Em 1627,
Frei Vicente do Salvador escreveu que os portugueses pareciam caranguejos, pois
ficavam apenas “arranhando as costas brasileiras”. De fato, até o final do
século XVI, a população luso-brasileira vivia no litoral. Na época, a locomoção
pelo interior era difícil. Além disso, os indígenas ofereciam dura resistência à
ocupação de suas terras.
A partir
de então, essa situação começou a mudar: a colonização avançou tanto para o
interior quanto para o litoral. Esse avanço se deveu à ação dos soldados, dos
bandeirantes, dos jesuítas e dos criadores de gado.
Frei Vicente Salvador. |
Desde
o início da colonização, piratas franceses, ingleses e holandeses atacavam o
litoral brasileiro levando daqui o pau-brasil e outras riquezas da terra;
muitas vezes esses piratas se aliavam a grupos indígenas. Na região onde hoje é
a Paraíba, por exemplo, os franceses mantinham estreita ligação com os
Potiguara.
Durante
a União Ibérica a pirataria no litoral brasileiro se intensificou, pois os
inimigos da Espanha também passaram a atacar o Brasil. Para combater a
pirataria, foram enviados ao litoral do Brasil soldados portugueses e espanhóis.
Esses soldados ergueram fortes e povoados que estão na origem de várias
capitais brasileiras.
No início
da colonização, o governo português preocupou-se em organizar ENTRADAS:
expedições oficiais que, partindo do litoral brasileiro, entravam pelo sertão à
procura de ouro e pedras preciosas. As entradas, porém, tiveram pouco sucesso.
Já as
BANDEIRAS eram expedições particulares que saíam geralmente de São Paulo com o
objetivo de capturar índios e achar ouro e pedras preciosas.
Bandeirantes e o apresamento de indígenas. |
O povoamento
que mais tarde veio a ser a vila e depois a cidade de São Paulo teve um
crescimento lento. Em 1600, enquanto Olinda, em Pernambuco, progredia graças ao
açúcar, a vila de São Paulo era um lugar pobre; tinha apenas 150 casas,
habitadas por 1500 pessoas que plantavam milho, mandioca e trigo e criavam
porcos e galinhas para sobreviver.
A solução
para a pobreza estava no sertão, pensavam os paulistas daquela época. Por isso,
decidiram organizar BANDEIRAS. Houve bandeiras com vinte ou trinta homens
apenas, e outras com mais de dois mil. Uma grande bandeira era formada por um
ou dois sertanistas experientes, alguns jovens de origem portuguesa, vários
mamelucos e centenas de índios, usados como guias, cozinheiros, guerreiros e
carregadores.
Considera-se
que houve três tipos principais de bandeirismo: caça ao índio, busca de ouro e
diamantes, e sertanismo de contrato.
Desde
o início, os paulistas prenderam e escravizaram índios. A partir de 1620,
porém, com o crescimento das plantações de trigo em São Paulo, aumentou muito a
procura por trabalhadores na região. Então, os paulistas organizaram grandes
bandeiras de caça ao índio. Para conseguir muitos índios de uma só vez,
atacavam as MISSÕES provocando grande mortandade e destruição.
Missão dos padres jesuítas. |
As principais
bandeiras de caça ao índio, chefiadas por Antônio Raposo Tavares, destruíram em
apenas dez anos (1628-1638) as missões de Guairá (Paraná), Itatim (Mato Grosso
do Sul) e Tape (Rio Grande do Sul).
Desde
cedo, os bandeirantes encontraram pequenas quantidades de ouro no leito dos
rios. No século XVII, uma crise econômica levou o rei de Portugal a escrever
aos bandeirantes para que procurassem ouro e pedras preciosas no sertão. Em
1674, Fernão Dias Pais partiu de São Paulo em direção ao sertão mineiro, onde,
alguns anos depois, pensou ter encontrado esmeraldas; mas se enganou; eram
turmalinas, pedras verdes sem nenhum valor econômico.
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