domingo, 1 de maio de 2016

A Revolução Russa

Czar Nicolau II
Um dos pilares do processo revolucionário que culminou na Revolução Russa é o contexto social e político da Rússia em meados do século XVIII. Havia uma série de povos com etnias e culturas diversificadas, pois o governo czarista deflagrou uma onda de expansão, resultando na construção de um vasto império. Porém, deve-se ressaltar que o país se tornou o mais populoso da Europa, onde mais de 85% da população morava no campo. O comando da Rússia estava nas mãos da dinastia Romanov, cuja expressão máxima do era o czar Nicolau II.
Os camponeses eram explorados pelos senhores rurais e enfrentavam a fome e a miséria. Na década de 1890, a burguesia russa e o governo imperial tinham a finalidade de industrializar o país, tendo como base os investimentos do capital estrangeiro. Porém, a concentração de renda tornou-se mais rigorosa, pois os empresários do comércio, os senhores rurais, o alto clero da igreja russa, a aristocracia imperial e os militares de alta patente passaram a usufruir das riquezas do império. Enquanto isso, grande parte da população estava fadada à miséria, o país era pobre e tinha enormes desigualdades sociais. Com isso, revoltas e greves eram constantes, embora fossem duramente reprimidas pela polícia czarista.
Várias ideologias tornaram-se importantes no momento pelo qual a Rússia atravessava. Entre os partidos políticos havia o Socialista Revolucionário, com forte base entre os camponeses, e o Partido Operário Social-Democrata russo, que seguia as ideias de Karl Marx era bastante influenciado pelo partido Social-Democrata Alemão. Os social-democratas defendiam a revolução social em duas etapas, onde inicialmente ocorreria o fim dos privilégios feudais (existente na Rússia) e, posteriormente, a implantação do socialismo.
Vladimir Lênin
Em 1903, ocorreu o II Congresso do Partido Operário Social-Democrata Russo na Bélgica. Com isso, surge a importante figura de Vladimir Lênin, que defendia a ideia de existência de um partido centralizado, formado por revolucionários profissionais e baseado numa rígida disciplina de seus militantes, que levaria a consciência socialista à classe operária. Porém, Julius Martov tinha outra proposta: deveria construir um partido seguindo o modelo alemão, aberto e de massas, em que o filiado estaria desobrigado de participar das atividades partidárias.
Ao decidirem a questão no voto, os delegados do Congresso concederam 24 votos a Lênin, enquanto Martov ficou com apenas 19. Com esse número, Lênin se declarou “maioria” (em russo: bolcheviques) e qualificou o grupo de Martov de “minoria” (em russo: mencheviques). A partir desse episódio, o Partido Operário Social-Democrata Russo se dividiu entre Bolcheviques e Mencheviques.
Representação do Domingo Sangrento 
Deve-se ressaltar que uma grave crise econômica abalou o regime imperial em decorrência, sobretudo, em decorrência da derrota sofrida pelos japoneses na luta pelo controle da Coreia (no Pacífico) e da Manchúria (no norte da China). O czar Nicolau II saiu humilhado desse confronto, com um amplo movimento social na Rússia. Revoltados com os baixíssimos salários, enfrentando frio e fome, mais de 200 mil operários entraram e greve em São Petersburgo para tentar sensibilizar o imperador. Carregando estandartes com imagens de santos, concentraram-se pacificamente em frente ao Palácio de Inverno, pedindo pão e paz. Porém, a polícia czarista abriu fogo contra a multidão, resultando em 92 mortos e milhares de feridos. O episódio ficou conhecido como Domingo Sangrento.
Pressionado pelas revoltas e derrotas militares, o czar se comprometeu a convocar um Parlamento (Duma) e fez referência a elaboração de uma constituição – exigência de todos os partidos políticos. Contudo, logo após a eleição de deputados para a elaboração de uma Constituição, o czar, demonstrando sua face autoritária, suspendeu os trabalhos da Duma.
Nicolau II cometeu um grave erro ao inserir a Rússia na Primeira Guerra Mundial, em 1914. Totalmente despreparados, os soldados russos acumularam derrotas diante dos alemães e austríacos. Já no final do ano faltavam alimentos, armas e munições nas frentes de batalhas, além de quatro milhões de soldados mortos, a maioria de origem camponesa. A guerra gerou a desorganização da produção agrícola e industrial, com retração da economia e o crescimento do desemprego, gerando ainda mais insatisfação com relação à política adotada pelo czar.
Em fevereiro de 1917, a população ansiava pela paz. A situação se tornou insustentável para o czar, com soldados desertando das frentes de batalhas, falta de alimentos e empobrecimento da sociedade. Uma série de greves teve início, com a crescente oposição de grupos liberais, até que Nicolau II foi deposto. O poder foi transferido para a Duma (o parlamento), formando, dessa forma, um governo provisório chefiado pelo primeiro-ministro, o príncipe latifundiário Georgy Lvov.
Todavia, o governo provisório continuou com o país na guerra, contrariando o desejo de boa parte da sociedade. Após a queda do czar, a Rússia mergulhou em um caos político. A Duma buscava adotar uma política liberal, enquanto os sovietes radicalizavam o processo revolucionário, com levantes populares se multiplicando, pois os operários reivindicavam melhores condições de vida e de trabalho; os camponeses exigiam terras; os soldados clamavam pelo fim da guerra; muitos povos do antigo império czarista queriam autonomia.
Com isso, o líder bolcheviques retornou a Petrogrado, defendendo a palavra de ordem: “Todo poder aos sovietes”. Almejava o fim do governo provisório e a instituição de uma nova forma de poder. Incapaz de solucionar os problemas sociais e econômicos que afligiam o país, Lvov renunciou em favor de Alexander Kerensky. Entretanto, mais uma vez, o novo governo também foi incapaz de tirar o país do retrocesso e pobreza em que se encontravam.

A partir do soviete de Petrogrado e de seu comitê Militar Revolucionário, os bolcheviques, liderados por Lênin, ocuparam lugares estratégicos da cidade e invadiram o Palácio de Inverno. A Revolução Russa foi considerada vitoriosa em 25 de outubro de 1917. No poder, o novo governo atendeu às reivindicações exigidas pelos trabalhadores. Por meio de decretos, reconheceram o direito dos camponeses às terras, dos operários nas fábricas e das diversas nações não russas. 
Nessa época, todos os demais partidos políticos foram proibidos, o que deu lugar a um regime de partido único: o Partido Comunista. Foram proibidas manifestações de oposição e facções e dissidente dentro do partido. Além disso, os bolcheviques acreditavam que a revolução na Rússia daria início a um processo internacional, dando início a um processo internacional, representando o começo da revolução mundial. Porém, nenhuma revolução socialista saiu vitoriosa na Europa, nem mesmo a esperada revolução alemã.
Em Março de 1921, mesmo diante de um país destruído pela guerra, o governo comandado por Lênin adotou um plano econômico e político para solucionar os problemas enfrentados pelo país. A NEP (Nova Política Econômica), tinha o objetivo de estimular a agricultura, combater a fome e estreitar o vínculo do Partido Comunista com os camponeses, que simbolizavam a maioria da população. A finalidade primordial do plano era restabelecer algumas regras do capitalismo para que o socialismo pudesse avançar em um futuro próximo. (Dar um passo para trás, para dar dois à frente).
Com isso, os camponeses foram obrigados a pagar um imposto único sobre a produção, mas ganharam o direito de alugar terras, empregar mão de obra assalariada e vender os excedentes agrícolas pelo melhor preço de mercado, dentro de certos limites fixados pelo Estado. O governo acenou para o investimento de capitais estrangeiros produtivos, porém sem sucesso. Os resultados dessa política econômica foram positivos, e em 1927-1928, os índices de produção agrícola superaram os de 1913. Em outras palavras, a NEP recuperou a produção agrícola, mas obteve pouco sucesso na recuperação da indústria.


 Com a finalidade de institucionalizar a Revolução, em 1922 foi elaborada uma nova Constituição, na qual as diversas Repúblicas passavam a formar a União das Repúblicas Socialistas Soviéticas (URSS). Nesse arranjo, a hegemonia da República Russa prevalecia sobre as demais.

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