Após
o fim da Segunda Guerra Mundial iniciou-se um conflito que colocava de um lado
os países aliados aos EUA e a sua política econômica; e, de outro, os países
socialistas, liderados pela URSS. Foi nesse contexto conturbado que surgiu a
CIA, agência de inteligência norte-americana, destinada a informar ao governo
dos EUA o que acontecia os países do bloco socialista. Como resposta à criação
da CIA, os soviéticos conceberam a KGB, uma reformulação do NKVD, órgão do
serviço secreto russo existente nos anos 1930, na época de Stálin. Tanto a KGB
como a CIA iriam atuar interna e externamente em questões políticas, militares
e diplomáticas. Em alguns casos, esses órgãos interfeririam de forma categórica
nos rumos que os acontecimentos tomariam em outras nações. É esse período de
polarização política e econômica entre dois blocos antagônicos.
Winston Churchill, Franklin Roselvet e Josef Stalin respectivamente |
Realizada
pouco antes do fim da Segunda Guerra Mundial, a Conferência de Yalta serviu
para que os aliados não apenas coordenassem a fase derradeira da luta contra o
nazismo, mas também decidissem a organização do mundo pós –guerra. Nessa conferência,
EUA e URSS definiram os padrões da nova ordem mundial, cabendo à Grã-Bretanha
uma posição coadjuvante.
Proclamações
em favor da paz e do entendimento, como as que acompanharam a fundação da
Organização das Nações Unidas (ONU), em 1945, não tinham meios de superar as
divergências ideológicas entre os Estados Unidos e a Grã-Bretanha, de um lado,
e a União Soviética, de outro. Formaram-se, desse modo, duas grandes áreas de
influência em escala planetária: a capitalista e a socialista, sob a hegemonia,
respectivamente, dos EUA e da URSS.
Harry Truman |
Em
1947, num discurso ao Congresso dos EUA, o então presidente Harry Truman
anunciou que Washington iria apoiar os povos que quisessem resistir às
tentativas de influência e domínio dos socialistas. Ou seja, os EUA passariam a
atuar, em escala mundial, como um polo antissoviético, a fim de conter a
expansão do bloco liderado por Moscou. A chamada Doutrina Truman, formulada em
março de 1947, serviu de orientação para mapear a política externa do país ao
estabelecer que o comunismo deveria ser combatido a qualquer custo, o que
justificaria a intervenção norte-americana nos países “ameaçados” por Moscou.
Ainda
em 1947, um arrojado programa econômico de investimentos e de recuperação, cuja
principal meta era atender aos países arrasados pela Guerra Mundial, foi
lançado pelo governo dos EUA. Proposto pelo secretário de Estado
norte-americano, George Marshall, o programa ficou conhecido como Plano Marshall.
Concebido
para recuperar a economia comercial das regiões fortemente abaladas pela guerra
e para consolidar uma economia tipicamente capitalista na Europa Ocidental, o
Plano Marshall concedeu aos países beneficiados empréstimos e auxílios diversos
a juros irrisórios, contribuindo efetivamente para a reconstrução europeia. O plano
atraiu para os Estados Unidos a simpatia, até mesmo, de países sob influência
soviética. Em 1949, os soviéticos lançaram seu próprio programa de ajuda
econômica para o Leste europeu. Denominado Conselho para Assistência Econômica
Mútua, o plano ficou conhecido como COMECON.
Em
1949, diante do crescimento da tensão nas relações entre os mundos capitalistas
e socialistas, foi fundada, por iniciativa dos EUA, a Organização do Tratado do
Atlântico Norte (OTAN). Tratava-se de uma aliança político-militar composta
originalmente dos Estados Unidos, França, Bélgica, Canadá, Países Baixos, Dinamarca,
Reino Unido, Luxemburgo, Noruega, Itália e Portugal. Posteriormente, a Alemanha
Ocidental, a Grécia e a Turquia também ingressaram na aliança.
A
militarização também tomou conta dos serviços de inteligência desses países,
colocados em maior ou menor grau sob a hegemonia da Agência Central de
Inteligência (CIA) e de outros órgãos de informação dos EUA. A resposta
soviética viria em 1955, com a formação do Pacto de Varsóvia, aliança militar
que reunia os países do Leste europeu como a Polônia, Tchecoslováquia, Hungria,
Albânia, Bulgária, Romênia e posteriormente a Alemanha Oriental.
A
corrida armamentista entre as duas potências mundiais fez com que as indústrias
bélicas aumentassem seus lucros e absorvessem um número grande de
trabalhadores.
Na
verdade, o ano de 1949 assinalou uma abrupta escalada na Guerra Fria, que
assumiu proporções de um confronto verdadeiramente mundial. Na Europa,
formaram-se dois Estados alemães de sistemas políticos e econômicos
antagônicos, enquanto a Ásia assistiu à vitória da revolução comunista na China
e, no ano seguinte, à deflagração da Guerra da Coreia (1950-1953).
A
Conferência de Potsdam, ao fim da Segunda Guerra Mundial, estabeleceu que o
território alemão e a cidade de Berlim seriam divididos em quatro zonas,
geridas pelos britânicos, franceses, norte-americanos e soviéticos.
No
decorrer de 1946, novos acordos alteraram a divisão da Alemanha. As zonas
americana e inglesa fundiram-se, e o território ocidental voltou a ser
administrado por alemães, formando a República Federal da Alemanha (RFA), em
1949. Os soviéticos responderam, no mesmo ano, com a criação, na porção leste,
de um segundo Estado alemão: a República Democrática Alemã (RDA).
Os
dois Estados tiveram uma evolução bem diferente. Com a interferência dos
Estados Unidos, os alemães ocidentais realizaram uma reforma econômica que
apresentou resultados positivos desde a década de 1950. Foi implementado um
modelo de economia de mercado que teve um de seus pontos altos na criação do
novo marco alemão. A proposta econômica era essencialmente capitalista, porém
com a obrigação do Estado de fornecer educação e serviços médicos e previdenciários
para a população, criando condições sociais mais favoráveis à reconstrução do
país.
A
formação da Alemanha Oriental enfrentou dificuldades bem maiores, até porque o
Estado foi estabelecido no trecho menos desenvolvido da Alemanha, no qual
predominavam as grandes propriedades rurais dos junkers, a aristocracia militar
prussiana. Em um primeiro momento, os comunistas alemães defenderam a formação
de um Estado independente da tutela soviética. Eles pretendiam instalar uma
república parlamentar e democrática que garantisse os direitos de todos os
cidadãos e o pluripartidarismo. Ainda não estava em pauta a opção pelo
comunismo.
Desde
1947, ano de lançamento do Plano Marshall, os soviéticos pressionaram no
sentido de acelerar as definições políticas na Alemanha do Leste. A opção de
autonomia em relação à União Soviética foi abandonada, e a via pluripartidária
transformou-se numa fachada que não escondia o predomínio do Partido Comunista.
Em 1955, o ingresso da Alemanha Oriental no Pacto de Varsóvia selou a união
entre soviéticos e alemães orientais.
Durante
todo o período da Guerra Fria, foram eliminadas quaisquer chances de
reunificação da Alemanha. No ano de 1961, a separação ganhou um símbolo de
enorme impacto: a construção de um muro que dividia a cidade de Berlim, situada
no interior da RDA e ainda dividia em zonas de ocupação britânica, americana,
francesa e soviética.
Início da construção do muro de Berlim |
Erguido por iniciativa do governo da RDA, o muro dividiu a cidade de Berlim em zonas distintas, cortando bairros e até cemitérios. A obra foi realizada para impedir a fuga dos habitantes da zona oriental para os “bolsões capitalistas” da cidade, isto é, para as zonas sob administração das potências ocidentais. O muro de Berlim tornou-se um triste símbolo da Guerra Fria e da divisão do mundo em áreas de influência.
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