Publicado
em 21 janeiro, 2019 5:14 am
Reportagem
da Folha de S.Paulo informa que documentos obtidos em
cartórios mostram que o então deputado estadual e hoje senador eleito Flávio
Bolsonaro (PSL-RJ) registrou de 2014 a 2017 a aquisição de dois apartamentos em
bairros nobres do Rio de Janeiro, ao custo informado de R$ 4,2 milhões. Em
parte das transações, o valor declarado pelos compradores e vendedores é menor
do que aquele usado pela prefeitura para cobrança de impostos. O período
da aquisição dos imóveis pelo filho de Jair Bolsonaro é o mesmo em que o Coaf
(Conselho de Controle de Atividades Financeiras) teria
detectado movimentação de R$ 7 milhões nas contas de Fabrício Queiroz,
ex-assessor de Flávio, segundo reportagem do jornal O Globo publicada neste
domingo (20). O ex-motorista é investigado sob suspeita de ser o pivô de
um esquema ilegal de arrecadação de parte dos salários de servidores do
gabinete, prática conhecida como rachadinha.
De
acordo com a publicação, Flávio começou na vida pública em 2002, tendo como
único bem na época um Gol 1.0, segundo sua declaração de bens. Em outro
relatório, divulgado pelo Jornal Nacional, da TV Globo, sobre movimentações
atípicas na conta do filho do presidente, o Coaf identificou um pagamento
de R$ 1.016.839 de um título bancário da Caixa —o órgão não teria
conseguido identificar a data exata e o beneficiário. De acordo com os
documentos obtidos em cartórios, Flávio registrou em junho de 2017 a quitação
de uma dívida com a Caixa no valor aproximado de R$ 1 milhão para aquisição de
um dos apartamentos que comprou, no bairro das Laranjeiras. Segundo dados de
uma das escrituras, o débito foi pago em 29 de junho daquele ano. Segundo
informações cartoriais, Flávio comprou o imóvel na planta, por valor declarado
de R$ 1,753 milhão. Ele se desfez do bem em 2017, quando fez uma permuta,
recebendo em troca uma sala comercial na Barra da Tijuca e um apartamento em na
Urca, além de R$ 600 mil em dinheiro —sendo R$ 50 mil em cheque e R$ 550 mil
sem descrição da forma de pagamento— para completar o negócio. Na escritura,
o imóvel dado por ele tinha passado a valer R$ 2,4 milhões.
O novo
bem, na Urca, teve valor registrado de R$ 1,5 milhão –vendido depois, em maio
de 2018. Em entrevista na noite de domingo ao programa Domingo Espetacular, da
TV Record, Flávio afirmou que o pagamento do título bancário se refere à
negociação imobiliária. Ele levou papéis, mas não quis mostrá-los, afirmando
que a imprensa não é o foro adequado para esse tipo de esclarecimento. Segundo
ele, a parte recebida em dinheiro vivo explica os depósitos fracionados em sua
conta bancária. Na sexta (18), o Jornal Nacional revelou que o senador
eleito recebeu R$ 96 mil em um período de cinco dias, entre junho e julho
de 2017. Foram 48 depósitos no valor de R$ 2.000, realizados em espécie no
autoatendimento da agência bancária que fica dentro da Alerj (Assembleia
Legislativa do Rio). Segundo o senador eleito afirmou à Record, os depósitos
foram fracionados em R$ 2.000 porque esse era o limite aceito no caixa
eletrônico. No Itaú, único banco no qual o senador eleito tem conta
declarada, o limite para depósito em espécie no caixa eletrônico é de fato R$
2.000. Na Alerj, onde foram feitos os depósitos, há um autoatendimento do Itaú,
de acordo com o jornal.
Outro
apartamento adquirido pelo senador eleito entre 2014 e 2017 foi um na Barra da
Tijuca, pelo valor de R$ 2,55 milhões. Para a compra, ele também pegou uma
espécie de empréstimo, dessa vez com o Itaú, pelo valor de R$ 1,074
milhão. O apartamento fica em uma das regiões mais nobres do bairro, na
avenida Lúcio Costa, de frente para a praia, próximo do condomínio em que o pai
tem casa. No mesmo período, o senador eleito vendeu dois imóveis, um em
Copacabana e outro também na Urca, pelo valor de, somados, R$ 2 milhões. Nos
registros cartoriais também figura o nome da mulher de Flávio, Fernanda Antunes
Figueira, completa a Folha.
Fonte: https://www.diariodocentrodomundo.com.br/essencial/flavio-bolsonaro-comprou-r-42-milhoes-em-imoveis-em-3-anos/
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