quarta-feira, 3 de janeiro de 2018

A América indígena

            Sabe-se que os povos ameríndios eram numerosos. Mas, sobre o total da população na época do contato com o europeu em 1492, temos apenas uma estimativa. Entre todos os povos que viviam na América antes de Colombo, daremos atenção especial aos Astecas, Incas, Maias e Tupis.

Os astecas
                Os astecas viveram em Aztlán (daí o seu nome), no norte da América, até por volta do século XII, quando deixaram sua região de origem em busca de terras férteis. No início do século seguinte, depois de muito caminhar, chegaram ao Vale do México, à beira do lago Texcoco, e, em 1325, fundaram a cidade de Tenochtitlán.    
            Aos poucos, por meio da guerra e de alianças políticas, os astecas subjugaram diversos povos da região. Assim, a cidade de Tenochtitlán passou a ser a cabeça do que se convencionou chamar de Império Asteca.
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Representação da cidade de Tenochtitlán.    
            Os povos submetidos aos astecas tinham de cultuar o deus Huitzilopochtli – deus da guerra, das tempestades e do sol. Eram obrigados também a pagar tributos tais como: penas raras, pedras preciosas, tecidos de algodão, madeira, mantos, esteiras, colares e cacau, com o qual faziam o tão apreciado xocoatl (chocolate).
            Caso se recusassem a pagar os tributos eram castigados com expedições punitivas – que incluíam saques e raptos de pessoas para oferecer em sacrifício aos deuses. Isto explica por que os povos sob o domínio asteca se rebelavam com frequência. O povo de Cuctlaxtlan, por exemplo, chegou a aprisionar os coletores de impostos astecas em uma casa à qual atearam fogo.
            O império asteca apresentava uma sociedade complexa e estratificada. O imperador, considerado um ser semidivino, concentrava enorme poder e riqueza. Essa riqueza provinha, sobretudo, dos impostos, que se acumulavam no palácio imperial, onde eram registrados pelos escribas. Em tempo de escassez, os celeiros imperiais eram abertos para que se distribuíssem alimentos e roupas ao povo. Pelo fato de o imperador ser o comandante do exército e, ao mesmo tempo, o mais alto sacerdote, alguns historiadores afirmam que o Império Asteca era uma monarquia militar teocrática.
            Os nobres ocupavam as funções administrativas, militares e religiosas e, geralmente, levavam uma vida regrada e sem vícios. A bebida, bem como o luxo e a ostentação, eram reprovados socialmente e punidos com rigor. Os nobres com funções administrativas no governo eram isentos de impostos e seus filhos tinham direito a uma educação diferenciada. Parte dos sacerdotes saía da nobreza. Sua principal função era organizar e conduzir o culto aos deuses e interpretar suas vontades.
            Outra camada social era a dos comerciantes. Eles enriqueciam por meio de trabalho mas procuravam dissimular riqueza, pois se demonstrassem ser ricos eram perseguidos pela nobreza. Eles transmitiam sua profissão de pai para filho.
            Havia ainda os artesãos que desempenhavam atividades como a ourivesaria, a joalheria e o trabalho com plumas. Eles estavam agrupados em corporações e cada uma delas tinha um conjunto de tradições e um deus próprio. Eles trabalhavam tanto em suas casas quanto nos palácios e residências da nobreza. E, assim como os comerciantes, transmitiam seu ofício aos filhos.

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Representação gráfica da sociedade asteca.
            Já os camponeses eram o grupo mais temeroso da sociedade asteca. Ao se casarem, recebiam um lote de terras onde construíam uma casa e passavam a cultivar milho, feijão, pimenta, abóbora, tomate, entre outros. No entanto, eram obrigados a pagar pesados impostos, prestar serviço militar e trabalhar gratuitamente na conservação de estradas e canais e na construção de diques e monumentos. Na base das pirâmide social estavam os escravos, que eram geralmente prisioneiros de guerra.

Os maias
                Os maias estão entre as civilizações mais antigas da América. Seus ancestrais viviam nas montanhas da atual Guatemala desde 2.500 a. c.
            Habitando um meio inóspito, esses povos se deslocavam pela selva em busca de alimentos (caça, pesca e colheita). Posteriormente, domesticaram plantas como o milho, a pimenta e o feijão, e se estabeleceram na Península de Yucatán.

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Localização geográfica da Península de Yucatán.
            Assim como os antigos gregos, os maias viviam em cidades-estados, ou seja, cidades com governo, leis e costumes próprios. Em caso de guerra contra um inimigo comum, as cidades maias se organizavam em confederações, mas nunca chegaram a constituir um império, a exemplo das astecas e das incas.
            As grandes e sofisticadas construções maias e o deslocamento de enormes blocos de pedra revelam seus conhecimentos de engenharia e cálculo. As pirâmides serviam de esteio para os templos religiosos aos quais se chegava por meio de uma escadaria íngreme. Algumas pirâmides, como a de Tikal, tinham mais de 60 m de altura. Muitas cidades maias surgiram em torno dos centros cerimoniais.
            A sociedade maia era hierarquizada. Os grupos sociais mais favorecidos (governantes, sacerdotes e comerciantes) viviam em palácios e templos situados em torno dos centros cerimoniais e eram sustentados pelas famílias de agricultores e artesãos espalhadas pelas aldeias existentes na floresta. Esses habitantes das florestas só se dirigiam aos centros cerimoniais para a prática da religião, do comércio, ou em dias de festa.
            A agricultura tinha grande importância na vida dos maias. A maioria da população trabalhava no cultivo de feijão, abóbora, algodão, cacau, abacate e milho. Este último era a vase de sua alimentação.
            Por volta do século IX, os maias abandonaram suas cidades subitamente. Para alguns, as razões do abandono foram os flagelos naturais, como epidemias, secas prolongadas, inundações, terremotos, furacões, etc. para outros, a causa do abandono das cidades maias foram tragédias provocadas pelo próprio ser humano, tais como invasões violentas, pressão de grupos periféricos, insurreições populares.
            Os conhecimentos e práticas dos maias foram incorporados pelos astecas e outros povos do Vale do México, que conquistaram as cidades mais por volta de 1400.

Os incas
                Acredita-se que, enquanto caminhavam à procura de terras férteis, os incas chegaram ao interior da Cordilheira dos Andes por volta do século XIII. Naquelas cidades altas, começaram suas vidas como camponeses e pastores e ergueram a cidade de Cuzco. Aos poucos, no entanto, ampliaram seus domínios aliando-se aos povos da região ou submetendo-os. Em 1438, fundaram um império, que teve Pachakuti como primeiro imperador. No processo de formação de seu império, os incas assimilaram elementos de outras culturas, inclusive o quéchua, a língua que mais tarde espalhariam pelo Andes.

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Ruínas da cidade-estado de Cuzco.
            O império inca expandiu-se consideravelmente graças às sucessivas conquistas. Ele era dividido em várias regiões administrativas, cujos governadores deviam prestar contas de seus atos ao imperador. A interligação entre as regiões do império era feita por uma eficiente rede de estradas construídas nas encostas das montanhas. Jovens eram treinados desde a infância para correr por elas, levando e trazendo informações e produtos por longas distâncias. As principais estradas incas ligavam o interior a Cuzco, uma cidade planejada que servia como capital do império incaico.
            Antes de começar uma construção, os incas produziam uma maquete de argila e pedra que os ajudava a formar uma ideia da obra depois de pronta. Na construção, usavam grandes blocos de pedra, que eram cortados e encaixados uns nos outros sem a necessidade de uma substância colante.
            Restam, ainda hoje, construções incas intactas e um número grande de vestígios delas em cidades como Cuzco, Lima e Quito. Em Machu Picchu existem edificações em que se pode ver o modo de organização dos bairros de uma cidade inca.
            Habitando regiões montanhosas, os incas adotavam a irrigação sistemática e construíam terraços na forma de uma imensa escada para a prática da agricultura. Nos degraus mais altos, cultivavam espécies vegetais resistentes ao frio, como a batata; nos do meio, milho, abóbora e feijão; nos mais baixos, semeavam as árvores frutíferas. Com isso, conseguiam colheitas variadas e fartas o ano inteiro. Os incas se dedicavam também ao pastoreio: criavam a lhama, animal de carga com grande resistência, além da alpaca e do guanaco, dos quais obtinham a lã e o leite.
            No topo da sociedade incaica estava o imperador, intitulado Inca, o “filho do Sol”, reverenciado e respeitado por todos. Abaixo dele, a nobreza, da qual saíam os governantes, os sacerdotes e os chefes militares.

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Representação gráfica da sociedade inca.
            Entre os grupos intermediários estavam os médicos, os contabilistas, os projetistas, os guerreiros, os artesãos. Esses grupos profissionais – além do imperador e dos nobres – viviam em cidades e eram ajudados pelo governo. Já os camponeses, que constituíam a maioria da população, moravam em aldeias rodeadas por campos de cultivo e de pastoreio e viviam oprimidos por diferentes tributos. No império Inca, a religião – que tinha como principal cerimônia o culto ao deus Sol – e a língua oficial, o quíchua, eram obrigatórias.

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