Ex-oficial alemão pedindo esmolas após a Primeira Guerra Mundial |
A
Primeira Guerra Mundial deixou um rastro de desilusão entre as populações. Para
muitos, a Europa esteve, durante muito tempo, muito mais próxima de um
barbarismo perverso do que dos valores propagados por sociedades civilizadas. À
desilusão na capacidade humana de resolver problemas de modo racional
somavam-se as dificuldades materiais. As instituições liberais sofreram fortes
abalos. A reconstrução social, em seus aspectos espirituais e materiais, precisou
de tempo para se realizar. A violência, experimentada nos campos de batalha e
instigada pelas propagandas oficiais, colocando uma nação contra a outra
tornou-se um componente habitual da vida dos jovens que voltaram da guerra.
Ao
final da Primeira Guerra Mundial, os EUA viviam um momento de grande expansão
econômica, pois a guerra abrira aos norte-americanos mercados antes dominados pelos
países europeus envolvidos no conflito. Com a Europa arrasada, o auxílio dos capitais
norte-americanos revelou-se fundamental para a reconstrução da economia europeia.
Além de empréstimos financeiros, os EUA
forneciam aos europeus produtos manufaturados e agrícolas, combustíveis e mesmo
bens de capitais. Esse maciço investimento no exterior dava aos
norte-americanos a ilusão de uma prosperidade sem fim.
Com isso, os norte-americanos mantiveram um
ritmo de crescimento acelerado, que resultou em um excesso de produção,
impossível de ser absolvido pelo mercado interno ou mesmo pelo mercado
mundial. Muitos agricultores, esperando
que os problemas fossem logo superados, recorreram a empréstimos bancários. As ações
das empresas continuavam sendo consideradas bons investimentos, e muitos
aplicaram toda a sua poupança nesses negócios. Mesmo os bancos, além de
aplicarem seus lucros em outras empresas, concediam empréstimos para a indústria
e o comércio continuarem a se expandir. A especulação financeira foi ganhando
cada vez mais força, acalentada pelo sonho do lucro fácil.
Distância entre a propaganda e a realidade |
O pesadelo teve início no dia 24 de outubro
de 1929, conhecida como quinta-feira negra. O movimento na Bolsa de Valores de
Nova Iorque era intenso, mas não havia compradores, e a bolsa quebrou. Os primeiros
a sofrer as consequências do episódio foram os investidores e os bancos que
possuíam enormes lotes de ações. Sem caixa para cumprir seus compromissos ou
honrar os depósitos dos concorrentes, as instituições bancárias foram
liquidadas.
Franklin Roosevelt |
Visando conter a crise, o governo democrata
de Franklin Roosevelt implantou em 1933 o plano chamado New Deal, com o qual
tomou para si a tarefa de redirecionar a economia, controlando os investimentos
e a produção. Além disso, como forma de diminuir o desemprego e possibilitar a
recuperação econômica, o governo instaurou um programa de obras públicas. Os preços
e salários passaram a ser também controlados, e a redução da jornada de
trabalho para oito horas estimulou a criação de mais empregos. No setor
financeiro, criou-se um fundo de proteção aos depósitos bancários, a fim de
restabelecer a confiança dos correntistas. A crise de 1929, que se estendeu ao
longo da década seguinte, foi seguramente um dos momentos mais cruciais da
história do capitalismo. As bases do imperialismo, como liberdade de mercado e
não-intervencionismo do Estado na economia, tiveram de ser abandonadas, sob
pena de que a crise se prolongasse por tempo indefinido.
Fila para obter alimento durante a crise de 1929 |
Fila de desempregados |
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