DIOGO ANTÔNIO FEIJÓ |
No
dia da abdicação, a Assembleia estava em recesso, por isso os poucos deputados
e senadores que estavam no Rio de Janeiro só puderam escolher regentes
provisórios. Em junho de 1831, a Assembleia elegeu o brigadeiro Francisco de Lima
e Silva, além dos deputados João Bráulio Muniz e João da Costa Carvalho, para
compor a Regência Trina Permanente. O Ministério da Justiça foi entregue ao
padre paulista Diogo Antônio Feijó.
As
lutas políticas contra o autoritarismo de Dom Pedro I uniram grupos de
diferentes tendências e interesses e mascaram as divergências entre eles. Depois
da abdicação, no entanto, essas divergências voltaram a aparecer e se formaram três
grupos políticos. Eles disputavam o poder nas ruas, nos jornais e no Parlamento
e tinham interesses, objetivos e líderes políticos próprios.
o Restauradores:
comerciantes portugueses, altos funcionários públicos e alguns oficiais do
Exército. Defendiam a volta de D. Pedro I ao poder. Eram liderados por Vicente
Ferreira de Paula.
o Moderados:
proprietários rurais, profissionais liberais, padres e militares. Defendiam a manutenção
da ordem social e dos privilégios das elites do Nordeste, do Rio de Janeiro, de
São Paulo e de Minas Gerais e também a Monarquia Constitucional. Eram liderados
pelo padre Antônio Feijó e por Bernardo Pereira de Vasconcelos.
o Exaltados:
proprietários rurais, profissionais liberais, militares, funcionários públicos
modestos e padres. Defendiam a autonomia para as províncias, a nacionalização
do comércio, e parte deles era favorável à República. Entre seus líderes
estavam Cipriano Barata e Borges da Ferreira
Enquanto os moderados, como
Antônio Feijó, defendiam a Monarquia e as hierarquias sociais vigentes, ou
seja, a ordem estabelecida, os exaltados tinham propostas que, uma vez
vitoriosas, alterariam a ordem vigente,
Estando no poder durante a
Regência Trina Permanente, os moderados tiveram de enfrentar dois graves
problemas: a manutenção da ordem pública e as pressões por maior autonomia das
províncias. Para manter a ordem, o governo dos moderados criou, em agosto de
1831, a Guarda Nacional, que imitava a instituição francesa de mesmo nome e,
assim como esta, era formada por homens que tinham algo a defender, isto é, os
proprietários de terras.
REPRESENTANTES DA GUARDA NACIONAL IMPERIAL |
Só podiam fazer parte da
Guarda Nacional cidadãos proprietários; brasileiros com idade entre 21 e 60
anos e renda mínima de 200 mil réis nas quatro maiores cidades e de 100 mil
réis no resto do país.
Aos fazendeiros mais ricos
foi concedida a patente de coronel da Guarda Nacional, a mais alta de todas
elas. Cada um deles organizava um destacamento de homens de sua confiança e com
recursos próprios, conseguindo com isso um grande poder local.
Em novembro de 1832, o
governo dos moderados criou também o Código do Processo Criminal, que instituiu
tribunal do júri e ampliou os poderes dos juízes de paz. Eles podiam julgar
algumas ações: prender criminosos, preparar as listas de votantes, presidir
mesas eleitorais e ajudar a compor a lista dos jurados. Interessados em ascender
socialmente, os juízes de paz geralmente se rendiam aos poderosos que, com
isso, evitavam a condenação de seus capangas e clientes. Muitos homens livres
pobres, em troca de favores, transformavam-se em clientes e votavam nos
candidatos indicados pelos potentados locais.
Um dos debates que mais
empolgou os parlamentares nos anos iniciais da Regência foi a necessidade da
reforma na Constituição do Império, considerada tanto pelos Moderados quanto
pelos Exaltados como exageradamente centralizadora. Depois de intensa discussão
entre eles, chegou-se a um consenso no Parlamento: aprovou-se o Ato Adicional
de 1834, o qual:
o
Criou
as Assembleias Legislativas Provinciais, concedendo, assim, maior autonomia às provinciais;
o
Aboliu
o Conselho de Estado, órgão bastante impopular que tinha sido criado por D. Pedro
I, mas conservou a vitaliciedade do Senado;
o
Cedeu
ao presidente da província o direito de nomear e transferir funcionários
públicos;
o
Retirou
dos regentes o direito de dissolver a Câmara, uma das principais atribuições do
Poder Moderador;
o
Substituiu
a Regência Trina por uma Regência Uma;
o
Transformou
o Rio de Janeiro em município neutro, capital do Império;
Com o Ato Adicional de 1834
e a permissão para que as províncias legislassem sobre gastos e impostos
locais, os liberais moderados buscavam diminuir a oposição ao seu governo.
Com a morte de D. Pedro I,
em 1834, os restaurantes perderam a razão de existir; parte deles deixou a
política; outra parte se uniu aos moderados que, com isso, fortaleceram-se. Nesse
contexto, ocorreram pela primeira vez eleições para chefe do governo. A eleição
levou ao poder o padre Diogo Antônio Feijó, que venceu seu opositor por uma
margem estreita de votos.
Durante o seu governo, Feijó
teve de enfrentar vários desafios, entre os quais a eclosão de duas das maiores
rebeliões regenciais: a Cabanagem, no Norte, e a Farroupilha, no Sul. Para reprimir
essas rebeliões nas províncias, Feijó precisava de recursos que deveriam ser
aprovados pela Câmara dos Deputados, porém a maioria dessas Câmaras movia uma
pesada oposição contra ele, que nada podia fazer pois o Ato Adicional de 1834
não o autorizava a dissolvê-la.
Além de se oporem a Feijó,
os deputados da oposição o acusavam de não reprimir com firmeza as revoltas
provinciais e de ser anticelibatário. Feijó, faleceu, aumentando ainda mais seu
isolamento político.
Sem apoio da maioria da
Câmara e de Evaristo da Veiga, e temendo a desintegração do Império, Feijó
renunciou em setembro de 1837.
PEDRO DE ARAÚJO LIMA |
Seu sucessor legal, Pedro de
Araújo Lima, era, além de um político experiente e formado em Coimbra, senhor
de engenho em Pernambuco e politicamente conservador. Ele, que no ano seguinte
foi eleito regente com mais de 4 mil votos, também era radicalmente contrário à
descentralização política; por isso deu início ao Regresso, uma política de
fortalecimento do poder central que tinha o apoio de representantes da
cafeicultura e dos grandes comerciantes.
Os regressistas queriam
fortalecer a autoridade central e garantir a unidade do Império e a ordem
escravista, pondo fim ao que eles chamavam de “anarquia”. O principal líder dos
regressistas, o deputado por Minas Gerais Bernardo Pereira de Vasconcelos,
dizia ser preciso deter o “carro da Revolução” e restabelecer a integridade do
Império por meio da submissão dos grupos rebeldes, pela força ou por acordos. Para
alcançar seu objetivo, adotaram duas ações: de um lado, promoveram o carisma da
Monarquia e, de outro, enviaram forças militares para conter as rebeliões que
ocorriam nas províncias.
Em 1840, os regressistas
obtiveram importante vitória ao aprovar a Lei Interpretativa do Ato Adicional,
que:
o
Retirava
a autonomia das províncias, permitindo a anulação das leis provinciais;
o
Aumentava
o poder de repressão do governo central.
Por quererem conservar a
ordem imperial, os regressistas passaram a ser chamados de conservadores, dando
origem à primeira organização brasileira a que se pode dar o nome de partido
político, o Partido Conservador; seus opositores , então chamados de progressistas,
formaram o Partido Liberal.
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Moisés Rodrigues
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