sábado, 28 de julho de 2018

A América pré-colombiana

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Niéde Guidon

        Não se sabe ao certo quando a América foi ocupada pelo ser humano. Arqueólogos já encontraram vestígios humanos no continente desde, pelo menos, 14 mil anos atrás. Outros especialistas, como a arqueóloga brasileira Niéde Guidon, afirmam que essa presença data de aproximadamente 45 mil anos atrás.
        Apesar dessas incertezas, é possível afirmar que os primeiros grupos humanos na América eram nômades, caçadores e coletores. A sedentarização foi um processo longo: as primeiras marcas de plantio datam de cerca de 8 mil anos atrás. Elas se encontram nas atuais terras do México e dos Andes peruanos e indicam cultivo de abóbora, feijão, tomate, pimentão, milho, batata-doce e mandioca. Com o tempo, os assentamentos humanos cresceram e deram origem às primeira cidades na América.

Os Olmecas
        Um dos primeiros povos pré-colombianos a ter uma organização social complexa, os Olmecas estabeleceram-se na região do Golfo do México, na Mesoamérica, por volta do século XIII a. c. e lá se mantiveram por pelo menos oito séculos. A região tinha água abundante, o que facilitava o plantio de alimentos, como milho, abóbora, feijão e algumas pimentas. A caça e a pesca contribuíram para ampliar as fontes alimentares.
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Localização geográfica dos Olmecas
        Os olmecas criaram as primeiras formas americanas de escrita e um calendário. Monumentos funerários, centros cerimoniais e esculturas sugerem que eles viviam numa sociedade com alguma diferenciação social e que a religião tinha papel predominante. Também foram encontradas grandes praças públicas, o que pode indicar que suas cerimônias religiosas eram realizadas ao ar livre.
        Por volta do século IV a. c., a população olmeca decresceu bastante. Não se sabe ainda o que provocou o declínio dessa sociedade, mas podem ter sido mudanças ambientais, que afetaram a agricultura, ou guerras com os povos vizinhos, que causaram muitas mortes e perdas territoriais.

Teotihuacán: uma das primeiras cidades
        Monte Albán e Teotihuacán, na parte central do México, são provavelmente as duas cidades mais antigas da Mesoamérica. Teotihuacán formou-se da união de várias aldeias, por volta do ano 100, e atingiu o auge na metade do século V, quando sua população chegou a 80 mil pessoas.
        O centro de Teotihuacán, muito bem organizado e planificado, estava dividido em setores, cada um deles dedicado a uma atividade a uma nova atividade econômica. Contava também com grandes templos e edifícios públicos. As áreas dedicadas e moradias tinham quarteirões regulares e ruas e avenidas geometricamente desenhadas.
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Pirâmide do Sol
        A construção mais importante da cidade era a Pirâmide do Sol. No topo da pirâmide, provavelmente, havia um templo. Para alguns estudiosos, o templo devia representar para aquele povo o local de onde saíram seus antepassados.
        Por alguma razão ainda não esclarecida, Teotihuacán entrou em declínio por volta d século VIII. Parte da população migrou para outras áreas e outra parte continuou vivendo no local, sob o domínio dos toltecas.

O domínio tolteca
        Os toltecas eram povos nômades que viviam no norte do México. No século VIII, eles começaram a se deslocar para o sul e se estabeleceram na região central do México, assimilando muitos costumes dos moradores de Teotihuacán. Conheciam a metalurgia, praticavam a agricultura, a coleta e a caça e comercializavam regularmente com povos do sul e do leste, trocando sobretudo obsidiana por algodão e cacau.
        A capital tolteca era Tula, cidade que pode ter chegado a abrigar entre 20 e 50 mil pessoas durante o século XI, período em que atingiu seu auge. No século XII, porém, a cidade foi invadida e, n primeira metade do século seguinte, incendiada.
        Não é possível definir os motivos exatos do declínio da civilização tolteca. As principais explicações seriam a incapacidade de impedir o avanço de grupos invasores nortistas e as temporadas de seca, que teriam prejudicado a produção agrícola.

As cidades-estados maias
        Por volta do ano 800, enquanto a cidade de Teotihuacán declinava, no sul as cidades maias chegavam ao apogeu. Os maias ocupavam a Península de Yucatán, além de uma pequena faixa de terra ainda mais ao sul, correspondente ao oeste da atual Honduras.
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        As informações sobre os maias são precárias, mas os primeiros indícios de sua presença na região datam de 1000 a. c. Eles construíram e mantiveram suas cidades por quase dois mil anos, até o século X, aproximadamente, quando começaram a abandoná-las. As construções de cidades como Chichén Itzá e Palenque (México), Tikal (Guatemala) e Copán (Honduras) foram talvez as mais requintadas e variadas da América pré-colombiana.
        As guerras desempenharam um papel importante na expansão das cidades maias, como ocorreu com outros povos da América e do mundo. A imagem idealizada dos maias como um povo pacífico não corresponde aos registros encontrados, que mostram sinais de uma cultura militarista. Descobertas de crânios em sepulturas atestam que eles tinham o costume de decapitar os inimigos, talvez em um ritual de sacrifício aos deuses.
        Os maias não chegaram a formar um império. Suas cidades-Estado se comunicavam, mas conservavam autonomia administrativa e tinham suas próprias leis e organização interna. O poder em cada cidade era centralizado e transmitido hereditariamente. Nobres, funcionários do Estado e sacerdotes compunham a elite. Eles moravam nas cidades, de onde controlavam os agricultores.

A agricultura maia
        A agricultura maia era a atividade mais importante da economia maia. Os instrumentos utilizados nessa atividade eram basicamente de madeira e de pedra. Aparentemente, apenas os machados, usados na derrubada de árvores, eram feitos de cobre.
        Os maias cultivavam abacate, abóbora, cacau, mamão, feijão, batata e, principalmente, milho. Este foi, provavelmente, o principal alimento da maioria dos povos pré-colombianos colonizados pelos espanhóis.
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Localização geográfica dos maias
        O milho era tão importante que muitas celebrações e mitos foram criados em torno dele. Uma das narrativas do poema maia, por exemplo, atribui a origem dos homens a um Grande Deus, que teria utilizado grãos de milho para cria-los.
        As técnicas de cultivo dos alimentos desenvolvidas pelos maias eram simples, prevalecendo o sistema de coivara, que consistia em derrubar a mata, queimar a vegetação original e, dias depois, fazer a semeadura. Quando chegava a estação das chuvas, eles vigiavam as plantações para retirar as ervas daninhas e impedir a invasão do mato. A colheita, feita entre outubro e novembro, era celebrada com grandes festividades.
        A prática da coivara provocava o rápido esgotamento do solo. Como os campos de milho produziam em média por dois ou três anos consecutivos, os agricultores maias tinham que deslocar constantemente suas plantações em busca de novas terras para o cultivo, abandonando as que tinham ficado pouco produtivas.

O declínio da civilização maia
        Por volta do ano 900, as cidades maias começaram a entrar em declínio, até ficarem despovoadas. Uma das explicações para esse declínio é que mudanças climáticas teriam provocados longos períodos de estiagem. Outra hipótese é que a prática da coivara teria esgotado a capacidade produtiva das terras e forçado a população a emigrar para outras áreas. O motivo exato do abandono das cidades, contudo, ainda é objeto de controvérsias. O mais provável é que tenha sido causado por uma combinação de fatores.
        Quando os espanhóis chegaram à região, no início do século XVI, as cidades maias estavam em ruínas, a maior parte delas coberta pela floresta tropical. No entanto, as marcas da cultura maia persistem até os dias de hoje. Elas sobrevivem nas construções, nas línguas e nos registros de conhecimentos de astronomia. O mais forte indício do passado maia, porém, está nas etnias que ainda vivem na região, concentradas principalmente em dois países: México e Guatemala.


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