O Paraguai tornou-se independente em 1811, com o
desmantelamento do Vice-Reino do Rio da Prata. Mas as elites argentinas, que
pretendiam manter a região sob seu controle, não reconheceram a soberania do
país e bloquearam a navegação das embarcações paraguaias pela Bacia do Prata,
prejudicando o comércio exterior do novo país.
Em 1813, José Gaspar de Francia assumiu o governo e conduziu
o Paraguai com mão de ferro durante décadas. Francia tinha o projeto de superar
o isolamento comercial por meio do desenvolvimento autônomo do país. Entre outras
medidas, aboliu o trabalho escravo e a servidão, distribuiu terras aos
camponeses e combateu o analfabetismo, tornando o ensino primário obrigatório.
Localização do Rio da Prata. |
Após a morte de Francia, o governo passou a Carlos Antônio
Lópes, que deu continuidade ao projeto de desenvolvimento autônomo. As indústrias
foram incrementadas por meio de investimentos públicos, configurando uma
economia e uma organização político-social baseadas na estatização e na pequena
propriedade.
Em 1862, Francisco Solano López sucedeu ao pai no governo
paraguaio, disposto a prosseguir com o envolvimento do país na política
platina. No entanto, o envolvimento do Paraguai, da Argentina e do Brasil nas
questões internas do Uruguai, onde Blancos e Colorados disputavam o poder,
mudariam os rumos dos paraguaios.
Solano López |
Francisco Solano López apoiava os blancos, com quem mantinha
boas relações diplomáticas, garantindo a livre circulação dos navios paraguaios
na Bacia do Prata. A Argentina, governada desde 1861 por Bartolomeu Mitre, por
sua vez, apoiava os colorados, assim como o governo brasileiro. A política dos
blancos não favorecia os interesses do Brasil, pois dificultava os negócios no
país. O governo blanco também era omisso em relação às incursões de uruguaios
ao território brasileiro e aos saques de gado que lesavam os estancieiros do
Rio Grande do Sul.
Em 1864, a esquadra imperial do Brasil bloqueou Montevidéu,
numa ação que colocou os colorados no poder. Em represália, López rompeu
relações com o Brasil, aprisionou o navio Marquês de Olinda, que navegava o Rio
Paraguai em direção à Cuiabá, proibiu a navegação brasileira em águas
paraguaias e invadiu a província de Mato Grosso. Era o início da Guerra do
Paraguai.
Em 1865, os paraguaios invadiram a província argentina de
Corrientes, de onde pretendiam alcançar o Rio Grande do Sul e o Uruguai. No entanto,
em maio de 1865, Brasil, Argentina e Uruguai assinaram o Tratado da Tríplice
Aliança. Essa derrota diplomática deixou López isolado e abalou sua política
militar.
As tropas paraguaias invadiram o Rio Grande do Sul, em junho
de 1865, alcançaram algumas vitórias iniciais, mas ficaram totalmente isoladas
depois que a frota brasileira destruiu quase todos os navios paraguaios na
Batalha do Riachuelo (11 de junho). Os paraguaios perderam o controle do Rio
Paraná, sua única via de acesso ao exterior. Sem abastecimento, as tropas
paraguaias, em território gaúcho renderam-se em setembro de 1865. Desse momento
até o final da guerra, os paraguaios estiveram na defensiva. Finalmente, no
dia1º de março de 1870, López foi derrotado e assassinado no combate de Cerro
Corá.
Ilustração da Batalha do Riachuelo. |
Ao terminar a guerra, o Paraguai se encontrava arrasado. Perdera
todo o seu Exército, o mais preparado da América do Sul, parte de seu
território e quase metade da população. Segundo o historiador Boris Fausto,
estima-se que o número de habitantes no país tenha caído de 406 mil, em 1864,
para 231 mil, em 1872. A maioria dos sobreviventes era constituída de idosos,
mulheres e crianças.
A Guerra do Paraguai tem siso objeto de várias
interpretações por parte da historiografia, desde a visão mais tradicional, de
glorificação do Exército brasileiro, até a que se disseminou nos partidos e
intelectuais de esquerda, para os quais a guerra se resumiu a uma manobra do
imperialismo britânico para sufocar o desenvolvimento da autonomia paraguaia.
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