Realizada pouco antes do fim da Segunda Guerra Mundial, a
Conferência de Yalta serviu para que os Aliados não apenas coordenassem a fase
derradeira da luta contra o Nazismo, mas também decidissem a organização do
mundo no pós-guerra. Nessa conferência, EUA e URSS definiram os padrões da nova
ordem mundial, cabendo à Grâ Bretanha uma posição coadjuvante.
Proclamações em favor da paz e do entendimento, contudo,
como as que acompanharam a fundação da ONU, em 1945, mostraram-se incapazes de
superar as divergências ideológicas entre norte-americanos e soviéticos. Formaram-se,
desse modo, duas grandes áreas de influência em escala planetária: a
capitalista e a socialista, sob a hegemonia, respectivamente, dos EUA e da
URSS.
Durante quase toda a segunda metade do século XX, as duas
superpotências disputaram áreas de influência no mundo com o objetivo de
conquistar a supremacia política, econômica, militar e cultural. Esse período
de tensão ficou conhecido como Guerra Fria.
Em 1947, o então presidente dos EUA, Harry Truman,
solicitou ao Congresso norte-americano apoio aos povos que quisessem resistir à
ofensiva ideológica do bloco soviético. A chamada Doutrina Truman serviu de
orientação para mapear a política externa dos Estados Unidos ao estabelecer que
o comunismo deveria ser combatido a qualquer custo, até mesmo por meio de uma
intervenção militar norte-americana nos países “ameaçados por Moscou”.
Harry Truman |
Ainda em 1947, os EUA lançaram um arrojado programa
econômico de investimentos e de recuperação dos países europeus destruídos pela
guerra visando principalmente combater a influência do socialismo na Europa
Ocidental. Proposto pelo secretário de Estado norte-americano, George Marshall,
o programa ficou conhecido como Plano Marshall.
Para isso, o plano concedeu aos países beneficiados
empréstimos e auxílios diversos a juros irrisórios, contribuindo efetivamente
para a reconstrução europeia e para criar uma enorme simpatia da população
europeia pelos Estados Unidos, neutralizando em certa medida a ameaça
soviética. Em 1949, como resposta, os soviéticos lançaram seu próprio programa
de ajuda econômica para o Leste Europeu. Denominado Conselho para Assistência
Econômica Mútua, o plano ficou conhecido como COMECON.
Em 1949, diante do crescimento da tensão nas relações
entre os mundos capitalista e socialista, foi fundada, por iniciativa dos
Estados Unidos, a Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN). Tratava-se
de uma aliança político-militar composta originalmente por EUA, França, Itália,
Portugal. Posteriormente, a Alemanha Ocidental, a Grécia e a Turquia também
ingressaram na aliança.
A militarização também tomou conta dos serviços de
inteligência desses países, colocados em maior ou menor grau sob a hegemonia da
Agência Central de Inteligência (CIA) e de outros órgãos de informações dos
EUA. A resposta soviética viria em 1955, com a formação do Pacto de Varsóvia,
aliança militar que reunia os países do Leste Europeu, como a Polônia,
Tchecoslováquia, Hungria e, posteriormente, a Alemanha Oriental. O serviço de
inteligência da URSS ficou sob a responsabilidade do Comitê de Segurança do
Estado (KGB).
A corrida armamentista entre as duas potências mundiais
fez com que as industriais bélicas aumentassem seus lucros e absorvessem um
número grande de trabalhadores.
A divisão da Alemanha em quatro zonas administrativas,
estabelecidas na Conferência de Potsdam, ao final da Segunda Guerra, não durou
muito tempo. Em 1949, as zonas controladas pelos países ocidentais fundiram-se
formando a República Federal da Alemanha (RFA), também conhecida como Alemanha
Ocidental. Na zona controlada pela URSS, formou-se a República Democrática
Alemã (RDA), também chamada Alemanha Oriental.
Os dois Estados tiveram uma evolução bem diferente. Com a
interferência dos Estados Unidos, os alemães ocidentais realizaram uma reforma
econômica que apresentou resultados positivos a partir da década de 1950. Foi implantado
um modelo de economia de mercado que teve um de seus pontos altos a criação do
novo marco alemão. A proposta econômica era essencialmente capitalista, porem o
Estado assumia a tarefa de garantir educação e serviços médicos e previdenciários
para a população, criando condições sociais mais favoráveis à reconstrução do
país. Era o Estado de bem-estar social.
Da mesma forma como a Alemanha, ao final da Segunda
Guerra, a cidade de Berlim foi dividida em quatro zonas de administração. Em 1949,
a cidade, situada em território da Alemanha Oriental, foi dividida em dois
lados: Oriental, sob controle da RDA, e Ocidental, administrado pelas potencias
capitalistas. No ano de 1961, a separação ganhou um símbolo de enorme impacto:
a construção de um muro que separava, fisicamente, as duas cidades.
Muro de Berlim |
Erguido por iniciativa do governo da Alemanha Oriental, o
muro dividiu as duas cidades de Berlim em zonas distintas, cortando bairros e
até cemitérios. A obra foi realizada para impedir a fuga dos habitantes de
Berlim Oriental para o lado capitalista. O Muro de Berlim tornou-se um triste símbolo
da Guerra Fria. Milhares de famílias foram separadas e pelo menos 136 pessoas
foram mortas ao tentarem fugir para Berlim Ocidental.
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