"O Grupo de Atuação Especial no Combate ao Crime Organizado (Gaeco)
do Ministério Público do Rio de Janeiro (MP-RJ), com o apoio da Delegacia de
Repressão às Ações Criminosas Organizadas (Draco) e da Coordenadoria de
Recursos Especiais (Core) da Polícia Civil, desencadeou na manhã desta
terça-feira a Operação Os Intocáveis, em Rio das Pedras, na Zona Oeste do Rio,
e outras localidades da cidade, que prendeu ao menos cinco suspeitos de
envolvimento no assassinato da vereadora Marielle Franco (PSOL) e do motorista
Anderson Gomes. Os presos são integrantes da milícia mais antiga e perigosa do
estado", informam os jornalistas Chico Otávio, Vera Araújo, Arthur Leal,
Gustavo Goulart, Rafael Soares e Pedro Zuazo, em reportagem publicada no jornal O Globo. "Para a
ação, que mobiliza cerca de 140 policiais, a Justiça expediu 13 mandados de
prisão preventiva contra a organização criminosa. Os principais alvos da
operação são o major da Polícia Militar Ronald Paulo Alves Pereira, o
ex-capitão do Batalhão de Operações Especiais (Bope) Adriano Magalhães da
Nóbrega, chefe da milícia de Rio das Pedras; e o subtenente reformado da PM Maurício
Silvada Costa, o Maurição."
Segundo a reportagem, o major Ronald Paulo Alves Pereira, de 43 anos, é
investigado por integrar a cúpula do Escritório do Crime. Em outro texto, Chico Otávio e Vera Araújo dizem que os principais
suspeitos do assassinato de Marielle Franco foram homenageados pelo senador
eleito Flávio Bolsonaro (PSL-RJ). "Os dois principais alvos da Operação
Intocáveis, o ex-capitão do Bope Adriano Magalhães da Nóbrega e o major da PM
Ronald Paulo Alves Pereira, foram homenageados, em 2003 e 2004, na Assembleia
Legislativa do Rio por indicação do deputado estadual Flávio Bolsonaro. O
parlamentar sempre teve ligação estreita com policiais militares. Adriano,
que ainda não foi encontrado pela polícia, chegou a receber a medalha
Tiradentes, a mais alta honraria do Legislativo fluminense. Ronald, um dos
presos na manhã desta terça-feira, ganhou a moção honrosa quando já era
investigado como um dos autores de uma chacina de cinco jovens na antiga boate
Via Show, em 2003, na Baixada Fluminense. Os dois são suspeitos de integrar o
Escritório do Crime, um grupo de extermínio que estaria envolvido no
assassinato da vereadora Marielle Franco (PSOL)", informam os jornalistas.
Leia, abaixo, reportagem da Agência Brasil
sobre o caso:
O Ministério Público do Rio de Janeiro (MPRJ) desencadeou na manhã de
hoje (22) uma operação para prender 13 integrantes de organização criminosa que
atua em Rio das Pedras, Muzema e adjacências, todas no Rio de Janeiro.
O Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) conta
com o apoio da Coordenadoria de Segurança e Inteligência, da Draco e da
Core/Polícia Civil. Estão sendo cumpridos mandados de busca e apreensão.
Já foram presos pelo menos cinco dos integrantes da organização, entre
eles um major da Polícia Militar; o tenente reformado também da PM Maurício
Silva da Costa, o Maurição, que seria o chefe do grupo de milicianos, posto que
dividia com o ex-capitão do Batalhão de Operações Especiais (Bope) Adriano
Magalhães.
Segundo nota do MPRJ, as investigações, realizadas por meio de escutas
telefônicas e notícias de crimes, recebidas pelo canal Disque Denúncia,
“evidenciam que os denunciados estão envolvidos em atividades de grilagem,
construção, venda e locação ilegais de imóveis; receptação de carga roubada;
posse e porte ilegal de arma; e extorsão de moradores e comerciantes, mediante
cobrança de taxas referentes a ‘serviços’ prestados.
Eles são acusados, ainda, de ocultação de bens adquiridos com os
proventos das atividades ilícitas, por meio de ‘laranjas’; falsificação de
documentos; pagamento de propina a agentes públicos; agiotagem; utilização de
ligações clandestinas de água e energia; uso da força como meio de intimidação
e demonstração de poder, para manutenção do domínio territorial na região de
Jacarepaguá.
Segundo ainda o Ministério Público, foram denunciados Ronald Paulo Alves
Pereira (conhecido como major Ronald); Marcus Vinicius Reis dos Santos
(Fininho); Manoel de Brito Batista (o Cabelo); Júlio Cesar Veloso Serra; Daniel
Alves de Souza; Laerte Silva de Lima; Gerardo Alves Mascarenhas (conhecido como
Pirata); Benedito Aurélio Ferreira Carvalho (o Aurélio); Jorge Alberto Moreth
(Beto Bomba), Fabiano Cordeiro Ferreira (Mágico) e Fábio Campelo Lima.
Apuração
O MPRJ informou que “as relações estabelecidas entre os criminosos e a
natureza das funções desempenhadas por cada um deles na hierarquia da
organização, tais como segurança (ou braço armado), agente de cobrança de
taxas, lavagem de dinheiro (na figura de laranjas), agiotagem e forte atuação
no ramo ilegal imobiliário”.
A denúncia indica que o Capitão Adriano, o Major Ronald e o tenente
reformado da PM Maurício Silva da Costa são os líderes da organização. Já Jorge
Alberto Moreth (o Beto Bomba) é presidente da Associação de Moradores de Rio
das Pedras, cargo que, segundo o MP, “foi conquistado a partir de ameaças e uso
de força, sendo exatamente nesta organização social onde se consolidam as
transações de compra e venda dos imóveis construídos ilegalmente e a
manipulação de documentos necessários à concretização de operações ilícitas”.
Homicídios
As informações divulgadas pelo Ministério Público sustentam que alguns
dos integrantes do grupo também respondem pelo homicídio de Júlio de Araújo, em
24 de setembro de 2015. Araújo foi executado a queima roupa com disparos de
arma de fogo desferido em sua cabeça, no que o MP acredita ter sido um crime de
queima de arquivo.
Na denúncia, o MPRJ requer a condenação dos denunciados, incursos, com
variações conforme a atuação de cada um, em penas que vão desde acusações de
promover, constituir, financiar ou integrar, pessoalmente ou por interposta
pessoa, organização criminosa, com pena de reclusão de três a oito anos, e
multa; até acusações de assassinatos.
Fonte: https://www.brasil247.com/pt/247/sudeste/381128/Presos-milicianos-suspeitos-de-matar-Marielle-e-homenageados-por-Fl%C3%A1vio-Bolsonaro.htm
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