Mapa das Treze Colônias |
As colônias ingleses na América
progrediram de formas diferentes, em seus aspectos político e econômico. As do
centro-norte desenvolveram-se com base na pequena propriedade, na produção de
manufaturas e no comércio que envolvia a América do Norte, a África e as
Antilhas (comércio triangular). No que concerne às colônias do sul prosperam a
forma econômica conhecida como plantation, ou seja, trabalho exercido pelos
escravos, onde se cultivava apenas um único produto e era voltado para o
mercado externo.
Deve-se enfatizar que essas
diferenças refletiam-se no relacionamento dessas áreas com a metrópole. Em
outras palavras, enquanto o centro-norte foi se desenvolvendo com certa
independência econômica e financeira, o sul evoluiu mantendo estreita
dependência da Inglaterra.
No sentido político, as Treze
Colônias desenvolveram-se com grande autonomia política. Cada colônia tinha sua
assembleia, que era encarregada de elaborar leis, votar orçamento e administrar
os impostos arrecadados. Assim, desde cedo os colonos americanos desenvolveram
hábitos e sentimentos de liberdade em relação à metrópole.
Todavia, a situação começaria a
mudar no século XVII, quando o regime político conhecido como monarquia
parlamentar consolidou-se de uma forma sistemática, concedendo aos burgueses
(grandes comerciantes) uma força significativa. No entanto, a burguesia inglesa
via os comerciantes e donos de manufaturas norte-americanos como concorrentes,
uma vez que as mercadorias produzidas no centro-norte da América concorriam com
as inglesas no mercado externo.
Representação da Guerra dos Sete Anos |
Em 1756 teve início a Guerra dos
Sete Anos, que opôs a França e a Inglaterra em decorrência de disputa por
territórios na América do Norte. Os ingleses saíram vitoriosos no conflito.
Derrotada na Europa e na América, a França teve de ceder para a Inglaterra
possessões na América do Norte e nas Antilhas.
Para recuperar-se financeiramente da
Guerra dos Sete Anos, a Inglaterra elevou os impostos, proibiu novas fábricas
nas colônias e criou uma série de leis prejudiciais aos colonos americanos. A
primeira lei criada ficou conhecida como Lei do Açúcar, que aumentava os
impostos sobre o açúcar, artigo de luxo. Também obrigava os colonos a comprar o
melaço das Antilhas inglesas. Antes os colonos compravam melaço de quem
vendesse mais barato. Outra lei criada foi a Lei do Selo, que dizia que todos
os contratos, jornais, cartazes, cartas e certidões que circulavam na colônia
deviam receber um selo, comprado do governo inglês.
A reação dos colonos foi violenta:
invadiram as agências postais e queimaram os maços de selos. Inspirados nas
ideias do iluminista John Locke, iniciaram uma campanha com o lema: “Sem
representação não pode haver tributação”, isto é, eles se recusavam a pagar
impostos por não terem sido consultados anteriormente. Além disso, na cidade de
Boston, a casa do governador foi atacada.
A tensão entre o governo e os
moradores das Treze Colônias aumentou ainda mais quando, em 1773, a Coroa
entregou à Companhia das Índias Orientais o controle sobre a venda do chá para
as colônias. A reação foi rápida: cerca de 150 colonos, disfarçados de índios,
invadiram três navios ingleses no porto de Boston e atiraram o chá ao mar. O
episódio ficou conhecido como Festa de Chá em Boston.
Em resposta, à manifestação, a
Inglaterra decretou em 1774 um conjunto de leis que os americanos denominaram
Leis Intoleráveis. A principal delas determinava o fechamento do porto de
Boston até que os colonos pagasse os prejuízos causados com o derramamento do
chá no mar. Além disso, todos os colonos envolvidos em atos de rebeldia contra
a Inglaterra seriam julgados por tribunais ingleses.
Como reação às Leis Intoleráveis, os
colonos organizaram, naquele mesmo ano, o Primeiro Congresso Continental da
Filadélfia. Nesse encontro, os representantes das colônias escreveram ao rei da
Inglaterra um protesto contra aquelas leis. O documento mostra uma forte
influência das ideias iluminista de John Locke, que era defensor do direito à
rebelião – ou seja, quando o governo não garantisse aos cidadãos os seus
direitos naturais, eles tinham o direito e o dever de derrubá-lo.
A Inglaterra respondeu aumentando o
número de soldados na colônia. Quando essas forças militares tentaram destruir
um depósito de armas dos colonos teve início a Batalha de Lexington, a primeira
guerra pela independência. Os representantes das colônias reuniram-se então no
Segundo Congresso Continental da Filadélfia para discutir a situação. Os
congressistas estavam divididos: uns queriam a independência, outros não.
George Washington |
O congresso acabou optou pela
separação: conclamou os cidadãos a pegar em armas e nomeou George Washington
comandante das tropas norte-americanas. Em 4 de Julho de 1776 ficou pronta a
Declaração de Independência, da qual Thomas Jefferson é o principal autor. As
colônias declararam-se “livres e independentes” da Inglaterra.
Contudo, a guerra foi difícil e
demorada, onde os “patriotas” travaram batalhas violentas contra os
“jaquetas-vermelhas”, apelido dos soldados ingleses. A virada começou quando os
colonos conseguiram vencer a difícil Batalha de Saratoga (1777). Essa vitória
americana atraiu o apoio europeu: França, Espanha e Holanda – antigas rivais da
Inglaterra – passaram a ajudar os rebeldes com armas, soldados e dinheiro.
Com a ajuda dos franceses, os
colonos norte-americanos conseguiram vencer a batalha decisiva: Yorktown
(1781), na Virgínia, mas somente em 1783, pelo Tratado de Paris, a Inglaterra
reconheceu a independência das Treze Colônias. Era o primeiro país da América a
tornar-se independente.
Os Estados Unidos estavam livres.
Era preciso agora organizar o novo país, definindo os direitos e deveres dos
cidadãos. A Constituição definia os Estados Unidos como uma república
federalista e presidencialista. Federalista porque as ex-colônias, que passaram
a ser Estados, ganharam autonomia para criar leis próprias, organizar forças
militares e até mesmo pedir empréstimos no exterior. Os poderes, seguindo a
teoria de Montesquieu, ficaram divididos em Executivo, Legislativo e
Judiciário.
Logo no início da Constituição
americana lê-se “Nós, o povo dos Estados Unidos...” Será mesmo que nesse
coletivo povo estavam incluídos todos os americanos de então? A resposta é não,
a começar dos indígenas. Para os indígenas, a independência traria prejuízos,
pois, a partir de então, os agricultores, criadores de gado e comerciantes de
pele norte-americanos avançaram sobre as terras indígenas a oeste de
Mississipi.
Além disso, para os descendentes dos
africanos, a independência nada significou. Os negros escravizados continuaram
na mesma condição: a escravidão durou ainda mais de cem anos. As mulheres, por
sua vez, não ganharam o direito de voto. Na prática, portanto, a expressão “Nós,
o povo dos Estados Unidos...” referia-se apenas aos homens adultos e brancos
que possuíssem certa renda. A maioria do povo teria de lutar muito tempo ainda
para conquistar a cidadania plena.
Thomas Jefferson |
Batalha de Saratoga |
Representação da Independência norte-americana |
Batalha de Yorktown |
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