Um dos
episódios marcantes na história do Brasil começou em Minas Gerais, numa das
revoltas mais emblemáticas de todos os tempos. No contexto histórico em
questão, o Brasil era apenas uma colônia, explorada intensamente pelos
portugueses. Deve-se destacar que todas as riquezas encontradas em solo
brasileiro eram enviadas à metrópole lusa.
No entanto,
a partir de 1760, as jazidas de ouro mineiras começaram a se esgotar. Mesmo assim,
o governo português continuou cobrando pesados impostos. Com isso, essa
política opressiva empobrecia os habitantes da Colônia e aumentava o medo e a
insegurança em Minas Gerais. Já em 1788, o governador enviado por Portugal
anunciou que haveria uma derrama, ou seja, a cobrança forçada dos impostos. A capitania
de Minas Gerais devia mais de cinco toneladas de ouro. Contudo, as autoridades
metropolitanas afirmavam que o problema era que o ouro estava sendo roubado.
Reagindo
a essa situação opressiva, um grupo de homens começou a se reunir em Vila Rica
(atual Ouro Preto) para planejar uma rebelião contra o governo português. Eram em
sua maioria homens ricos, alguns deles endividados, que temiam perder tudo no
dia em que a derrama fosse aplicada. Entre eles estava também um homem que
tinha sido dentista prático e tornara-se militar: o alferes Joaquim José da
Silva Xavier, conhecido por todos como Tiradentes.
Os conjurados
defendiam a independência de Minas Gerais; a proclamação da República com
capital em São João del Rei; a criação em Vila Rica de uma universidade e uma
Casa da Moeda para controlar a emissão de dinheiro.
Entretanto,
a rebelião foi denunciada. O coronel Joaquim Silvério dos Reis, contou o plano
dos conjurados ao governador Visconde de Barbacena em troca do perdão de suas
dívidas. De sua parte, o governador suspendeu a derrama. Essa atitude do
governador diminuiu o entusiasmo e enfraqueceu o movimento. A seguir o
governador organizou a perseguição aos envolvidos. Tiradentes e os demais
conjurados foram presos.
Ilustração acerca da morte de Tiradentes |
O
julgamento durou três anos, onde ficou estabelecido que somente Tiradentes
seria condenado à morte e os demais inconfidentes seriam condenados ao degredo
na África. Com isso, Tiradentes foi enforcado e esquartejado, e as partes do
seu corpo foram esparramadas pelo caminho que ligava o Rio de Janeiro a Minas
Gerais, ficando sua cabeça em Vila Rica.
Esse
foi o primeiro episódio que marcou o enfraquecimento do controle exercido por Portugal
ao Brasil. O regime colonial estava sendo quebrado vagarosamente,
sistematizando um conjunto de medidas que apontavam para a independência dos
brasileiros.
Viagem da Família Real para o Brasil |
Outro momento
fundamental foi a transferência da Família Real para o Brasil. Para compreender
tal momento é necessário analisar o contexto europeu. Na França, Napoleão
Bonaparte conquistava o poder e, anos depois, decretava o Bloqueio Continental,
proibindo os países de comercializarem com a Inglaterra. O príncipe português
D. João desobedeceu a essa proibição e, por isso, Portugal foi invadido pelas
tropas de Napoleão. Com isso, diante da invasão francesa, D. João se mudou para
o Brasil protegido pela marinha inglesa e acompanhado de 10 a 15 mil pessoas.
Com a
mudança da Corte para o Brasil, o Rio de Janeiro substituiu Lisboa como cabeça
do Império Português. As relações sociais estabelecidas com a elite do
Centro-Sul levou ao enraizamento da Corte portuguesa e ao seu desejo de
permanecer no Brasil, fenômeno conhecido como interiorização da metrópole.
Depois
de sua chegada, D. João ordenou a abertura dos portos brasileiros ao comércio
com as nações amigas. A intenção da Corte era continuar se abastecendo de
mercadorias importadas, uma vez que Portugal estava ocupado pelas tropas
napoleônicas. Deve-se enfatizar que a abertura dos portos significou o fim do
exclusivo comercial metropolitano (Pacto Colonial) e a liberdade de
comercializar com outros países. Para a Inglaterra, a abertura foi vantajosa,
pois agora poderia vender suas mercadorias diretamente para o Brasil.
Logo que
se instalou no Brasil, D, João autorizou a criação de indústrias no Brasil. Essa
autorização não teve resultado o resultado esperado, devido à falta de capital
e à dificuldade de concorrer, em preço e qualidade, com produtos estrangeiros,
sobretudo ingleses. Ainda mais depois que D. João assinou com a Inglaterra o
Tratado de Comércio e Navegação (1810), extremamente favorável aos interesses
ingleses.
Com a
vinda de D. João, a cidade do Rio de Janeiro recebeu uma série de melhorias:
sua área foi ampliada, abriram-se vias públicas para facilitar a circulação de
pessoas e mercadorias e as casas ganharam janelas envidraçadas que permitiam a
entrada de luz; por influência inglesa, os mais ricos fizeram jardins ao redor
de suas casas e passaram a comer com garfo e faca. Além disso, o governo de D.
João foi responsável por importantes realizações, entre elas cabe citar:
·
- A imprensa régia;
- O Banco do Brasil;
- O Jardim Botânico;
- A academia militar;
- O Real Teatro de São João;
- A escola das ciências;
- O museu militar;
Enraizado no Rio de janeiro, e interessado em permanecer, em 1815, D. João elevou o Brasil a Reino Unido a Portugal e Algarves. No ano seguinte, com a morte da mãe, dona Maria I, tornou-se rei, com o título de D. João VI.
Museu militar - 1808 |
Academia Militar - 1808 |
O primeiro Banco do Brasil instalado com a vinda da Família Real |
Jardim Botânico - 1808 |
Real Teatro São João - 1808 |
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