Primeiro porque seu território não foi atingido pela guerra;
segundo porque o conflito lhe trouxe riqueza e prosperidade: vendendo armas,
alimentos e matérias-primas durante o conflito, os EUA conseguiram acumular
imensos capitais. De maior devedor antes da Primeira Guerra Mundial, passaram a
ser o maior credor mundial, ao final do conflito.
Nos anos 1920, os EUA tinham se transformado na maior
economia do mundo e progrediam a passos largos. A confiança nessa prosperidade,
a facilidade aberta pela compra à prestação e a força da propaganda levavam
estadunidenses a consumir cada vez mais.
Os meios de comunicação de massa diziam que consumir era um
ato de patriotismo; por isso, era importante que cada família tivesse o último
modelo de máquina de lavar, fogão, toca-discos, aspirador de pó e rádio
produzido nos Estados Unidos. Consumir, sempre e cada vez mais, era a essência
do estilo de vida estadunidense (American Way of life)
A concentração de renda nos EUA foi uma das causas da Crise de 1929 |
O boom econômico estadunidense nos anos 1920 foi acompanhado
por uma febre de especulação na Bolsa de Valores de Nova York. A partir de
1927, pequenos, médios e grandes investidores passaram a aplicar suas economias
ou sobras em ações que, na época, muitos acreditavam ser a melhor forma de
ganhar dinheiro sem fazer esforço. O fato é que, desde aquela data, os preços
das ações vinham disparando.
Contagiados pela febre do lucro fácil, muitos empresários
especulavam aumentando artificialmente os preços das ações de suas empresas,
estimulando com isso a corrida às bolsas de valores. Depois de uma alta
espetacular no primeiro semestre de 1929, os preços não correspondiam mais, nem
de longe, à real situação das empresas; mesmo as que se encontravam “no
vermelho” viram as cotações de suas ações subirem muito acima do esperado.
Até que, em dado momento, percebendo que o valor de suas
ações tinha subido exageradamente, milhares de investidores começaram a oferecê-las
à venda. E, como não havia compradores para elas em número suficiente, os
preços desabaram, atingindo os piores níveis na terça-feira, 29 de outubro, dia
do crash (quebra) da Bolsa de Valores de Nova York. O fato marcou o início da
maior crise da história do capitalismo, que ficou conhecida como Grande
Depressão.
Com a queda da bolsa, houve uma corrida aos bancos para a
retirada das economias, o que os levou a fecharem suas portas. Entre 1929 e
1932, verificou-se a falência de 3. 463 bancos e de 84 mil indústrias. Outras indústrias
diminuíram drasticamente sua produção. Consequentemente, milhões de
estadunidenses conheceram o desemprego e, em pouco tempo, a mendicância e a
fome. Uma particularidade da crise nos EUA foi o extraordinário aumento de
crédito ao consumidor. Quando ela se instalou, milhões de pessoas deixaram de
pagar suas prestações. O desdobramento mais terrível da Grande Depressão para
os assalariados foi o desemprego, que atingiu níveis altíssimos e sem
precedentes na história do capitalismo, em vários países do mundo.
É consenso entre a maioria dos estudiosos que a concentração
de riquezas nas mãos de poucos, a compressão dos salários, o aumento constante
do ritmo de produção industrial e agrícola e a concorrência europeia no mercado
internacional fizeram que houvesse muito mais mercadorias à venda do que
pessoas com capacidade de compra, configurando-se, assim, uma crise de
superprodução.
A Grande Depressão repercutiu mundialmente. Os EUA cortaram
os investimentos externos, suspenderam os empréstimos a outros países e
reduziram suas importações, afetando a muitos, inclusive o Brasil. Com a queda
da Bolsa de Valores de Nova York, os EUA, o nosso maior comprador de café,
praticamente paralisaram suas compras – desse e de outros produtos primários. Os
estoques aumentaram, os preços caíram drasticamente arruinando cafeicultores e
deixando milhares sem emprego.
Franklin Delano Roosevelt |
Com a promessa de livrar o país da crise, o candidato
democrata às eleições de 1932, Franklin Delano Roosevelt, venceu com folga,
obtendo mais de 7 milhões de votos sobre o segundo colocado.
Sua equipe econômica aderiu às ideias do economista britânico
John Keynes, que se opunha ao liberalismo econômico e defendia a intervenção do
Estado na economia, por meio de investimentos públicos. Keynes acreditava que
se o Estado investisse pesadamente na economia, seria possível elevar s níveis
de renda e de emprego.
No poder, Roosevelt lançou o New Deal (Novo Acordo), um
audacioso plano de intervenção e planejamento do Estado na economia, que
previa:
·
Investimento de 4 milhões de dólares em obras
públicas: de fato, o dinheiro foi aplicado na construção de usinas
hidrelétricas, hospitais, escolas, aeroportos, portos, represas;
·
Limitação da produção industrial às
necessidades reais dos consumidores: essa medida pretendia elevar os preços dos
produtos industriais, rebaixados pela crise;
·
Diminuição da jornada de trabalho, fixação de
um salário digno para os trabalhadores, seguro-desemprego e seguro-velhice para
os maiores de 65 anos.
Com esse
conjunto de medidas, houve aquecimento da economia, foram criados milhões de
novos empregos, os salários recuperaram parte do seu poder de compra e, a
partir de 1933, a renda nacional voltou a crescer.
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