O continente
americano, em sua histórica constituição geográfica e política, passou por um
processo de colonização de diversos países europeus. Esse fato proporcionou a
formação de uma região marcada pela pluralidade política e étnica, com uma
população diversificada em seus traços culturais. A composição da sociedade
ficou caracterizada pelo massacre sofrido pelos nativos que habitavam a
localidade.
Ruínas da cidade de Tenochtitlán |
No que
se refere à ação exercida pelos espanhóis na América, o contato com a população
nativa proporcionou uma completa desarticulação das comunidades nativas. Quando
os europeus chegaram, depararam-se com os Astecas que, de uma forma mais
precisa, encontravam-se no atual México. Esse povo nativo construiu um vasto
império no século XV, cuja capital era a cidade-estado de Tenochtitlán, que
possuía 300 mil habitantes, população superior à de todas as cidades da Europa
ocidental na mesma época.
A força
militar dos Astecas era indiscutível. Todos os homens prestavam serviço
militar, e havia tropas bem treinadas, como a dos guerreiros que defendiam o
império. Os nativos dedicavam grandes sacrifícios ao Sol no templo de
Tenochtitlán, nos quais eram executados os cativos de guerra. Por essa razão,
os povos da região faziam guerras, nas chamadas guerras floridas, cujo objetivo
era conseguir cativos para o sacrifício. Contudo, para os prisioneiros era
considerado uma honra morrer dessa forma. Os Astecas acreditavam que um
guerreiro sacrificado virava um pássaro. Os sacrifícios humanos ao deus Sol não
eram os únicos, mas faziam parte das maiores celebrações dessa sociedade
hierarquizada e guerreira.
A cidade de Cuzco - Império Inca |
Outra
importante civilizações surgidas no continente americano foi o império Inca,
que se desenvolveu na atual região do Peru. No que concerne à forma de
exploração do trabalho, esse era uma oferenda ao deus Sol, encarnado no próprio
soberano dos Incas.
Vale
destacar que os incas eram mais centralizados e possuía controle mais
abrangente dos seus domínios. De Cuzco, capital do império, o soberano
governava toda a comunidade e, além disso, ele era visto como um deus completo,
adorado como encarnação do Sol. Centralizado, hierarquizado, militarizado,
assim era o império dos incas. Não por acaso se atribui a Atahualpa, o último
imperador, a seguinte frase: “No meu reino, não há folha que se mexa, nem ave
que voe, se tal não for a minha vontade”.
Todavia,
Atahualpa, imperador Inca, ao saber que o espanhol Francisco Pizarro se
aproximava de Cuzco, ficou atônito. Por outro lado, o imperador asteca,
Montezuma, ficou preocupado ao saber que centenas de homens, liderados pelo
também espanhol Hernán Cortés seguiam para Tenochtitlán: de fato, os dias
desses impérios do Sol estavam mesmo contados.
A
conquista do Império Asteca foi muito rápida. Cortés invadiu a região em 1519
e, logo em 1521, a capital Tenochtitlán caiu sob o domínio espanhol. Pizarro
invadiu o império Inca em 1531 e conquistou Cuzco em 1533. Vale frisar que os espanhóis
tinham espadas e lanças de ferro, canhões, cavalos, cães ferozes, arcabuzes e
mosquetes contra armas de madeira e pedra dos nativos. E a desproporção entre
soldados espanhóis e guerreiros indígenas era enorme.
Representação do contato entre indígena e europeus |
Além disso,
a conquista espanhola prosseguiu em outras partes do continente, seguindo mais
ou menos o estilo do que se passou entre astecas e incas: enorme violência
espanhola e pânico coletivo entre os nativos, mas também muita cumplicidade e
alianças com o invasor.
Com a
finalidade de melhor administrar as terras conquistadas, o governo espanhol
decidiu dividi-las em vice-reinados e, sobretudo, iniciar a construção de
cidades. Algumas dessas cidades logo passaram a contar com universidades, como
a de São Domingo; a de São Marcos; e a Universidade Real e a Pontifícia da
Cidade de México. O governo das cidades era mais importantes era exercido pelo
cabildo – uma espécie de câmara municipal, integrada por representantes dos
moradores mais ricos.
No que
concerne às formas de exploração implantada pelos espanhóis, desde o começo os
indígenas sofreram com a ação dos europeus. Deve-se ressaltar que, embora considerados
vassalos livres pelas leis espanholas, isso não evitou que os colonizadores os
submetesse à escravidão. Partindo da concepção de que os nativos eram “fracos,
amigos do ócio, da bebida e da luxúria”, por isso “deviam ser compelidos a
trabalhar” e receber a doutrina da igreja católica.
Uma das formas de exploração dos
indígenas ficou conhecida como encomienda, instituída a partir de 1503. Nessa
forma de exploração, certa quantidade de nativos era entregue a um colono
espanhol, para quem deveriam trabalhar em troca de assistência material e
religiosa. Além disso, existia a mita, que consistia num sistema de trabalho
assalariado forçado, pelo qual determinado número de índios sadios, do sexo
masculino, era obrigado a se deslocar para certos lugares e prestar os serviços
que lhes fossem designados.
Foi recorrendo a essas formas de
exploração que os espanhóis exploraram as minas de prata de Potosí, na Bolívia
atual, e Zacateca, no México atual. O trabalho em minas profundas era
extremamente desumano, com alto índice de mortalidade. Poucos indígenas
conseguiam sair vivos e voltar para suas casas, às vezes localizadas a centenas
de quilômetros de distância.
A estrutura sócia da América
espanhola apresentou uma rígida hierarquia. Assim, no topo da pirâmide social
encontravam-se os funcionários da Coroa, os que exerciam os comandos militares,
os responsáveis pela aplicação da justiça, pela cobrança de impostos, etc.
Estes recebiam o nome de Chapetones, termo que se refere aos homens nascidos na
Espanha e que trabalhavam na América.
Os descendentes dos espanhóis,
nascidos na América eram conhecidos como Criollos, temo depreciativo usado para
evidenciar as diferenças existentes entre as classes sociais. Embora formassem
uma elite econômica (grandes mineradores, proprietários de terras, etc) e
pudessem fazer parte dos cabildos, não ocupavam cargos políticos,
administrativos, militares e judiciários, os quais reservavam aos chapetones.
A mestiçagem foi uma constante na
América espanhola, que culminou no surgimento de uma grande massa de mestiços,
na sua maioria formada por filhos de brancos com índias. Ocupando uma posição
subalterna na hierarquia social, eram trabalhadores livres que se dedicavam a
tarefas consideradas inferiores numa sociedade crescentemente “aristocrática”. Eram
artesãos, capatazes, feitores, peões nas fazendas de gado, etc.
Além disso, num plano ainda mais
inferior, encontravam-se os índios, em grande parte vítimas do trabalho
compulsório nas minas e em outras atividades econômicas, geralmente sem acesso
à terra e vivendo em situação precária. E, por fim, na base da pirâmide,
encontravam-se os escravos de origem africana, que trabalhavam em várias
atividades econômicas, rurais ou urbanas.
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