Café filho |
Com
a morte de Vargas, o vice Café Filho (PSP) assumiu a presidência e organizou um
ministério com políticos udenistas. No governo destacava-se o ministro da
guerra, general Henrique Teixeira Lott, conhecido como democrata e legalista.
Para
as eleições presidenciais de outubro de 1955, o PSD lançou o político mineiro
Juscelino Kubitschek, o JK, tendo como vice João Goulart, do PDT. Em muitos
aspectos, essa aliança resgatava o legado de Vargas. Os liberais udenistas
ficaram ainda mais descontentes quando a candidatura de JK recebeu apoio do
líder comunista Luís Carlos Prestes.
A
UDN, após sofrer duas derrotas com Eduardo Campos, lançou como candidato o
general Juarez Távora, militar antigetulista, ex-integrante do movimento
tenentista. Entretanto, com receio de nova derrota, udenistas radicais
defenderam a suspensão das eleições. Carlos Lacerda propôs um golpe militar e a
instauração de uma ditadura.
Para
combater Lacerda e defender o regime democrático, o advogado Sobral Pinto
fundou a Liga de Defesa da Legalidade, unindo estudantes, trabalhadores,
sindicalistas, intelectuais, empresários, comerciantes e militares
nacionalistas. A vitória nas eleições coube a Juscelino, com 36% dos votos.
General Henrique Teixeira Lott |
Com
o objetivo de garantir a democracia e o respeito aos eleitores, o general Lott,
com o apoio dos comandantes do Exército, destituiu Carlos Luz, desarticulando o
movimento golpista. Na linha de sucessão, assumiu a presidência o senador Nereu
Ramos.
Algo
raro acontecia no Brasil: generais do Exército davam um golpe em favor da
democracia e do respeito das eleições. Com isso, o contragolpe liderado pelo
general Lott reforçou sua imagem de militar legalista e democrata.
Juscelino
Kubitschek identificou que, desde o fim da Segunda Guerra, a economia mundial
estava marcada pela expansão das chamadas empresas multinacionais – que tinham
sua sede em um país mas fabricavam produtos em vários outros, com o objetivo de
diminuir custos por meio de salários mais baixos, principalmente em países do
Terceiro Mundo. O governo buscou atrair essas empresas para investirem no
Brasil, oferecendo uma política de crédito e de benefícios fiscais generosa.
O
governo JK buscou no capital privado nacional e estrangeiro em seu projeto
desenvolvimentista. Embora afastando-se do modelo nacionalista e estatista de
Vargas, JK também defendia que países pobres, como o Brasil, precisavam de um
Estado que investisse na economia e planejasse o desenvolvimento.
Eleição de Juscelino Kubitschek de Oliveira. |
Juscelino
assumiu a presidência em 31 de janeiro de 1956 e anunciou, em seu discurso de
posse, que seu governo faria o Brasil crescer 50 anos em apenas 5. Para tanto,
foi elaborado um planejamento quinquenal nomeado Plano de Metas. Entre os
objetivos, destacavam-se o aumento significativo da produção de petróleo,
carvão, energia elétrica, aço, cimento, automóveis e caminhões, além da construção
de rodovias e ferrovias.
O
plano priorizava as indústrias de base e de consumo, sobretudo as de bens de
consumo duráveis, como eletrodomésticos e automóveis. Muitas empresas
estrangeiras se instalaram no país. Nesse período, consolidou-se a indústria
automobilística no Brasil.
O
Brasil mudou muito nos chamados “anos JK”. Entre 1956 e 1960, a taxa média de
crescimento da economia foi de 8,1%. Foram construídas hidrelétricas, como Três
Marias e Furnas. Grandes investimentos foram realizados no setor de transporte,
principalmente em rodovias como a Belém-Brasília (2.000 quilômetros), a
Acre-Brasília (1.500 quilômetros), a Belo Horizonte-Brasília (700 quilômetros)
e a Goiânia-Brasília (200 quilômetros). Foram construídas mais de 1.000
quilômetros de ferrovias. A construção naval também teve um grande impelso.
Oscar Niemeyer |
O
Brasil passou a ter uma nova capital, Brasília. Oscar Niemeyer e Lúcio Costa
planejaram uma cidade de arquitetura moderna no interior de Goiás, numa região
onde havia apenas a natureza. Essa era a grande meta de JK. Brasília assumiu a
condição de Distrito Federal. O Rio de Janeiro, deixando de ser a capital da
República, tornou-se um novo estado: a Guanabara.
O
governo JK tinha maioria no Congresso Nacional, em decorrência da aliança entre
o PSD e o PTB. Contava ainda com o apoio militar, por conta da liderança do
general Lott, e com tranquilidade na área sindical graças à atuação de Goulart.
O Brasil viveu um período marcado pela democracia e pelo desenvolvimento.
Ao
final do governo Juscelino, o Brasil havia mudado. A produção industrial
aumentou em 80%, e a renda per capita tornou-se três vezes maior. Apesar disso,
o país encontrava-se endividado e com muita concentração de renda. Os gastos
públicos para o financiamento dos projetos de desenvolvimento geraram inflação.
Era necessário, também, saldar as dívidas das contraídas no exterior.
Inauguração de Brasília - 1960 |
O
Fundo Monetário Internacional (FMI) sugeriu um programa de contenção das
despesas públicas que provocaria recessão e desemprego. Juscelino, que estava
no fim do seu mandato, preferiu romper com o FMI e transferir o problema para o
seu sucessor.
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