quarta-feira, 18 de maio de 2016

A crise de 1929


Ex-oficial alemão pedindo esmolas após a Primeira Guerra Mundial
            A Primeira Guerra Mundial deixou um rastro de desilusão entre as populações. Para muitos, a Europa esteve, durante muito tempo, muito mais próxima de um barbarismo perverso do que dos valores propagados por sociedades civilizadas. À desilusão na capacidade humana de resolver problemas de modo racional somavam-se as dificuldades materiais. As instituições liberais sofreram fortes abalos. A reconstrução social, em seus aspectos espirituais e materiais, precisou de tempo para se realizar. A violência, experimentada nos campos de batalha e instigada pelas propagandas oficiais, colocando uma nação contra a outra tornou-se um componente habitual da vida dos jovens que voltaram da guerra.
            Ao final da Primeira Guerra Mundial, os EUA viviam um momento de grande expansão econômica, pois a guerra abrira aos norte-americanos mercados antes dominados pelos países europeus envolvidos no conflito. Com a Europa arrasada, o auxílio dos capitais norte-americanos revelou-se fundamental para a reconstrução da economia europeia.
          Além de empréstimos financeiros, os EUA forneciam aos europeus produtos  manufaturados e agrícolas, combustíveis e mesmo bens de capitais. Esse maciço investimento no exterior dava aos norte-americanos a ilusão de uma prosperidade sem fim.
Com isso, os norte-americanos mantiveram um ritmo de crescimento acelerado, que resultou em um excesso de produção, impossível de ser absolvido pelo mercado interno ou mesmo pelo mercado mundial.  Muitos agricultores, esperando que os problemas fossem logo superados, recorreram a empréstimos bancários. As ações das empresas continuavam sendo consideradas bons investimentos, e muitos aplicaram toda a sua poupança nesses negócios. Mesmo os bancos, além de aplicarem seus lucros em outras empresas, concediam empréstimos para a indústria e o comércio continuarem a se expandir. A especulação financeira foi ganhando cada vez mais força, acalentada pelo sonho do lucro fácil.
Distância entre a propaganda e a realidade
               O pesadelo teve início no dia 24 de outubro de 1929, conhecida como quinta-feira  negra. O movimento na Bolsa de Valores de Nova Iorque era intenso, mas não havia compradores, e a bolsa quebrou. Os primeiros a sofrer as consequências do episódio foram os investidores e os bancos que possuíam enormes lotes de ações. Sem caixa para cumprir seus compromissos ou honrar os depósitos dos concorrentes, as instituições bancárias foram liquidadas.

Franklin Roosevelt
             Visando conter a crise, o governo democrata de Franklin Roosevelt implantou em 1933 o plano chamado New Deal, com o qual tomou para si a tarefa de redirecionar a economia, controlando os investimentos e a produção. Além disso, como forma de diminuir o desemprego e possibilitar a recuperação econômica, o governo instaurou um programa de obras públicas. Os preços e salários passaram a ser também controlados, e a redução da jornada de trabalho para oito horas estimulou a criação de mais empregos. No setor financeiro, criou-se um fundo de proteção aos depósitos  bancários, a fim de restabelecer a confiança dos correntistas. A crise de 1929, que se estendeu ao longo da década seguinte, foi seguramente um dos momentos mais cruciais da história do capitalismo. As bases do imperialismo, como liberdade de mercado e não-intervencionismo do Estado na economia, tiveram de ser abandonadas, sob pena de que a crise se prolongasse por tempo indefinido.
Fila para obter alimento durante a crise de 1929
Fila de desempregados
                    

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