Entre
os diversos povos que habitavam o continente africano no século XIX, muitos
eram nômades ou seminômades e viviam de maneira tradicional.
Pigmeus africanos |
Vários
povos, como os bosquímanos da região sul do continente e os pigmeus das
florestas do Congo, viviam da coleta de raízes, frutas e mel. Outros, como os
mursi, que eram seminômades e habitavam a parte oriental do continente, viviam
do cultivo da terra e da criação de gado. Esses povos possuíam uma rica tradição
oral e sua religião era animista.
As mulheres costumavam ter
grande prestígio nas sociedades mursi. Segundo a tradição desse povo, algumas
delas tinham o poder de curar outras pessoas. A passagem das mulheres para a
fase adulta acontecia aos 15 anos de idade e era marcada pela introdução de um
disco de cerâmica em seus lábios, que deveria ser usado pelo resto de sua vida.
No norte da África, no
século XIX, diversos povos nômades viviam no deserto do Saara, entre eles
estavam os beduínos. De origem árabe, esses povos se dedicavam ao pastoreio de
cabras, ovelhas e camelos. O camelo, animal resistente ao clima do deserto, era
seu principal meio de transporte. O comércio era também uma importante
atividade. Com suas caravanas, os beduínos atravessaram o deserto do Saara em
busca de locais para comercializar.
Os beduínos do deserto africano |
Além de povos nômades,
existiam diversas outras sociedades no continente africano, muitas delas
organizadas em Estados que estavam se expandindo durante o século XIX.
Os governantes africanos que
controlavam o comercio externo, principalmente o fornecimento de escravos,
tinham maior acesso à pólvora e às armas de fogo europeias, o que
desequilibrava a relação de força entre os Estados africanos. A centralização
do poder dos reis africanos estava ligada ao crescente expansionismo desses
Estados.
Um exemplo desse expansionismo
ocorreu na região do Sudão central. Em 1804, o líder dos fulanis, Osmã den
Fodio, iniciou uma jihad contra os povos hauçás que habitavam a região. Em poucos
anos, a maioria das cidades hauçás caiu sob o domínio dos fulanis, que formaram
um califado com sede em Sokoto, cidade fundada em 1809.
Enquanto aconteciam as
jihads no Sudão Central, outros conflitos aconteciam no Sul do continente
africano. A origem desses conflitos estava no superpovoamento da região por
grupos de língua banto.
Com um período de seca e
fome assolando a região, muitos grupos bantos se fundiram ou foram incorporados
a grupos maiores, que centralizavam o controle político. Um desses grupos, os
ngunis, era liderado por Dingismayo, que organizou um poderoso exércio,
subjugando outros povos bantos. De uma das tribos ngunis emergiu um líder
chamado Shaka, que se destacou como guerreiro e tomou o poder na região em
1818. Shaka, então, fundou o império Zulu e passou a ser o chefe de uma
federação de povos bantos. Para formar um Estado forte, ele introduziu reformas
no exército, criando um eficiente corpo militar que foi posto a serviço da
expansão zulu.
Quando os guerreiros zulus
partiam em guerras de conquista, suas esposas e filhos ficavam no Kraal. O Kraal
era um conjunto de habitações zulus que podia comportar desde duas até quarenta
cabanas. Como a sociedade zulu era patriarcal e poligâmica, geralmente o chefe
kraal tinha várias esposas.
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