo governo francês, comandado por Pétain, entregou parte do território aos nazistas, permanecendo com dois terços dele e com as colônias. Pétain foi então celebrado como “salvador da pátria”, pois a maioria dos franceses não suportavam mais os bombardeios e fugas desesperadas. Além disso, boa parte da sociedade francesa era anticomunista e antissemita. No final da guerra, porém, o velho marechal cairia em desgraça.  
Luftwaff da Alemanha
                Os nazistas pretendiam invadir a Inglaterra pelo sul, atravessando o canal da Mancha, em  uma operação batizada de “Leão Marinho”. A ação dependia da Luftwaffe (força aérea alemã) para neutralizar as defesas aéreas britânicas, de modo que acabou sendo o maior conflito aéreo da guerra. A Luftwaffe dispunha de quase 3 mil aviões, entre bombardeiros e caças.
                A capacidade de resistência inglesa foi extraordinária. No ar, os caças britânicos provocaram pesadas perdas à Luftwaffe. No solo, houve enorme mobilização da população civil, insuflada pelos discursos diários de Churchill. Em agosto de 1940, aconteceu o que parecia impossível: em represália aos ataques alemães, os ingleses bombardearam Berlim.
                A Inglaterra resistiu praticamente sozinha. Mas recebeu o apoio dos EUA em armas, navios e alimentos, apesar da posição norte-americana de não intervenção no conflito europeu. Enquanto resistiam na Inglaterra, os exércitos britânicos eram fustigados no norte da África pelos italianos, que pretendiam marcha da Líbia até o Egito para conquistar o canal de Suez, de onde partiriam para o Iraque com o objetivo de controlar as reservas petrolíferas. Depois de empurrados até o Egito, os britânicos reagiram, impondo derrotas fatais ao exército de Mussolini.
                A guerra no deserto estava só começando estava só começando. Diante do novo fracasso militar italiano, Hitler organizou o Afrika Korps (1941), empurrando os exércitos ingleses de volta à fronteira egípcia, em uma guerra que permaneceu em impasse até 1942.
                Apesar das dificuldades do combate na fronte ocidental com a Inglaterra, Hitler pôs em marcha o plano de invadir a URSS – a Operação Barbarossa. Pretendia apoderar-se dos imensos recursos naturais, incluindo as áreas petrolíferas existentes no país, mas havia também o objetivo político-ideológico de destruir o regime comunista soviético e ocupar o território, conforme a teoria nazista do “espaço vital”. As instruções para a guerra incluíam a execução de civis, a começar pelos comissários do Partido Comunista de cada área conquistada.
                As vitórias alemães foram arrasadoras, mas a resistência soviética foi tenaz. Embora tenham recuado e perdido milhões de soldados, entre os mortos e prisioneiros, os soviéticos conseguiram deter o avanço alemão. Leningrado não caiu, embora a população da cidade sitiada tenha sido arrasada de fome e por doenças. Moscou também resistiu, graças ao esforço do exército vermelho. A chegada do inverno russo deteve de vez o ímpeto alemão, como já havia feito com o exército napoleônico, em 1812.
Adolf Hitler
                Hitler percebeu que a resistência soviética constituía uma ameaça aos planos expansionistas da Alemanha, em especial porque o exército da URSS era muito numeroso. Os problemas de  abastecimento das forças alemãs ainda eram imensos, dificultados pela neve. Então Hitler assumiu pessoalmente o comando da frente oriental, culpando seus generais pelo fracasso.
                A Inglaterra logo apoiou a URSS, assim como os EUA. A grande exigência dos soviéticos, entretanto, era a formação de uma frente ocidental contra a Alemanha. Porém, essa frente custou a se organizar, porque nesse momento nem a Inglaterra nem os EUA (envolvidos na guerra contra os japoneses) tinham condições de invadir a Europa nazista pelo ocidente.
                A vitória soviética em Stalingrado mudou o rumo da guerra, sinalizando a derrota alemã em todas as frentes de batalha. A campanha na URSS absorvia enormes recursos da máquina de guerra nazista. No norte da África, os alemães não tiveram como resistir ao contra-ataque britânico, em 1942, cuja vitória foi saudada por Churchill: “Este não é o fim, não é nem o começo do fim, mas é, talvez, o fim do começo”.
                Os Aliados, como ficou conhecida a coligação de países que lutaram contra os nazifascistas, não tardaram a invadir a Itália. Após inúmeros bombardeios, conquistaram a Sicília e partiram para a península. Os constantes fracassos militares e a iminente invasão aliada abalaram o regime fascista. Muitos líderes desejavam o fim da guerra e tramaram uma conspiração, na qual até o genro de Mussolini se envolveu.
Stálin - dirigente do Partido Comunista soviético
                A abertura da frente ocidental pelos Aliados foi adiada várias vezes até 1944, apesar dos  constantes protestos de Stalin. Meticulosamente planejado, o Dia D ocorreu em 6 de Junho de 1944, quando mais de 300 mil homens desembarcaram na Normandia, norte da França, abrindo caminho para a derrota do Terceiro Reich. Os alemães foram pegos de surpresa, pois esperavam o desembarque em Calais, e não tiveram como resistir.
                Embora doente e deprimido, Hitler mandou executar os conspiradores, provocando a morte e quase 5 mil pessoas. O avanço Aliado tornou-se avassalador, com a “libertação de Paris” em 25 de agosto de 1944, da Bélgica e da Holanda. Hitler ainda tentou uma última cartada, lançando uma contraofensiva surpresa nos Países Baixos. A Batalha de Ardenas foi a última ação bélica do Exército alemão, que, após algumas vitórias, se rendeu na Bélgica, em Janeiro de 1945. A Alemanha estava cercada, e o regime nazista se aproximava do fim.
                No começo de 1945, a guerra estava definida a favor dos Aliados. A contraofensiva alemã nas Ardenas tinha fracassado, e a frente oriental desmoronava com o avanço soviético. O Exército Vermelho expulsava os alemães de todo o Leste Europeu e marchava sobre a Alemanha. Na frente ocidental, o exército norte-americano e sobretudo o britânico concorriam com os soviéticos pela conquista de Berlim.
Os bombardeios das cidades alemães eram quase diários, com grande matança de civis, além da fome e de problemas de abastecimento. Os ingleses, em particular, retaliavam com fúria os bombardeios sofridos desde 1940. Na frente leste, os soviéticos atravessaram a Prússia Oriental, invadindo o território alemão. A vingança dos soldados soviéticos foi atroz, tolerada pela oficialidade e até estimulada por Stálin. Milhares de civis foram sumariamente executados e mulheres, violentadas.
Morte de Mussolini
Hitler, doente e derrotado, recusava-se a abandonar Berlim, onde havia se refugiado. A notícia da morte de Mussolini, que fora capturado e fuzilado em 27 de abril de 1945, sinalizava um desfecho trágico. Ele e sua amante tiveram seus corpos pendurados de cabeça para baixo na principal praça de  Milão, diante de uma multidão enfurecida.
Hitler temia um destino semelhante ou pior. Por vezes delirava, imaginando que seus generais seriam capazes de defender Berlim e lançar uma contraofensiva geral. Chegou a ordenar a destruição de toda a infraestrutura da Alemanha, alegando que, diante da derrota, o povo alemão não merecia sobreviver.
Berlim era bombardeada diariamente pelos soviéticos. Diante do avanço dos tanques pela cidade até crianças da juventude hitlerista tentavam, em vão, combater. Em 30 de abril de 1945, Hitler suicidou-se juntamente com sua esposa Eva Braun, amante com que se casara um dia antes. Os corpos foram queimados nos jardins do Bunker, seguido a última ordem do Fuher.

Como resultado da guerra, além da destruição e milhares de mortos e feridos, cerca de 6 milhões de pessoas foram exterminadas nos campos de concentração, fato que ficou conhecido como Holocausto. Mas os judeus não foram as únicas vítimas desse programa de extermínio, pois cerca de 800 mil ciganos também morreram nos campos, além de um número incerto de prisioneiros de guerra soviéticos, presos políticos, homossexuais e testemunhas de Jeová. 

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