quinta-feira, 12 de abril de 2018

A Primeira Guerra Mundial


         O Imperialismo praticado pelas potências do século XIX gerou intensas rivalidades e disputas territoriais entre elas e foi um dos principais combustíveis da Primeira Guerra Mundial (1914 – 1919), um conflito total e mundial. Total porque o alvo não eram os militares apenas, mas também a população civil, tanto do campo quanto das cidades; mundial porque envolveu países de todos os continentes.

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Otto Von Bismarck
         Sob a liderança de Otto Von Bismarck completou-se, em 1871, o processo de unificação da Alemanha. Unificada, rica em carvão e ferro e com um governo favorável à industrialização, a Alemanha progrediu em ritmo acelerado e, nas décadas seguintes, tornou-se uma potência econômica. No plano externo, Bismarck adotou o sistema de alianças defensivas, cujo objetivo era evitar o isolamento da Alemanha em casos de guerra. Por isso o Império Alemão aliou-se ao Império Austro-Húngaro e, depois, à Itália, dando origem, assim, à Tríplice Aliança.
         A euforia militarista vivida pela Alemanha favoreceu a circulação de ideias de superioridade racial e cultural do povo alemão sobre os outros povos. Muitos alemães passaram a preferir a guerra ao acordo como um meio de conseguir mais poder e mais colônias no restante do mundo. A Alemanha de Guilherme II pressionava por uma nova divisão colonial.
         A França, por sua vez, queria uma revanche contra a Alemanha, a fim de se recuperar das perdas sofridas após a derrota na Guerra Franco-Prussiana. Por isso, Grã-Bretanha e França firmaram uma aliança em 1904, a Entente Cordiale, que três anos depois recebeu a adesão da Rússia; nascia, então, a Tríplice Entente.
         Desde a unificação da Alemanha, em 1871, até o início da guerra, em 1914, as principais potências europeias lançaram-se numa corrida armamentista desenfreada: adotaram o serviço militar obrigatório e passaram a fabricar armamentos e munições em quantidades cada vez maiores. Por tudo isso, o período de paz que antecedeu a Primeira Guerra ficou conhecido como “paz armada”.
         Em 1914, o trono do Império Austro-Húngaro era ocupado por Francisco José, que tinha 85 anos e se encontrava com a saúde abalada. Seu herdeiro, o arquiduque Francisco Ferdinando, planejava transformar o Império Austro-Húngaro (uma monarquia dual) em monarquia tríplice, o que ameaçava a independência da Servia e contrariava os anseios nacionalistas eslavos de se libertarem do domínio austro-húngaro. No dia 28 de junho de 1914, o arquiduque Francisco Ferdinando e sua esposa visitavam Sarajevo, capital da Bósnia, quando foram assassinados a tiros por militantes da organização nacionalista secreta Jovem Bósnia.

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Imagem retratando a morte de Francisco Ferdinando e de sua esposa.
         Era o que faltava para o início da guerra. O Império Austro-Húngaro acusou o governante sérvio de ser o mandante do crime e, exatamente um mês depois do atentado, declarou guerra à Sérvia, dando início à Primeira Guerra Mundial. Rapidamente, o sistema de alianças entrou em funcionamento: em sete dias as principais potências estavam em guerra.
         Considerando as estratégias e as operações na frente ocidental, a guerra pode ser dividida em duas fases:
  • ·   Guerra de movimento: Fase caracterizada por intenso movimento de tropas e que durou de agosto a novembro de 1914.
  • · Guerra de Trincheiras: Fase em que os exércitos da França e da Inglaterra, de um lado, e o da Alemanha, de outro, cavaram 640 KM de trincheiras, protegidas por cercas de arame farpado, desde o mar do Norte até a fronteira com a Suíça. Com o corpo enfiado na terra, os soldados usavam granadas de mão e metralhadoras para minar as forças adversárias. Os ganhos eram medidos em quilômetros: em 1915, os franceses tinham avançado apenas 5 Km, e isto lhes tinha custado cerca 1 milhão de vidas.

Enquanto milhões de jovens morriam nos campos de batalha, novos países engajavam-se no conflito: Itália, Romênia e Grécia entravam ao lado da Entente; Bulgária e Império Turco-Otomano, ao lado das Potências Centrais. Conforme o conflito foi se alastrando, novas armas como os gases venenosos, lança-chamas, a metralhadora, o tanque (poderosa invenção inglesa), o submarino e o avião fizeram sua estreia na Primeira Guerra Mundial.
Em 1917, ocorreram dois episódios decisivos para o desfecho da guerra: a entrada dos Estados Unidos e a saída da Rússia do conflito.
Os EUA entraram na guerra em abril de 1917, motivados por um conjunto de fatores: a decisão alemã de adotar a guerra submarina, ameaçando as exportações estadunidenses; torpedeamento, pelos alemães, do navio estadunidense Lusitânia; e a ajuda que a Alemanha ofereceu ao México em caso de guerra contra os EUA.
O Brasil, cujo maior parceiro comercial eram os Estados Unidos, também teve navios torpedeados pelos alemães e, em outubro de 1917, declarou guerra ao Império Alemão. O governo brasileiro contribuiu com o esforço de guerra enviando para as frentes de batalha: dois cruzados; cinco contratorpedeiros; um navio auxiliar, um rebocador e 86 médicos, aviadores que combateram ao lado de pilotos britânicos e franceses, e oficiais que integraram o exército francês na frente ocidental.
Enquanto isso, triunfava na Rússia a revolução socialista liderada por Vladimir Ulianov, conhecido como Lênin. Ciente dos enormes prejuízos que a guerra causara ao seu país, o governo revolucionário assinou com a diplomacia alemã um tratado de paz em separado, o Tratado de Brest-Litovsk, pelo qual a Rússia saía da guerra.
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Woodrow Wilson
Durante o último ano da Grande Guerra, o então presidente estadunidense Woodrow Wilson propôs um acordo de paz baseado em 14 pontos, entre os quais: o fim da diplomacia secreta; a liberdade de navegação marítima; a redução ao mínimo dos armamentos nacionais; e o direito de autodeterminação dos povos. Os “14 pontos” de Wilson apoiavam-se no ideal de uma “paz sem vencidos nem vencedores.
Mas não foi isso que aconteceu...
Os vencedores foram implacáveis e impuseram aos vencidos tratados ultrajantes. O mais importante foi o Tratado de Versalhes, que obrigava a Alemanha: 
·        A ceder aos vencedores todos os seus direitos sobre as colônias ultramarinas;
·        A devolver a região da Alsácia-Lorena para a França;
·        A entregar à França a propriedade absoluta, com direito total de exploração, das minas de carvão situadas na bacia do rio Sarre;
·        A ceder à recém-criada Polônia uma faixa de terra dentro da Alemanha – o “corredor polonês” – a fim de permitir-lhe o acesso ao mar Báltico.
Pelo Tratado de Versalhes, ainda, a Alemanha perdeu um sétimo de seu território e 10% de sua população; e foi proibida de ter aviação militar, canhões pesados e submarinos; entregou aos vencedores seus navios mercantes; e ainda teve de pagar a seus adversários uma indenização de guerra, cujo total beirava 33 bilhões de dólares.
Os vencedores também impuseram tratados de paz aos aliados da Alemanha com o objetivo de enfraquece-los, diminuindo, assim, seu potencial econômico, militar e estratégico.

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Mapa europeu após a Primeira Guerra Mundial.
Os EUA emergiram da Primeira Guerra Mundial como uma das maiores potências do globo. Por sugestão do presidente Woodrow Wilson foi criada, em 1919, a Liga das Nações. Com sede em Genebra, na Suíça, essa aliança devia arbitrar os conflitos internacionais e garantir a paz mundial.
No entanto, inicialmente, e por diversas razões, a Alemanha, a Rússia e mesmo os EUA não integraram a Liga das Nações, fato que contribuiu para o seu enfraquecimento. Além disso, por não contar com efetivos militares próprios, o poder de coação dessa liga era restrito, pois apoiava-se apenas em sanções econômicas e militares. Isso ajuda a explicar por que ela se mostrou impotente para impedir a invasão japonesa na Manchúria (China) em 1931 ou a anexação da Etiópia pela Itália em 1935.


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Sem Censura:

https://www.youtube.com/watch?v=JpczxLlVwFU

Um comentário:

  1. Por favor, revisar o mapa apresentado em relação a sua legenda, pois representa as fronteiras europeias antes da guerra.

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