quinta-feira, 28 de fevereiro de 2019

A Revolução Industrial


         Desde a Idade Média, a maior parte dos produtos manufaturados era feita por artesãos das corporações de ofício. Nos séculos XVI e XVII, em um contexto de expansão das atividades comerciais na Europa, a produção manufatureira entrou na fase do sistema doméstico. Nesse sistema, o artesão trabalhava em casa, auxiliado pela família, produzindo a encomenda de empresários que lhe forneciam matéria-prima e combinavam a realização de determinada tarefa em troca de um pagamento.
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Corporação de ofício
         Cada artesão ficava encarregado de uma tarefa específica no processo de produção, deixando de ter o domínio integral da produção dos artigos manufaturados. A crescente dependência dos artesãos em relação ao capital dos empresários e a necessidade de produzir em larga escala levaram ao gradual agrupamento desses trabalhadores em oficinas de propriedades do empresário.
         No século XVIII, foram introduzidas importantes inovações tecnológicas na Inglaterra, como a máquina de fiar, a máquina a vapor e o tear mecânico. Essas inovações acabaram provocando grandes transformações no modo de organização do trabalho e deram origem à Revolução Industrial.
         O acúmulo de capitais foi um dos principais motivos do pioneirismo inglês no processo de industrialização. A partir do século XVI, burgueses ingleses conseguiram acumular capitais, principalmente, por meio da exploração comercial nas colônias da América e da África e, também, das relações comerciais com outros Estados europeus.
         No século XVIII, a Inglaterra se consolidou como uma grande potência militar, dispondo de uma poderosa frota naval. Nessa época, o governo inglês aprovou leis que beneficiavam a burguesia, como a diminuição das taxas de juros sobre empréstimos bancários, o que estimulou os mais variados investimentos.
         Assim, os burgueses ingleses puderam dispor de enorme capital, que foi direcionado para empreendimentos como a criação de fábricas, promovendo a industrialização em várias cidades.
         Entre os séculos XVI e XVIII, burgueses ingleses realizaram os chamados cercamento das terras comunais, transformando-as em grandes propriedades privadas. Essas propriedades passaram, então, a ser utilizadas para fins comerciais, principalmente com a formação de pastagens para a criação de carneiros. Esses animais forneciam a lã, matéria-prima essencial para as indústrias têxteis inglesas.
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         Sem ocupação no campo, milhares de famílias camponesas partiram para as cidades em busca de trabalho, e, como não havia emprego para todos, formou-se uma multidão de desempregados. Aproveitando-se da difícil situação em que se encontravam essas pessoas, os empresários burgueses passaram a contratá-las para trabalhar em suas fábricas como operários, pagando baixos salários. Sem outras opções, esses trabalhadores se sujeitavam a longas jornadas de trabalho em troca de uma pequena remuneração.
         Outro fator determinante para a arrancada industrial da Inglaterra foi a abundância, em solo britânico, de recursos minerais fundamentais para a indústria, como o ferro e o carvão. O ferro foi essencial para o desenvolvimento da indústria pesada, que produzia ferrovias, locomotivas, peças e máquinas em geral. O carvão, por sua vez, tornou-se a mais importante fonte de energia, alimentando as máquinas a vapor que impulsionaram a industrialização.
         A partir do início do século XIX, o processo de industrialização e urbanização acarretou profundas transformações na estrutura da sociedade inglesa.
         Os que mais sofreram com o processo de adaptação ao novo ritmo de vida e trabalho foram os operários urbanos. As dificuldades de adaptação dessas pessoas aumentavam em razão das precárias condições de moradia e saneamento das cidades.
         A nascente classe média urbana era formada por grupos ligados às atividades industriais, comerciais e financeiras e, também, por profissionais como advogados, médicos e professores. A classe média foi muito beneficiada pela Revolução Industrial.
         O novo modo de produção requeria total submissão à disciplina da fábrica, impondo uma rotina monótona e regular. A divisão do trabalho e a mecanização da produção aumentavam os rendimentos do capitalista, ao mesmo tempo em que desqualificavam a atuação do trabalhador, impondo a ele a repetição de atividades cada vez mais simplificadas. Os salários permaneciam baixos e o risco de desemprego era constante.
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Condições deploráveis dos operários ingleses
         As condições de vida dos operários ingleses eram bastante difíceis. Por receberem baixos salários, eles eram obrigados a habitar moradias precárias. Além disso, o custo do transporte era muito alto, o que forçava a morar em bairros precários próximos às fábricas, convivendo diariamente com a poluição.
         Mesmo tendo uma rotina extenuante de trabalho, os operários encontravam tempo para o lazer, como ir às feiras, frequentar teatros e praticar esportes.
         Nas feiras, as pessoas tocavam instrumentos musicais, cantavam, dançavam e jogavam em cartas. No século XIX, surgiram vários teatros voltados para os membros das classes trabalhadoras, que passaram a frequentá-los nos momentos de folga. Havia também a prática de esportes, como a corrida, a luta de boxe e o futebol.

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