sábado, 21 de julho de 2018

A guerra fria

     Após o fim da Segunda Guerra Mundial iniciou-se um conflito que colocava de um lado os países aliados aos EUA e a sua política econômica; e, de outro, os países socialistas, liderados pela URSS. Foi nesse contexto conturbado que surgiu a CIA, agência de inteligência norte-americana, destinada a informar ao governo dos EUA o que acontecia os países do bloco socialista. Como resposta à criação da CIA, os soviéticos conceberam a KGB, uma reformulação do NKVD, órgão do serviço secreto russo existente nos anos 1930, na época de Stálin. Tanto a KGB como a CIA iriam atuar interna e externamente em questões políticas, militares e diplomáticas. Em alguns casos, esses órgãos interfeririam de forma categórica nos rumos que os acontecimentos tomariam em outras nações. É esse período de polarização política e econômica entre dois blocos antagônicos.
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Winston Churchill, Franklin Roselvet e Josef Stalin respectivamente
        Realizada pouco antes do fim da Segunda Guerra Mundial, a Conferência de Yalta serviu para que os aliados não apenas coordenassem a fase derradeira da luta contra o nazismo, mas também decidissem a organização do mundo pós –guerra. Nessa conferência, EUA e URSS definiram os padrões da nova ordem mundial, cabendo à Grã-Bretanha uma posição coadjuvante.
        Proclamações em favor da paz e do entendimento, como as que acompanharam a fundação da Organização das Nações Unidas (ONU), em 1945, não tinham meios de superar as divergências ideológicas entre os Estados Unidos e a Grã-Bretanha, de um lado, e a União Soviética, de outro. Formaram-se, desse modo, duas grandes áreas de influência em escala planetária: a capitalista e a socialista, sob a hegemonia, respectivamente, dos EUA e da URSS.
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Harry Truman
        Em 1947, num discurso ao Congresso dos EUA, o então presidente Harry Truman anunciou que Washington iria apoiar os povos que quisessem resistir às tentativas de influência e domínio dos socialistas. Ou seja, os EUA passariam a atuar, em escala mundial, como um polo antissoviético, a fim de conter a expansão do bloco liderado por Moscou. A chamada Doutrina Truman, formulada em março de 1947, serviu de orientação para mapear a política externa do país ao estabelecer que o comunismo deveria ser combatido a qualquer custo, o que justificaria a intervenção norte-americana nos países “ameaçados” por Moscou.
        Ainda em 1947, um arrojado programa econômico de investimentos e de recuperação, cuja principal meta era atender aos países arrasados pela Guerra Mundial, foi lançado pelo governo dos EUA. Proposto pelo secretário de Estado norte-americano, George Marshall, o programa ficou conhecido como Plano Marshall.
        Concebido para recuperar a economia comercial das regiões fortemente abaladas pela guerra e para consolidar uma economia tipicamente capitalista na Europa Ocidental, o Plano Marshall concedeu aos países beneficiados empréstimos e auxílios diversos a juros irrisórios, contribuindo efetivamente para a reconstrução europeia. O plano atraiu para os Estados Unidos a simpatia, até mesmo, de países sob influência soviética. Em 1949, os soviéticos lançaram seu próprio programa de ajuda econômica para o Leste europeu. Denominado Conselho para Assistência Econômica Mútua, o plano ficou conhecido como COMECON.
        Em 1949, diante do crescimento da tensão nas relações entre os mundos capitalistas e socialistas, foi fundada, por iniciativa dos EUA, a Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN). Tratava-se de uma aliança político-militar composta originalmente dos Estados Unidos, França, Bélgica, Canadá, Países Baixos, Dinamarca, Reino Unido, Luxemburgo, Noruega, Itália e Portugal. Posteriormente, a Alemanha Ocidental, a Grécia e a Turquia também ingressaram na aliança.
        A militarização também tomou conta dos serviços de inteligência desses países, colocados em maior ou menor grau sob a hegemonia da Agência Central de Inteligência (CIA) e de outros órgãos de informação dos EUA. A resposta soviética viria em 1955, com a formação do Pacto de Varsóvia, aliança militar que reunia os países do Leste europeu como a Polônia, Tchecoslováquia, Hungria, Albânia, Bulgária, Romênia e posteriormente a Alemanha Oriental.
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        A corrida armamentista entre as duas potências mundiais fez com que as indústrias bélicas aumentassem seus lucros e absorvessem um número grande de trabalhadores.
        Na verdade, o ano de 1949 assinalou uma abrupta escalada na Guerra Fria, que assumiu proporções de um confronto verdadeiramente mundial. Na Europa, formaram-se dois Estados alemães de sistemas políticos e econômicos antagônicos, enquanto a Ásia assistiu à vitória da revolução comunista na China e, no ano seguinte, à deflagração da Guerra da Coreia (1950-1953).
        A Conferência de Potsdam, ao fim da Segunda Guerra Mundial, estabeleceu que o território alemão e a cidade de Berlim seriam divididos em quatro zonas, geridas pelos britânicos, franceses, norte-americanos e soviéticos.
        No decorrer de 1946, novos acordos alteraram a divisão da Alemanha. As zonas americana e inglesa fundiram-se, e o território ocidental voltou a ser administrado por alemães, formando a República Federal da Alemanha (RFA), em 1949. Os soviéticos responderam, no mesmo ano, com a criação, na porção leste, de um segundo Estado alemão: a República Democrática Alemã (RDA).
        Os dois Estados tiveram uma evolução bem diferente. Com a interferência dos Estados Unidos, os alemães ocidentais realizaram uma reforma econômica que apresentou resultados positivos desde a década de 1950. Foi implementado um modelo de economia de mercado que teve um de seus pontos altos na criação do novo marco alemão. A proposta econômica era essencialmente capitalista, porém com a obrigação do Estado de fornecer educação e serviços médicos e previdenciários para a população, criando condições sociais mais favoráveis à reconstrução do país.
        A formação da Alemanha Oriental enfrentou dificuldades bem maiores, até porque o Estado foi estabelecido no trecho menos desenvolvido da Alemanha, no qual predominavam as grandes propriedades rurais dos junkers, a aristocracia militar prussiana. Em um primeiro momento, os comunistas alemães defenderam a formação de um Estado independente da tutela soviética. Eles pretendiam instalar uma república parlamentar e democrática que garantisse os direitos de todos os cidadãos e o pluripartidarismo. Ainda não estava em pauta a opção pelo comunismo.
        Desde 1947, ano de lançamento do Plano Marshall, os soviéticos pressionaram no sentido de acelerar as definições políticas na Alemanha do Leste. A opção de autonomia em relação à União Soviética foi abandonada, e a via pluripartidária transformou-se numa fachada que não escondia o predomínio do Partido Comunista. Em 1955, o ingresso da Alemanha Oriental no Pacto de Varsóvia selou a união entre soviéticos e alemães orientais.
        Durante todo o período da Guerra Fria, foram eliminadas quaisquer chances de reunificação da Alemanha. No ano de 1961, a separação ganhou um símbolo de enorme impacto: a construção de um muro que dividia a cidade de Berlim, situada no interior da RDA e ainda dividia em zonas de ocupação britânica, americana, francesa e soviética.
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Início da construção do muro de Berlim

       
Erguido por iniciativa do governo da RDA, o muro dividiu a cidade de Berlim em zonas distintas, cortando bairros e até cemitérios. A obra foi realizada para impedir a fuga dos habitantes da zona oriental para os “bolsões capitalistas” da cidade, isto é, para as zonas sob administração das potências ocidentais. O muro de Berlim tornou-se um triste símbolo da Guerra Fria e da divisão do mundo em áreas de influência.

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