Niéde Guidon |
Não
se sabe ao certo quando a América foi ocupada pelo ser humano. Arqueólogos já
encontraram vestígios humanos no continente desde, pelo menos, 14 mil anos
atrás. Outros especialistas, como a arqueóloga brasileira Niéde Guidon, afirmam
que essa presença data de aproximadamente 45 mil anos atrás.
Apesar
dessas incertezas, é possível afirmar que os primeiros grupos humanos na
América eram nômades, caçadores e coletores. A sedentarização foi um processo
longo: as primeiras marcas de plantio datam de cerca de 8 mil anos atrás. Elas se
encontram nas atuais terras do México e dos Andes peruanos e indicam cultivo de
abóbora, feijão, tomate, pimentão, milho, batata-doce e mandioca. Com o tempo,
os assentamentos humanos cresceram e deram origem às primeira cidades na
América.
Os Olmecas
Um
dos primeiros povos pré-colombianos a ter uma organização social complexa, os
Olmecas estabeleceram-se na região do Golfo do México, na Mesoamérica, por
volta do século XIII a. c. e lá se mantiveram por pelo menos oito séculos. A região
tinha água abundante, o que facilitava o plantio de alimentos, como milho,
abóbora, feijão e algumas pimentas. A caça e a pesca contribuíram para ampliar
as fontes alimentares.
Localização geográfica dos Olmecas |
Os
olmecas criaram as primeiras formas americanas de escrita e um calendário. Monumentos
funerários, centros cerimoniais e esculturas sugerem que eles viviam numa
sociedade com alguma diferenciação social e que a religião tinha papel
predominante. Também foram encontradas grandes praças públicas, o que pode
indicar que suas cerimônias religiosas eram realizadas ao ar livre.
Por
volta do século IV a. c., a população olmeca decresceu bastante. Não se sabe
ainda o que provocou o declínio dessa sociedade, mas podem ter sido mudanças
ambientais, que afetaram a agricultura, ou guerras com os povos vizinhos, que
causaram muitas mortes e perdas territoriais.
Teotihuacán: uma das primeiras cidades
Monte
Albán e Teotihuacán, na parte central do México, são provavelmente as duas
cidades mais antigas da Mesoamérica. Teotihuacán formou-se da união de várias
aldeias, por volta do ano 100, e atingiu o auge na metade do século V, quando
sua população chegou a 80 mil pessoas.
O
centro de Teotihuacán, muito bem organizado e planificado, estava dividido em
setores, cada um deles dedicado a uma atividade a uma nova atividade econômica.
Contava também com grandes templos e edifícios públicos. As áreas dedicadas e
moradias tinham quarteirões regulares e ruas e avenidas geometricamente
desenhadas.
Pirâmide do Sol |
A
construção mais importante da cidade era a Pirâmide do Sol. No topo da pirâmide,
provavelmente, havia um templo. Para alguns estudiosos, o templo devia
representar para aquele povo o local de onde saíram seus antepassados.
Por
alguma razão ainda não esclarecida, Teotihuacán entrou em declínio por volta d
século VIII. Parte da população migrou para outras áreas e outra parte
continuou vivendo no local, sob o domínio dos toltecas.
O domínio tolteca
Os
toltecas eram povos nômades que viviam no norte do México. No século VIII, eles
começaram a se deslocar para o sul e se estabeleceram na região central do
México, assimilando muitos costumes dos moradores de Teotihuacán. Conheciam a
metalurgia, praticavam a agricultura, a coleta e a caça e comercializavam regularmente
com povos do sul e do leste, trocando sobretudo obsidiana por algodão e cacau.
A
capital tolteca era Tula, cidade que pode ter chegado a abrigar entre 20 e 50
mil pessoas durante o século XI, período em que atingiu seu auge. No século
XII, porém, a cidade foi invadida e, n primeira metade do século seguinte,
incendiada.
Não
é possível definir os motivos exatos do declínio da civilização tolteca. As principais
explicações seriam a incapacidade de impedir o avanço de grupos invasores
nortistas e as temporadas de seca, que teriam prejudicado a produção agrícola.
As cidades-estados maias
Por
volta do ano 800, enquanto a cidade de Teotihuacán declinava, no sul as cidades
maias chegavam ao apogeu. Os maias ocupavam a Península de Yucatán, além de uma
pequena faixa de terra ainda mais ao sul, correspondente ao oeste da atual
Honduras.
As
informações sobre os maias são precárias, mas os primeiros indícios de sua
presença na região datam de 1000 a. c. Eles construíram e mantiveram suas
cidades por quase dois mil anos, até o século X, aproximadamente, quando começaram
a abandoná-las. As construções de cidades como Chichén Itzá e Palenque
(México), Tikal (Guatemala) e Copán (Honduras) foram talvez as mais requintadas
e variadas da América pré-colombiana.
As
guerras desempenharam um papel importante na expansão das cidades maias, como
ocorreu com outros povos da América e do mundo. A imagem idealizada dos maias
como um povo pacífico não corresponde aos registros encontrados, que mostram
sinais de uma cultura militarista. Descobertas de crânios em sepulturas atestam
que eles tinham o costume de decapitar os inimigos, talvez em um ritual de
sacrifício aos deuses.
Os
maias não chegaram a formar um império. Suas cidades-Estado se comunicavam, mas
conservavam autonomia administrativa e tinham suas próprias leis e organização
interna. O poder em cada cidade era centralizado e transmitido
hereditariamente. Nobres, funcionários do Estado e sacerdotes compunham a
elite. Eles moravam nas cidades, de onde controlavam os agricultores.
A agricultura maia
A
agricultura maia era a atividade mais importante da economia maia. Os instrumentos
utilizados nessa atividade eram basicamente de madeira e de pedra. Aparentemente,
apenas os machados, usados na derrubada de árvores, eram feitos de cobre.
Os
maias cultivavam abacate, abóbora, cacau, mamão, feijão, batata e,
principalmente, milho. Este foi, provavelmente, o principal alimento da maioria
dos povos pré-colombianos colonizados pelos espanhóis.
Localização geográfica dos maias |
O
milho era tão importante que muitas celebrações e mitos foram criados em torno
dele. Uma das narrativas do poema maia, por exemplo, atribui a origem dos homens
a um Grande Deus, que teria utilizado grãos de milho para cria-los.
As
técnicas de cultivo dos alimentos desenvolvidas pelos maias eram simples,
prevalecendo o sistema de coivara, que consistia em derrubar a mata, queimar a
vegetação original e, dias depois, fazer a semeadura. Quando chegava a estação
das chuvas, eles vigiavam as plantações para retirar as ervas daninhas e
impedir a invasão do mato. A colheita, feita entre outubro e novembro, era
celebrada com grandes festividades.
A
prática da coivara provocava o rápido esgotamento do solo. Como os campos de
milho produziam em média por dois ou três anos consecutivos, os agricultores
maias tinham que deslocar constantemente suas plantações em busca de novas
terras para o cultivo, abandonando as que tinham ficado pouco produtivas.
O declínio da civilização maia
Por
volta do ano 900, as cidades maias começaram a entrar em declínio, até ficarem
despovoadas. Uma das explicações para esse declínio é que mudanças climáticas
teriam provocados longos períodos de estiagem. Outra hipótese é que a prática
da coivara teria esgotado a capacidade produtiva das terras e forçado a população
a emigrar para outras áreas. O motivo exato do abandono das cidades, contudo,
ainda é objeto de controvérsias. O mais provável é que tenha sido causado por
uma combinação de fatores.
Quando
os espanhóis chegaram à região, no início do século XVI, as cidades maias
estavam em ruínas, a maior parte delas coberta pela floresta tropical. No entanto,
as marcas da cultura maia persistem até os dias de hoje. Elas sobrevivem nas
construções, nas línguas e nos registros de conhecimentos de astronomia. O mais
forte indício do passado maia, porém, está nas etnias que ainda vivem na
região, concentradas principalmente em dois países: México e Guatemala.
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