terça-feira, 3 de maio de 2016

A América Espanhola

                O continente americano, em sua histórica constituição geográfica e política, passou por um processo de colonização de diversos países europeus. Esse fato proporcionou a formação de uma região marcada pela pluralidade política e étnica, com uma população diversificada em seus traços culturais. A composição da sociedade ficou caracterizada pelo massacre sofrido pelos nativos que habitavam a localidade.
Ruínas da cidade de Tenochtitlán 
                No que se refere à ação exercida pelos espanhóis na América, o contato com a população nativa proporcionou uma completa desarticulação das comunidades nativas. Quando os europeus chegaram, depararam-se com os Astecas que, de uma forma mais precisa, encontravam-se no atual México. Esse povo nativo construiu um vasto império no século XV, cuja capital era a cidade-estado de Tenochtitlán, que possuía 300 mil habitantes, população superior à de todas as cidades da Europa ocidental na mesma época.
                A força militar dos Astecas era indiscutível. Todos os homens prestavam serviço militar, e havia tropas bem treinadas, como a dos guerreiros que defendiam o império. Os nativos dedicavam grandes sacrifícios ao Sol no templo de Tenochtitlán, nos quais eram executados os cativos de guerra. Por essa razão, os povos da região faziam guerras, nas chamadas guerras floridas, cujo objetivo era conseguir cativos para o sacrifício. Contudo, para os prisioneiros era considerado uma honra morrer dessa forma. Os Astecas acreditavam que um guerreiro sacrificado virava um pássaro. Os sacrifícios humanos ao deus Sol não eram os únicos, mas faziam parte das maiores celebrações dessa sociedade hierarquizada e guerreira.
A cidade de Cuzco - Império Inca
                Outra importante civilizações surgidas no continente americano foi o império Inca, que se desenvolveu na atual região do Peru. No que concerne à forma de exploração do trabalho, esse era uma oferenda ao deus Sol, encarnado no próprio soberano dos Incas.
                Vale destacar que os incas eram mais centralizados e possuía controle mais abrangente dos seus domínios. De Cuzco, capital do império, o soberano governava toda a comunidade e, além disso, ele era visto como um deus completo, adorado como encarnação do Sol. Centralizado, hierarquizado, militarizado, assim era o império dos incas. Não por acaso se atribui a Atahualpa, o último imperador, a seguinte frase: “No meu reino, não há folha que se mexa, nem ave que voe, se tal não for a minha vontade”.
                Todavia, Atahualpa, imperador Inca, ao saber que o espanhol Francisco Pizarro se aproximava de Cuzco, ficou atônito. Por outro lado, o imperador asteca, Montezuma, ficou preocupado ao saber que centenas de homens, liderados pelo também espanhol Hernán Cortés seguiam para Tenochtitlán: de fato, os dias desses impérios do Sol estavam mesmo contados.
                A conquista do Império Asteca foi muito rápida. Cortés invadiu a região em 1519 e, logo em 1521, a capital Tenochtitlán caiu sob o domínio espanhol. Pizarro invadiu o império Inca em 1531 e conquistou Cuzco em 1533. Vale frisar que os espanhóis tinham espadas e lanças de ferro, canhões, cavalos, cães ferozes, arcabuzes e mosquetes contra armas de madeira e pedra dos nativos. E a desproporção entre soldados espanhóis e guerreiros indígenas era enorme.
Representação do contato entre indígena e europeus
                Além disso, a conquista espanhola prosseguiu em outras partes do continente, seguindo mais ou menos o estilo do que se passou entre astecas e incas: enorme violência espanhola e pânico coletivo entre os nativos, mas também muita cumplicidade e alianças com o invasor.
                Com a finalidade de melhor administrar as terras conquistadas, o governo espanhol decidiu dividi-las em vice-reinados e, sobretudo, iniciar a construção de cidades. Algumas dessas cidades logo passaram a contar com universidades, como a de São Domingo; a de São Marcos; e a Universidade Real e a Pontifícia da Cidade de México. O governo das cidades era mais importantes era exercido pelo cabildo – uma espécie de câmara municipal, integrada por representantes dos moradores mais ricos.
                No que concerne às formas de exploração implantada pelos espanhóis, desde o começo os indígenas sofreram com a ação dos europeus. Deve-se ressaltar que, embora considerados vassalos livres pelas leis espanholas, isso não evitou que os colonizadores os submetesse à escravidão. Partindo da concepção de que os nativos eram “fracos, amigos do ócio, da bebida e da luxúria”, por isso “deviam ser compelidos a trabalhar” e receber a doutrina da igreja católica.
Uma das formas de exploração dos indígenas ficou conhecida como encomienda, instituída a partir de 1503. Nessa forma de exploração, certa quantidade de nativos era entregue a um colono espanhol, para quem deveriam trabalhar em troca de assistência material e religiosa. Além disso, existia a mita, que consistia num sistema de trabalho assalariado forçado, pelo qual determinado número de índios sadios, do sexo masculino, era obrigado a se deslocar para certos lugares e prestar os serviços que lhes fossem designados.
Foi recorrendo a essas formas de exploração que os espanhóis exploraram as minas de prata de Potosí, na Bolívia atual, e Zacateca, no México atual. O trabalho em minas profundas era extremamente desumano, com alto índice de mortalidade. Poucos indígenas conseguiam sair vivos e voltar para suas casas, às vezes localizadas a centenas de quilômetros de distância.

A estrutura sócia da América espanhola apresentou uma rígida hierarquia. Assim, no topo da pirâmide social encontravam-se os funcionários da Coroa, os que exerciam os comandos militares, os responsáveis pela aplicação da justiça, pela cobrança de impostos, etc. Estes recebiam o nome de Chapetones, termo que se refere aos homens nascidos na Espanha e que trabalhavam na América.
Os descendentes dos espanhóis, nascidos na América eram conhecidos como Criollos, temo depreciativo usado para evidenciar as diferenças existentes entre as classes sociais. Embora formassem uma elite econômica (grandes mineradores, proprietários de terras, etc) e pudessem fazer parte dos cabildos, não ocupavam cargos políticos, administrativos, militares e judiciários, os quais reservavam aos chapetones.
A mestiçagem foi uma constante na América espanhola, que culminou no surgimento de uma grande massa de mestiços, na sua maioria formada por filhos de brancos com índias. Ocupando uma posição subalterna na hierarquia social, eram trabalhadores livres que se dedicavam a tarefas consideradas inferiores numa sociedade crescentemente “aristocrática”. Eram artesãos, capatazes, feitores, peões nas fazendas de gado, etc.

Além disso, num plano ainda mais inferior, encontravam-se os índios, em grande parte vítimas do trabalho compulsório nas minas e em outras atividades econômicas, geralmente sem acesso à terra e vivendo em situação precária. E, por fim, na base da pirâmide, encontravam-se os escravos de origem africana, que trabalhavam em várias atividades econômicas, rurais ou urbanas.

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