terça-feira, 11 de setembro de 2018

As cidades-estado de Esparta e Atenas


        Esparta foi fundada pelos dórios, na região da Lacônia, no século IX a. c. As atividades agrícolas realizadas em Esparta eram o cultivo de cereais, oliveiras e vinhas. Essa região, bastante montanhosa e repleta de pântano, não favorecia a navegação.
        Os espartanos se destacaram pela forte tradição militar, motivo pelo qual fizeram conhecidos em todo o mundo grego na Antiguidade. No século VIII a. c., os espartanos já haviam conquistado e subjugado os povos da região da Lacônia e da Messênia. Ao conquistarem esses territórios, dividiram-nos em lotes e distribuíram a terra entre si.
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        Os povos conquistados, denominados hilotas, não eram expulsos ou vendidos como escravos, e sim aprisionados e obrigados a realizar os trabalhos agrícolas para sustentar a população espartana. Apesar de serem obrigados a dar aos espartanos a maior parte de sua produção agrícola, os hilotas não eram considerados escravos.
        Além dos hilotas, outros povos que foram subjugados por Esparta também integraram a sociedade espartanos. Eram os chamados periecos, pessoas livres que habitavam regiões periféricas de Esparta. Eles não tinham direitos políticos e realizavam atividades ligadas principalmente ao artesanato e ao comércio.
        O militarismo era uma característica marcante de Esparta. Dos 7 aos 60 anos, todos os homens espartanos eram considerados guerreiros. Essa preocupação com a questão militar teve origem, principalmente, nas guerras de conquista.
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Treinamento militar dos espartanos.
        Durante esses conflitos, os homoioi – camada guerreira de Esparta – dominaram um grupo mais numeroso de hilotas e periecos, razão pela qual se sentiam constantemente ameaçados. Por isso, os homoioi implementaram um rigoroso sistema para a manutenção da ordem nas terras conquistadas, pois muitas vezes os hilotas se revoltavam contra os espartanos.
        A partir dos 7 anos, as crianças espartanas passavam por um rigoroso treinamento físico. Os meninos eram treinados para se tornarem excelentes guerreiros; as meninas, por sua vez, eram preparadas para serem mães de filhos fortes e saudáveis.
        O treinamento militar dos meninos incluía exercícios físicos, técnicas de sobrevivência e de combate. Deveriam respeitar as ordens, falar pouco e objetivamente. Quando ficavam jovens, muitos deles aprendiam a ler e a escrever.
        As meninas eram incentivadas a praticar atividades físicas, pois os espartanos acreditavam que as mulheres deveriam ser bem preparadas para dar à luz filhos saudáveis, que formariam o exército espartano. Além disso, a elas ficavam reservados os afazeres domésticos e o cuidado com os negócios familiares.
        Atenas foi fundada na região da Ática no século X a. c. pelos jônios, e tornou-se um importante centro de comércio marítimo. Por isso, seus habitantes mantinham um intenso contato comercial com várias cidades gregas e também com outros povos, como egípcios, fenícios e babilônios.
        Em razão desse dinamismo comercial, Atenas atraía pessoas dos mais diversos lugares, o que gerava um constante intercâmbio de ideias.
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        Inicialmente, a sociedade ateniense era governada pelos aristocratas, também conhecidos como eupátridas, que eram grandes proprietários de terras. Eles se consideravam descendentes de bravos guerreiros que haviam fundado a cidade, e acreditavam que eram os “melhores”. Além de controlarem as terras mais férteis, os aristocratas detinham o poder político e militar de Atenas.
        Grande parte da população ateniense era formada por pequenos proprietários de terras. Suas terras geralmente eram poucos férteis e eles viviam em condições difíceis. Nos anos em que as colheitas eram ruins, eles precisavam pedir empréstimos aos aristocratas, dando suas terras como garantia de pagamento.
        Os pequenos proprietários não podiam participar das decisões políticas. Além disso, quando não conseguiam pagar suas dívidas, eles eram obrigados a entregar suas terras, ou tornavam-se escravos dos aristocratas.
        Outro grupo social era formado pelos comerciantes e pelos artesãos. Como ceramistas, ferreiros e tecelões. Apesar de sua importância econômica, esse grupo também não tinha participação política na sociedade ateniense.
        Havia, ainda, uma grande parcela da população formada por escravos. Eles podia, ser prisioneiros de guerra ou pessoas que não conseguiam saldar suas dívidas. Muitos escravos trabalhavam no espaço urbano, principalmente nos serviços domésticos e nas oficinas. Os que trabalhavam no espaço rural ocupavam-se, entre outras tarefas, com a agricultura e a mineração.
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Hoplita
        Hoplita era o nome do mais importante soldado grego, aquele que possuía os melhores armamentos. Durante todo o período Arcaico, apenas os membros da aristocracia grega podiam tornar-se hoplitas. Aos poucos, o direito de ser hoplita foi estendido aos homens comuns, desde que conseguissem juntar a quantia suficiente para comprar os equipamentos de combate. Esses hoplitas combatiam a pé, lado a lado nas falanges.
        A participação dos homens comuns nas guerras gerou, aos poucos, um sentimento de igualdade entre eles. Esse sentimento contribuiu para que aumentasse a oposição popular ateniense ao domínio político dos aristocratas.
        De acordo com alguns historiadores, a revolução hoplita não foi o único fator que possibilitou o surgimento da democracia ateniense, mas teve um papel importante na conquista de direitos iguais entre os cidadãos.
        As grandes desigualdades sociais existentes em Atenas fizeram com que as camadas mais pobres da sociedade se revoltassem, exigindo mudanças. Os pequenos proprietários que participaram das guerras adquiriram maior prestígio social e passaram a reivindicar também participação nos assuntos políticos. Eles receberam apoio dos artesãos e dos comerciantes, e lutaram por uma distribuição de terras mais justa e pela abolição de suas dívidas. Os aristocratas, para tentar controlar as revoltas populares, criaram a figura do legislador, que era encarregado de registrar as leis da cidade.
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Sólon
        O principal legislador ateniense foi Sólon. Com ele, no início do século VI a. c., foram iniciadas reformas sociais e políticas, como o fim da escravidão por dívida, o aumento do número de cidadãos com direitos políticos reconhecidos e a criação de três instituições: o Conselho dos quinhentos, a Eclésia (assembleia popular) e o Tribunal de Justiça. Sólon também estabeleceu critérios censitários, ou seja, de renda, para o exercício de cargos públicos. Dessa maneira, somente os mais ricos tinham acesso aos cargos mais importantes.
        No campo econômico, Sólon incentivou o comercio e o artesanato, a padronização monetária e a adoção de um sistema único de pesos e medidas. A desigualdade na distribuição de terras, porém, não foi alterada, desagradando os camponeses.
        As reformas de Sólon, no entanto, não foram suficientes para conter a insatisfação popular. Nesse ambiente de conflitos, ganharam espaço os chamados tiranos, indivíduos que, contando com o apoio das camadas populares, assumiam o governo por meio da força.
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Clístenes
        Por volta de 510 a. c., o aristocrata Clístenes assumiu o governo de Atenas. No entanto, ao contrário dos outros aristocratas, ele contava com o apoio popular e promoveu importantes mudanças no sistema político ateniense. Clístenes implantou a primeira forma de governo em que todos os cidadãos participavam dos assuntos da cidade: a democracia.
        Durante o seu governo, foi criada também a lei do ostracismo. De acordo com essa lei, qualquer pessoa que representasse perigo à ordem democrática deveria ser expulsa da cidade, ficando exilada por dez anos. A expulsão dessas pessoas era decidida por meio de uma votação.
        Com as reformas de Clístenes todos os cidadãos atenienses puderam participar das decisões políticas, nas assembleias e nos Tribunais. Os cidadãos mais pobres, no entanto, não podiam deixar de trabalhar e, por isso, tinham dificuldade de exercer seus direitos políticos. A participação política efetiva dos cidadãos mais pobres só passou a ocorrer durante o governo de Péricles, que permaneceu à frente do Estado por mais de 30 anos. Foi ele que introduziu a mistoforia, isto é, uma remuneração pelo tempo dedicado aos assuntos públicos. Dessa forma, os cidadãos das camadas mais baixas, antes excluídos, puderam participar das decisões políticas.
        Entre 490 e 479 a. c., os gregos se envolveram em uma série de conflitos contra o império Persa, um dos maiores da Antiguidade. Comandados pelo imperador Dário, os persas invadiram e dominaram várias cidades gregas, passando a cobrar impostos dos seus habitantes.
        No entanto, em Mileto, cidade localizada na Ásia Menos, a população se recusou a pagar os impostos. Em represália, os persas invadiram novamente a cidade, destruíram suas muralhas, mataram os habitantes que ofereceram resistência e escravizaram os sobreviventes.
        Diante dessa ameaça, os habitantes de outras cidades gregas também se rebelaram. O rei Dario enviou então cerca de 50 mil soldados para combatê-los. Mesmo contra esse expressivo exército, os gregos foram vitoriosos.
        Mais tarde, sob o comando do rei Xerxes, filho e sucessor de Dario, os persas empreenderam uma nova ofensiva enviando um exército ainda mais poderoso. Os gregos decidiram resistir e se uniram para defender seus territórios. Após importantes vitórias, como na batalha naval em Salamina (480 a. c.), e no campo de Plateia (479 a. c.), os gregos afastaram a ameaça persa.

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