A Grécia antiga localizava-se em sua maior parte no
sudeste da Europa e abrangia três importantes regiões: a Grécia Continental, a
Grécia Insular e a Grécia Asiática. Por volta de 2.200 a.c., os cretenses
produziam cereais, criavam gado e também aproveitavam os recursos que o mar
oferecia. Além disso, tinham um artesanato variado e um comércio intenso com as
ilhas do Mar Egeu, com a Grécia Continental e também com o Egito.
A sociedade cretense organizava-se em torno de palácios
governados por reis que abasteciam seus celeiros com os impostos que cobravam
da população. Entre os palácios cretenses, o mais rico e conhecido era o de
Cnossos. Os cretenses tinham um sistema de escrita, a Linear A, que ainda não
foi decifrada; por meio dela soube-se, no entanto, que eles não eram gregos.
Por volta de 1450 a. c., Creta foi abalada por uma catástrofe natural,
provavelmente um terremoto, ou pela invasão de povos vindos da Europa ou da
Ásia ocidental.
Mapa referente à Grécia Antiga. |
Esses povos ocuparam, inicialmente, a Península do
Peloponeso, no sul da Grécia, onde fundaram várias cidades, entre as quais
Micenas; daí o nome dado a sua civilização. Por meio da navegação, os micênicos
entraram em contato com os cretenses, de quem assimilaram conhecimentos que,
depois, usaram para dominá-los e assumir a liderança comercial nos mares da
região. Por meio do comércio marítimo, bem como das expedições de pilhagem, os
micênicos espalharam a cultura grega pelo Mar Mediterrâneo.
O principal centro de poder e riqueza nessa sociedade
também era o palácio. Só que estes eram murados e construídos no alto de
colinas. O principal deles era o palácio de Micenas, onde foram encontradas
tabuinhas com a escrita conhecida como Linear B. ao decifrá-la, em 1953, os
estudiosos descobriram que era um ramo do grego antigo.
Em 1200 a.c., não se sabem por que, os palácios foram
destruídos e teve início um período de muita instabilidade que se estendeu até
900 a. c. As principais informações escritas sobre esse período são dois longos
poemas: a Ilíada e a Odisséia , atribuídos ao poeta Homero. Hoje, sabemos que
esses poemas vinham sendo cantados por várias gerações de poetas chamados de
aedos. A Ilíada narra a Guerra de Tróia; já a Odisséia narra as aventuras do herói Ulisses em sua
viagem de volta à ítaca, ilha situada na Grécia (Ulisses, em grego, é Odisseu).
Cavalo de Troia. |
Cada chefe comandava seu oikos (casa), que era composto
de seus familiares, seus dependentes, além de seus bens materiais, como terras
e animais. Seus membros produziam geralmente apenas para subsistência e
acreditavam ser descendentes de um mesmo ancestral, fosse ele um homem ou um
deus.
Com o passar do tempo, o chefe do oikos mais poderoso
tornou-se rei e governava os diversos grupos familiares. Sempre que o rei ia
tomar uma decisão importante, consultava uma assembleia de guerreiros saídos
desses grupos. A existência dessa assembleia formada por guerreiros com igual
poder de decisão deu origem à cidade-estado ou pólis, como a chamavam os
gregos.
A cidade-Estado grega se desenvolveu às margens do Mar
Mediterrâneo e em ambiente de grandes mudanças, como a difusão do uso do ferro;
a arquitetura em pedra; as construções monumentais; o uso da escrita alfabética
e do cavalo de guerra; a pintura e a fabricação de artigos de bronze.
Na Grécia, a partir do século XIII a. c., o uso do ferro
na fabricação de pás, enxadas e demais instrumentos agrícolas levou a um
aumento na produção de alimentos. A população passou a crescer e,
consequentemente, começaram os conflitos por terra. Como a divisão das terras
era feita com base no grau de parentesco ou no prestígio, uns ficaram com
muitas; outros, com poucas; e muitos, sem terra.
A seguir, vamos analisar as características de duas
importantes cidades-Estado gregas: Atenas e Esparta.
Representação da cidade-estado de Atenas. |
Atenas foi fundada pelos Jônios por volta do século X a.
c., numa colina, a poucos quilômetros do mar. Como a região possui bons portos
naturais, os atenienses desde cedo voltaram-se para a pesca, a navegação e o
comércio marítimo.
Inicialmente, Atenas tinha um rei, mas o poder de fato
estava nas mãos da aristocracia ateniense: os eupátridas, que em grego quer
dizer “bem-nascidos”. Somente eles podiam ocupar cargos públicos. Insatisfeitos
com essa situação, os artesãos, comerciantes e soldados passaram a exigir
participação na vida política da cidade; já os camponeses queriam o fim da
escravidão por dívidas. Para contornar a situação, em 594 a. c., o legislador
Sólon efetuou uma reforma que:
1.
Suprimiu a escravidão por dívidas entre os
cidadãos atenienses;
2.
Dividiu os cidadãos em quatro categorias, de
acordo com o grau de riqueza agrícola. Dessa forma, os “bem-nascidos” passavam
agora a ser reservados aos mais ricos.
Sólon |
O
critério de riqueza substituiu o de nascimento. No entanto, apesar da reforma
de Sólon, a terra continuou nas mãos de poucos e a participação política
manteve-se reduzida. Com isso, os conflitos sociais continuaram violentos.
A
partir de 508 a. c., o político Clístenes promoveu uma série de reformas
populares que asseguravam a soberania do povo no governo da cidade; nascia a democracia
ateniense. A palavra democracia é a junção de DEMOS (povo) e KRATOS (poder),
isto é, poder do povo. Os principais órgãos da democracia ateniense eram:
· Assembleia
do Povo (Eclésia), que votava as leis, escolhia os magistrados, decidia em que
gastar o dinheiro público. Dela fazia parte todos os cidadãos de Atenas, isto
é, todos os homens com mais de 18 anos e filhos de pais atenienses.
· Conselho
dos Quinhentos (Bulé), formado por quinhentos cidadãos escolhidos por sorteio
anualmente. Com isso, tanto os ricos quanto os pobres tinham a mesma chance de
ser eleitos. A função do Conselho era preparar os projetos para serem votados
pela Assembleia do povo. Assim, tosos os cidadãos – não importando a profissão
nem a situação financeira – podiam participar diretamente do governo; daí se
dizer que a democracia ateniense era direta e aberta a todos os cidadãos.
Não se pode esquecer, no
entanto, que a democracia ateniense não era para todos. Os escravizados, as
mulheres e os estrangeiros (chamados em Atenas de Metecos) não eram
considerados cidadãos e, portanto, não tinham o direito de participar da
política.
Esparta era muito diferente
de Atenas, a começar pela localização. Estava situada na península do
Peloponeso, entre altas montanhas, e não tinha saída para o mar. A cidade foi
fundada pelos dórios, que, depois de conquistar os povos vizinhos, os submeteram
ao seu domínio. Desde o começo de sua história, Esparta mais parecia um
acampamento militar. Na infância, os espartanos eram preparados para a vida
militar. Segundo o historiador Heródoto, o lema dos espartanos “não fugir do
campo de batalha diante de qualquer número de inimigos, mas permanecer firmes
em seus postos e neles vencer ou morrer”.
Por volta do século VIII
a.c., a sociedade espartana estava dividida em três grupos sociais.
· Os espartanos
eram donos das melhores e maiores terras e os únicos que podiam ocupar cargos
políticos e militares.
· Os
periecos eram homens livres sem direitos políticos e dedicavam-se ao
artesanato, ao comércio ou ao cultivo de uma pequena propriedade.
· Os
hilotas eram descendentes dos messênicos, povo derrotado pelos espartanos. Os hilotas
eram de propriedade do Estado e podiam ser entregues aos cidadãos espartanos
para trabalharem.
O governo
espartano era bem diferente do ateniense, e seus principais órgãos eram:
· Ápela:
assembleia da qual participavam os cidadãos (isto é, espartanos com 30 anos ou
mais). Votavam sem discutir as propostas da Gerúsia.
· Gerúsia:
conselho formado por 30 cidadãos, com mais de 60 anos, do qual faziam parte
dois reis. Os gerontes propunham leis, decidiam se a cidade devia ou não
participar de uma guerra, julgavam crimes.
· Eforato:
órgão formado por cinco membros, eleitos por um ano. Os éforos punham em
prática as decisões da Gerúsia.
A cidade-estado de Esparta (sociedade militarizada) |
Por essas
características, o governo de Esparta pode ser definido como uma Oligarquia,
palavra de origem grega que quer dizer “governo de poucos”, ou governo exercido
por uma minoria.
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