quinta-feira, 12 de outubro de 2017

A Guerra do Paraguai

         O Paraguai tornou-se independente em 1811, com o desmantelamento do Vice-Reino do Rio da Prata. Mas as elites argentinas, que pretendiam manter a região sob seu controle, não reconheceram a soberania do país e bloquearam a navegação das embarcações paraguaias pela Bacia do Prata, prejudicando o comércio exterior do novo país.
         Em 1813, José Gaspar de Francia assumiu o governo e conduziu o Paraguai com mão de ferro durante décadas. Francia tinha o projeto de superar o isolamento comercial por meio do desenvolvimento autônomo do país. Entre outras medidas, aboliu o trabalho escravo e a servidão, distribuiu terras aos camponeses e combateu o analfabetismo, tornando o ensino primário obrigatório.
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Localização do Rio da Prata.
         Após a morte de Francia, o governo passou a Carlos Antônio Lópes, que deu continuidade ao projeto de desenvolvimento autônomo. As indústrias foram incrementadas por meio de investimentos públicos, configurando uma economia e uma organização político-social baseadas na estatização e na pequena propriedade.
         Em 1862, Francisco Solano López sucedeu ao pai no governo paraguaio, disposto a prosseguir com o envolvimento do país na política platina. No entanto, o envolvimento do Paraguai, da Argentina e do Brasil nas questões internas do Uruguai, onde Blancos e Colorados disputavam o poder, mudariam os rumos dos paraguaios.

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Solano López
         Francisco Solano López apoiava os blancos, com quem mantinha boas relações diplomáticas, garantindo a livre circulação dos navios paraguaios na Bacia do Prata. A Argentina, governada desde 1861 por Bartolomeu Mitre, por sua vez, apoiava os colorados, assim como o governo brasileiro. A política dos blancos não favorecia os interesses do Brasil, pois dificultava os negócios no país. O governo blanco também era omisso em relação às incursões de uruguaios ao território brasileiro e aos saques de gado que lesavam os estancieiros do Rio Grande do Sul.
         Em 1864, a esquadra imperial do Brasil bloqueou Montevidéu, numa ação que colocou os colorados no poder. Em represália, López rompeu relações com o Brasil, aprisionou o navio Marquês de Olinda, que navegava o Rio Paraguai em direção à Cuiabá, proibiu a navegação brasileira em águas paraguaias e invadiu a província de Mato Grosso. Era o início da Guerra do Paraguai.
         Em 1865, os paraguaios invadiram a província argentina de Corrientes, de onde pretendiam alcançar o Rio Grande do Sul e o Uruguai. No entanto, em maio de 1865, Brasil, Argentina e Uruguai assinaram o Tratado da Tríplice Aliança. Essa derrota diplomática deixou López isolado e abalou sua política militar.
         As tropas paraguaias invadiram o Rio Grande do Sul, em junho de 1865, alcançaram algumas vitórias iniciais, mas ficaram totalmente isoladas depois que a frota brasileira destruiu quase todos os navios paraguaios na Batalha do Riachuelo (11 de junho). Os paraguaios perderam o controle do Rio Paraná, sua única via de acesso ao exterior. Sem abastecimento, as tropas paraguaias, em território gaúcho renderam-se em setembro de 1865. Desse momento até o final da guerra, os paraguaios estiveram na defensiva. Finalmente, no dia1º de março de 1870, López foi derrotado e assassinado no combate de Cerro Corá.

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Ilustração da Batalha do Riachuelo.
         Ao terminar a guerra, o Paraguai se encontrava arrasado. Perdera todo o seu Exército, o mais preparado da América do Sul, parte de seu território e quase metade da população. Segundo o historiador Boris Fausto, estima-se que o número de habitantes no país tenha caído de 406 mil, em 1864, para 231 mil, em 1872. A maioria dos sobreviventes era constituída de idosos, mulheres e crianças.

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         A Guerra do Paraguai tem siso objeto de várias interpretações por parte da historiografia, desde a visão mais tradicional, de glorificação do Exército brasileiro, até a que se disseminou nos partidos e intelectuais de esquerda, para os quais a guerra se resumiu a uma manobra do imperialismo britânico para sufocar o desenvolvimento da autonomia paraguaia.

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