segunda-feira, 24 de julho de 2017

A era Vargas - O retorno do governo de Getúlio Vargas

            Nas eleições de outubro de 1950, Vargas foi candidato à sucessão de Dutra, concorrendo pelo PTB, em aliança com o pequeno Partido Social Progressista (PSP). O PSD lançou Cristiano Machado, mas na prática apoiou Vargas. A UDN voltou a concorrer com o brigadeiro Eduardo Gomes, que novamente contou com a simpatia dos jornais e das estações de rádio.

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Vitória de Getúlio Vargas em 1950. 
            A campanha eleitoral de Vargas, em defesa do nacionalismo e do trabalhismo, recebeu apoio dos meios de comunicação. Mesmo assim, ele foi vitorioso, com 48, 7% dos votos. O resultado não foi aceito pelos udenistas, que tentaram impedir a posse de Vargas. Para eles, era difícil aceitar que o antigo ditador voltasse à presidência por meio de eleições democráticas.
            Vargas assumiu a presidência em 31 de janeiro de 1951, com o país em crise econômica. No entanto, logo conseguiu a diminuição da inflação e índices positivos de crescimento econômico. Porém, em 1952, deparou-se com uma série de dificuldades, sobretudo a suspensão pelo governo norte-americano de financiamentos para projetos de desenvolvimento.
            Apesar das dificuldades, Vargas implementou política de incentivo à modernização, propondo a criação da Petrobrás, da Eletrobrás, do Fundo Nacional de Eletrificação, do Conselho Nacional de Pesquisa e do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico (BNDE).
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Vargas e o movimento "o petróleo é nosso"
            Naquele momento, democracia e nacionalismo eram ideias valorizadas pela maioria da sociedade brasileira. Acreditava-se que a industrialização promovida por empresas de capital nacional e a defesa das riquezas naturais (como o petróleo) possibilitariam ao país sair do atraso econômico, elevariam a renda das populações mais pobres e permitiriam a superação da dependência em relação aos países ricos.
            O nacionalismo e a democracia tornaram-se programas defendidos pelo PTB, pelo PCB e por outras agremiações de esquerda. A grande vitória dos nacionalistas viria com a criação da Petrobras, empresa estatal fundamental por Getúlio em 1953. Na campanha, que ficou conhecida como “O petróleo é nosso”, trabalhistas, comunistas, estudantes, sindicalistas e militares apoiaram em vários comícios o projeto de nacionalizar o petróleo.
            Em 1953, vários sindicatos de trabalhadores em São Paulo entraram em greve por reajustes salariais – movimento conhecido como greve dos 300 mil. Os trabalhadores viam seus salários defasados pelo aumento dos preços das mercadorias, e diversas outras greves foram deflagradas. O governo reagiu nomeando João Goulart – conhecido como Jango, político do PTB – para o Ministério do Trabalho. O novo ministro passou a dialogar e a negociar com o movimento sindical.
            Os movimentos grevistas mostravam que os trabalhadores não estavam passivos, pois lutavam por seus direitos. Comunistas e trabalhistas, até então adversários, passaram a atuar juntos na luta sindical, conquistando a diretoria de vários sindicatos.
            No início de 1954, a crise econômica se aprofundou, em especial pela campanha dos EUA contra o café brasileiro, resultando na baixa dos preços e na queda das exportações do produto. Porém, a crise mais grave era política, pois havia intensa oposição ao governo, com ataques radicais vindos tanto da UDN quanto do PCB. Os liberais udenistas e os comunistas não aceitaram o retorno de Vargas à presidência, mesmo que eleito democraticamente.
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Carlos Lacerda - líder da UDN.

            No Congresso Nacional, os parlamentares udenistas criticavam sistematicamente o governo, com denúncias e insultos. A crise política foi motivada pela proposta de João Goulart de reajustar em 100% o salário mínimo, bastante defasado em decorrência da inflação. Empresários, políticos da UDN e a alta oficialidade do Exército eram contra o aumento salarial. O presidente concedeu o reajuste, mas teve de demitir João Goulart do Ministério do Trabalho.
            O principal opositor de Vargas era o jornalista Carlos Lacerda, filiado à UDN. Sem o conhecimento do presidente, seu chefe de segurança, Gregório Fortunato, contratou capangas para matar Lacerda. O atentado ocorreu na rua Tonelero, no bairro de Copacabana (Rio de Janeiro), na noite de 5 de janeiro. No entanto, o tiro mortal atingiu o major da Aeronáutica Rubens Vaz, pertencente a um grupo de oficiais da FAB que acompanhava e protegia Lacerda.
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O atentado na rua Tonelero - Copacabana, Rio de Janeiro. 
            Lacerda acusou Getúlio de ser o responsável pelo crime. A UDN e setores das Forças Armadas iniciaram um movimento para afastar Vargas da presidência, se necessário até por meio de um golpe militar. O presidente resistiu por vários dias.
            No início do dia 24 de agosto, sozinho em seu quarto no Palácio do Catete, Vargas deu um tiro contra o próprio peito. Ao seu lado foi encontrada uma carta, chamada de carta-testamento, que explicava o motivo do suicídio, denunciava a tentativa de golpe, a exploração dos trabalhadores e a dominação estrangeira no Brasil.
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Mobilização da população no velório de Getúlio Vargas.
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Cortejo fúnebre em homenagem a Getúlio Vargas.
              Ao tomar conhecimento da tragédia, muitos concluíram que o presidente havia sido vítima de uma grande injustiça.
            No Rio de Janeiro, durante três dias consecutivos, trabalhadores percorreram as ruas e atacaram as sedes da UDN, de rádios e de jornais de oposição. Em Porto Alegre, jornais, rádios, sedes de partidos políticos da oposição, lojas e bancos norte-americanos foram destruídos. Em São Paulo, ocorreram passeatas e fábricas foram fechadas. Em vários estados do Nordeste, a população demonstrou grande tristeza em manifestações de rua. Os udenistas e os militares antigetulistas ficaram paralisados diante do suicídio de Vargas e da revolta popular. Como resultado, o plano golpista fracassou.

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Quarto onde Vargas se matou, palácio do Catete, Rio de Janeiro.
“lutei contra a espoliação do Brasil. Lutei contra a espoliação do povo. Tenho lutado de peito aberto. O ódio, as infâmias, a calúnia não abateram meu ânimo. Eu vos dei a minha vida. Agora ofereço a minha morte. Nada receio. Serenamente dou o primeiro passo a caminho da eternidade e saio da vida para entrar na história”
Getúlio Vargas – 24 de agosto de 1954.

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