No
século XVIII, foram introduzidas importantes inovações tecnológicas na
Inglaterra, como a máquina de fiar, a máquina a vapor e o tear mecânico. Essas inovações
acabaram provocando grandes transformações no modo de organização do trabalho e
deram origem à Revolução Industrial.
O
acúmulo de capitais foi um dos principais motivos do pioneirismo inglês no
processo de industrialização. Durante os séculos XVI e XVII, burgueses ingleses
conseguiram acumular capitais, principalmente, por meio da exploração comercial
nas colônias da América e da África e, também, das relações comerciais com
outros Estados europeus.
No
século XVIII, a Inglaterra se consolidou como uma grande potência militar,
dispondo de uma poderosa frota naval. Nessa época, o governo inglês aprovou
leis que beneficiavam a burguesia, como a diminuição das taxas de juros sobre
empréstimos bancários, o que estimulou os mais variados investimentos.
Assim,
os burgueses ingleses puderam dispor de enorme capital, que foi direcionado
para empreendimentos como a criação de fábricas, promovendo a industrialização
em várias cidades inglesas.
Ilustração do processo conhecido como cercamento dos campos. |
Entre
os séculos XVI e XVIII, burgueses ingleses realizaram os chamados cercamentos
das terras comunais, transformando-as em grandes propriedades privadas. Essas propriedades
passaram, então, a ser utilizadas para fins comerciais, principalmente com a
formação de pastagens para a criação de ovelhas. Esses animais forneciam a lã,
matéria-prima essencial para as indústrias têxteis inglesas.
Sem
ocupação no campo, milhares de famílias camponesas partiram para as cidades em busca
de trabalho, e, como não havia emprego para todos, formou-se uma multidão de
desempregados. Aproveitando-se da difícil situação e que se encontravam essas
pessoas, os empresários burgueses passaram a contratá-las para trabalhar em
suas fábricas como operários, pagando baixos salários. Sem outras opções, esses
trabalhadores se sujeitavam a longas jornadas de trabalho em troca de uma
pequena remuneração.
Exploração do trabalho infantil durante a Revolução Industrial. |
Outro
fator determinante para a arrancada industrial da Inglaterra foi a abundância,
em solo britânico, em solo britânico, de recursos minerais fundamentais para a
indústria, como o ferro e o carvão. O ferro foi essencial para o
desenvolvimento da indústria pesada, que produzia ferrovias, locomotivas, peças
e máquinas em geral. O carvão, por sua vez, tornou-se a mais importante fonte
de energia, alimentando as máquinas a vapor que impulsionaram a
industrialização.
A
partir do início do século XIX, o processo de industrialização e urbanização
acarretou profundas transformações na estrutura da sociedade inglesa.
Os
que mais sofreram com o processo de adaptação ao novo ritmo de vida e trabalho
foram os operários urbanos. As dificuldades de adaptação dessas pessoas
aumentavam em razão das precárias condições de moradia e saneamento das
cidades.
A
nascente classe média urbana era formada por grupos ligados às atividades
industriais, comerciais e financeiras e, também, por profissionais como
advogados, médicos, professores. A classe média foi muito beneficiada pela
Revolução Industrial.
Com
a Revolução Industrial, as relações de trabalho também sofreram profundas
transformações. O modo de produção requeria total submissão à disciplina da
fábrica, impondo uma rotina monótona e regular. A divisão do trabalho e a
mecanização da produção aumentavam os rendimentos do capitalista, ao mesmo
tempo em que desqualificavam o trabalho do produtor direto, impondo ao
trabalhador a repetição de movimentos cada vez mais simplificados. Os salários
permaneciam baixos e o risco de desemprego era constante.
As
condições de vida dos operários ingleses eram bastante difíceis. Por receberem
baixos salários, eles eram obrigados a habitar moradias precárias. Além disso,
o custo do transporte era muito alto, o que os forçava a morar em bairros
próximos às fábricas, convivendo diariamente com a poluição.
Inconformados
com as injustiças a que estavam submetidos, muitos operários manifestaram seu
descontentamento por meio de greves e motins. No início do século XIX, por
exemplo, aconteceu o movimento ludista, que era formado por grupos de operários
que invadiam oficinas têxteis e quebravam todo o maquinário como forma de
protesto.
Representação do movimento Ludista. |
Outras
vezes a revolta era provocada pela fome: por ter condições financeiras para
comprar os alimentos, os operários organizavam motins e saqueavam mercearias e
armazéns.
Como
forma de resistir à exploração capitalista, os operários fabris se organizaram
e formaram associações de trabalhadores. Essas associações, conhecidas como
Trade Unions, eram formadas por diferentes profissionais, como sapateiros,
pedreiros, mecânicos, livreiros, etc. As Trade Unions procuravam organizar as
reivindicações de grupos de profissionais especializados e, para isso, esses
profissionais contribuíram com uma pequena quantia mensal. Essas associações foram
se fortalecendo ao longo do tempo e deram origem aos sindicatos de
trabalhadores.
Organizados
em associações, os operários passaram a reivindicar melhores condições de
trabalho. A partir da década de 1830, eles conquistaram seus primeiros direitos
trabalhistas. Nessa década, os operários conseguiram a aprovação de leis que regulamentavam
o trabalho de crianças e jovens. Essas leis estipulavam, por exemplo, que
crianças de 9 a 13 anos de idade trabalhariam no máximo 6 horas diárias. Na década
seguinte, outra lei estabelecia a redução da jornada de trabalho das mulheres
e, por volta de 1850, os homens também conseguiram reduzir sua jornada.
Ilustração do movimento cartista. |
A
carta ao povo foi um manifesto enviado ao Parlamento inglês, no ano de 1838, em
nome do proletariado da Inglaterra. Nesse manifesto, os cartistas, ou seja, os
operários ligados ao movimento, reivindicavam o direito de voto de todos os
homens maiores de 21 anos, eleições anuais para o Parlamento, pagamento dos
salários dos parlamentares, voto secreto, fim do critério censitário para se
candidatar ao Parlamento e igualdade entre os distritos eleitorais.
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